Estudo investiga ação de nanopartículas para proteger plantas da seca

Estudo investiga ação de nanopartículas para proteger plantas da seca

Estudo propõe uso de nanopartículas para aumentar a resistência das plantas

Halley Caixeta de Oliveira, professor do Departamento de Biologia Animal e Vegetal
(CCB), foi contemplado com a bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Seu projeto, intitulado “Efeitos de nanopartículas liberadoras de óxido nítrico na proteção de plantas contra a seca”, enquadrou-se no nível D, que abrange a cooperação com grupos de pesquisas ou instituições no país e no exterior, além da participação ou coordenação de projetos e redes de pesquisa.

O interesse de Halley pelo óxido nítrico (NO) começou durante sua graduação em
2002, quando sua orientadora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já
explorava seu uso em plantas. O NO se mostrou crucial para processos biológicos,
mas sua aplicação prática na agricultura enfrenta desafios, uma vez que se trata de
um gás reativo e difícil de manejar.

Para superá-los, o professor desenvolveu doadores de óxido nítrico nanoencapsulados, menos sensíveis à decomposição e liberam o gás de forma controlada. Essa ideia surgiu por volta de 2014, durante colaborações com
pesquisadores que trabalhavam com nanotecnologia, resultando posteriormente em
uma patente intitulada “Processos de aplicações agrícolas utilizando nanopartículas
doadoras de óxido nítrico”.

A inovação está principalmente ligada ao conceito de nanoencapsulação. “Para você
encapsular, tem que ter um polímero, alguma coisa que forme essa capa. A gente usa a quitosana […] só ela já gera um efeito benéfico para a planta”, declara Halley. Este polímero, derivado da quitina – encontrada no exoesqueleto de artrópodes – além de ter o papel de proteger, também é biodegradável.

Com a base estabelecida, o professor ampliou suas pesquisas para diversos contextos de fatores abióticos, explorando como as nanopartículas doadoras de NO podem mitigar os efeitos adversos de condições ambientais extremas, como a seca, a salinidade e temperaturas elevadas.

Halley Caixeta de Oliveira, idealizador de um projeto que contempla seis ODS da ONU

Quem participa


O projeto envolve uma equipe diversificada e multidisciplinar, composta por
participantes de diferentes níveis acadêmicos, que contribuem com suas habilidades e conhecimentos específicos para a pesquisa sobre os efeitos do óxido nítrico na
proteção de plantas.

Talita Silveira Amador, professora temporária do BAV, investiga os efeitos do óxido
nítrico na soja, focando em como ele pode melhorar a resistência das sementes a
estresses oxidativos e analisando enzimas oxidativas. Eloisa Merissi Ferreira, aluna do quarto ano de Ciências Biológicas, estuda a aplicação do óxido nítrico em duas espécies: a Embaúba, relevante para restauração florestal, e o tomate, uma hortaliça amplamente cultivada. O objetivo de sua pesquisa é investigar como o NO pode ser utilizado no transplantio. Laura Lopes Maldonado, aluna do quinto ano, investiga o uso de doadores de óxido nítrico em seis espécies da Mata Atlântica, visando melhorar as taxas de emergência e o crescimento inicial das plantas.

Tatiane Viegas Debiasi, pós-doutoranda em Ciências Biológicas, explora como o óxido
nítrico afeta a microbiota do solo em cultivos de tomate, enquanto Diego Gomes,
também pós-doutorando, mas do programa de Biotecnociência da Universidade
Federal do ABC (UFABC), analisa a proteção que o NO nanoencapsulado pode
oferecer a plantas em solos contaminados.

Janaína da Silva, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEL,
investiga o papel do óxido nítrico na abertura dos estômatos, estrutura responsável
pelas trocas gasosas. Ela ficará seis meses na Austrália para aprofundar suas
pesquisas.

Todos da equipe recebem apoio. Talita é financiada pela Fundação Araucária,
enquanto Eloisa e Laura contam com o suporte do CNPq. Diego e Janaína são
bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
e Tatiane é bolsista do Pós-Doutorado Júnior (PDJ) da Fundação Araucária.

Da esquerda para a direita: Laura Lopes Maldonado, Eloisa Merissi Ferreira, Janaína da Silva, Halley Caixeta de Oliveira, Diego Gomes, Tatiane Viegas Debiasi e Talita Silveira Amador

Impactos da pesquisa


Além da patente, a pesquisa resultou em diversas produções acadêmicas, incluindo
artigos já publicados e orientações concluídas em diferentes níveis, como pós-
doutorado, doutorado, mestrado, Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e Iniciação
Científica (IC). O professor Halley e sua equipe também participaram de
apresentações em eventos científicos, reforçando colaborações que solidificam
parcerias tanto nacionais quanto internacionais.

Além disso, o projeto está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo diretamente para que o Brasil alcance os seguintes objetivos: ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável), por sua importância na conservação de florestas e na promoção de cultivos agrícolas sustentáveis; ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), ao fomentar inovações por meio de tecnologias verdes; ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), devido às implicações para a arborização urbana, essencial para cidades resilientes; ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis), por desenvolver nanomateriais a partir de resíduos biodegradáveis; ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), ao propor estratégias para combater a mudança climática; e ODS 15 (Vida Terrestre), por propor métodos que ajudam a recuperar e promover o uso sustentável das florestas, revertendo a degradação da Terra.

*Estagiário de Jornalismo da COM

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