Filosofia em cartaz

Filosofia em cartaz

Projeto interinstitucional realiza ciclo de exibição de filmes e debates sobre os mais diversos temas de interesse da sociedade.

Quem nunca ficou incomodado com uma cena, um personagem ou um desfecho de um filme? Quem nunca saiu chorando, rindo ou perplexo de uma sala, ainda sob o impacto do que acabou de ver? Todas estas reações às obras da sétima arte se assemelham àquelas provocadas pela realidade, pelo cotidiano, e que ganham a atenção dos filósofos.

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Edição número 1430
de maio de 2024
Confira a edição completa

Esta é uma das premissas do projeto “Ciclo de Cinema e Filosofia”, coordenado pelo professor Charles Feldhaus (Departamento de Filosofia). Entre seus objetivos, está promover o acesso ao conhecimento filosófico através dos filmes ou trechos, seguidos de debates em torno dos mais variados temas de interesse da sociedade contemporânea, como o tempo, as relações humanas, a saúde, a tecnologia, igualdade, e a própria arte.

Oficialmente, o projeto existe há um ano, mas a utilização de filmes como recurso pedagógico é uma prática que Charles desenvolve há muitos anos. Bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), foi lá também que realizou suas pesquisas de Mestrado e Doutorado, na área de Ciência Política, campo em que ministra aulas na UEL. O Pós-Doutorado veio depois, na Alemanha (2015).

O primeiro Ciclo de Cinema e Filosofia foi em 2017, e até aqui foram aproximadamente 20 edições, e nem todas dentro da UEL. Não raro, para conseguir o filme pretendido, o professor Charles precisou adquirir a obra, comprando-a no YouTube, por exemplo. Toda exibição é seguida de um debate com participação de um convidado, não necessariamente um filósofo, mas alguém que possa contribuir com as discussões.

A oficialização da atividade como projeto de extensão vem ao encontro da creditação da extensão na UEL, por isso o professor conta com a colaboração de outros professores, da UEL e de outras instituições, assim como de estudantes que, segundo ele, terão bastante trabalho pela frente: além de participar das sessões e dos debates, produzirão materiais de apoio e até teóricos sobre os filmes e temas do Ciclo, além do conteúdo para redes sociais.

“Como arte, o cinema tem o poder de mexer com a imaginação humana, com a maneira de as pessoas verem as coisas”, argumenta o professor Charles.

Para isso, Charles diz que conta com a participação da professora Andrea Cachel, que trabalha com produção textual. Atualmente, ela desenvolve uma pesquisa pós-doutoral sobre Cinema e Filosofia. O segundo docente participante é o professor Marcos Rodrigues da Silva, coordenador de extensão do Departamento de Filosofia. Um dos objetivos do coordenador é a produção de vários e-books, com resenhas dos filmes, artigos, transcrição de conferências, entre outros materiais.

Charles Feldhaus é o coordenador de Pós-Graduação do Departamento e tem orientandos com pesquisas sobre Cinema e Filosofia em andamento. Para ele, como arte, o cinema tem o poder de mexer com a imaginação humana, com a maneira de as pessoas verem as coisas, enxergar o mundo. “O cinema impacta. Ele choca, muitas vezes”, afirma. Ao questionar um enredo, um comportamento de um personagem, o público questiona a própria realidade. “Isto atua muito no nível na intuição”, expõe o professor.

Em cartaz

Entre os filmes já exibidos no Ciclo, o professor cita “As sufragistas” (Inglaterra, 2015); “Os últimos dias de Imannuel Kant” (França, 1993); “Selma: uma luta pela igualdade” (EUA, 2014); “Ato de esperança” (Inglaterra, 2017); “Cobaias” (EUA, 1997); “O destino de uma nação” (Inglaterra, 2017); “Gattaca” (EUA, 1997); “Apocalipse Now” (EUA, 1977); “O povo contra Larry Flint” (EUA, 1996). Charles destaca o filme de estreia: “Kramer x Kramer” (EUA, 1979).

Até agora, os debates têm sido online, mas está nos planos do coordenador promover um encontro presencial. Normalmente, as discussões duram de uma hora e meia a duas horas, com dezenas de participantes na audiência. E a ideia é realizar três sessões, uma por mês, neste trimestre (maio/junho/julho), um deles presencial. Por outro lado, o projeto já fez debates em outras instituições, como a USFC, a PUC/LD e a Unicesumar/LD, confirmando a parceria de professores colaboradores destas universidades. Como a professora Andrea faz seu Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ela conseguiu um debate por lá. O filme foi “Bacurau” (Brasil, 2019) e a conversa está no Facebook.

Atuação dos estudantes

Para Charles, além de ampliar o conhecimento filosófico e atender às exigências institucionais sobre atividade extensionista (AEX), o projeto oportuniza aos estudantes participantes uma série de ações de aprendizado, da organização dos encontros à produção de conteúdo para redes sociais. O professor sente o engajamento dos alunos, que demonstram tantas habilidades quanto são as ações a serem praticadas.

O projeto conta com mais de 20 estudantes de graduação, não apenas de Filosofia, 5 de pós-graduação e 1 orientando de Iniciação Científica Júnior, que apresentou sua pesquisa sobre Cinema e Filosofia no Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC) do ano passado.

Os e-books ainda estão no horizonte do projeto, mas o professor já o divulgou em palestras e eventos escolares. Aliás, duas escolas de Londrina já exibiram filmes seguidos de debate. Levar Cinema e Filosofia a outros níveis de ensino faz parte dos objetivos do projeto. Charles é membro da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina desde 2022 e já levou o tema até lá.

Quanto às redes sociais, o projeto está no Facebook, YouTube e Instagram (@cinemaefilosofia.uel).

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