Endodontia tecnológica

Endodontia tecnológica

Projeto de ensino apresenta inovações tecnológicas e busca reduzir hiato entre academia e prática profissional, além de despertar o interesse pela área.

Há três anos na UEL, o professor Douglas Giordani Negreiros Cortez (Departamento de Odontologia Restauradora) desde o início pensava em um conceito: inovação. Com apoio de colegas do departamento, criou o projeto de ensino “Introdução a tecnologias aplicadas ao tratamento endodôntico”, em execução há pouco mais de um ano. De acordo com a proposta, o objetivo é introduzir aos alunos de graduação em Odontologia, de maneira teórica e prática laboratorial, tecnologias aplicáveis à Endodontia (tratamento de canal).

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Edição número 1423
de setembro de 2023
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Segundo o coordenador do projeto, a Endodontia registrou grandes e importantes avanços tecnológicos nos últimos anos, notadamente em exames de imagens e procedimentos cirúrgicos, além de materiais. De fato, ele aponta, houve avanços em todas as fases do tratamento. Porém, embora incorporadas à prática profissional, tais tecnologias ainda são caras e não estão disponíveis na maioria das faculdades de Odontologia. Daí a importância do projeto, que apresenta as inovações em nível teórico e atividades laboratoriais, já que o curso também não possui os equipamentos.

Professor Douglas Cortez: “A Endodontia registrou grandes e importantes avanços tecnológicos
nos últimos anos. Houve avanços em todas as fases do tratamento”.

O professor exemplifica: alguma dificuldade para visualizar e entender a anatomia do canal a ser tratado? Existe um tomógrafo específico, com excelente qualidade de imagem. O problema é enxergar pontos muito pequenos? Há um microscópio operatório para resolver isso. E o velho raio X pode ser substituído por sensores digitais, que dão mais segurança ao profissional e mais conforto aos pacientes, sem contar a agilidade e rapidez dos resultados.

Quanto aos materiais, Douglas fala do NiTi, liga metálica de níquel-titânio (daí o nome) que pode minimizar os erros de procedimento e aumentar a segurança durante o preparo dos canais, uma vez que possui superelasticidade e efeito de memória de forma. Biomateriais para obturação são outro exemplo, além dos avanços nos medicamentos (como antibióticos), graças ao maior conhecimento da Microbiologia das infecções.

Formação

O projeto foi concebido justamente para mudar a perspectiva dos estudantes de Odontologia, e mostrar que os avanços permitem um trabalho de qualidade, e assim despertar o interesse e a confiança pela prática da Endodontia – disciplina que os alunos têm na segunda série da graduação, e há quatro docentes da área no Departamento. Ao mesmo tempo, a formação se aproxima da realidade profissional e do mercado. Afinal, dezenas de milhões de pessoas todos os anos entram num consultório odontológico no Brasil em razão de um problema endodôntico.

O professor Douglas iniciou com a parte teórica, mas já expandindo seu foco. A pedido do Colegiado de Odontologia, ministrou conteúdo para todo o 5º ano, num total de mais de 50 alunos. Já a parte prática será desenvolvida com duas turmas de 10 alunos cada. A parte teórica, porém, já alcançou um dos objetivos do projeto: despertar o interesse dos estudantes pela área. Para alguns, segundo o docente, foi uma verdadeira descoberta. Não foi muito fácil: conforme explicou, foi preciso encaixar horários nas “janelas” do calendário de aulas. Mas, nada intransponível, e uma nova turma deve começar logo.

Os alunos que já participaram avaliaram muito positivamente. “Foi uma experiência muito boa. Haveria demanda para mais”, observa Douglas. Outros aspectos positivos acabaram surgindo no desenvolvimento do projeto. Primeiro, que a apresentação e conhecimento de novas tecnologias derrubam alguns mitos. E mitos em torno da saúde bucal não faltam, como o de que antibióticos causam cárie ou que o enxaguante substitui a escovação. É bom lembrar que muita gente foge do dentista baseada em informações errôneas.

Segundo Douglas, o projeto conta com algumas parcerias com empresas privadas que emprestam equipamentos e materiais. O coordenador lembra que a participação dos estudantes não tem custos, exceto um kit de instrumentos. Excepcionalmente, se o aluno não puder arcar, uma das parcerias pode ajudar.

Microscópio, motor de endodontia e localizador Apical Eletrônico são algumas das inovações.
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