Pesquisadores do GFNA publicam estudo realizado em pinturas de Vincent van Gogh

Pesquisadores do GFNA publicam estudo realizado em pinturas de Vincent van Gogh

A fluorescência de raios X é uma técnica de análise que pode determinar a composição química da tela, como espessura, composição das camadas e revestimentos da pintura.

Os pesquisadores Carlos Appoloni e Rafael Molari, membros do Grupo de Física Nuclear Aplicada da Universidade (GFNA/UEL), são autores de um trabalho publicado recentemente na revista inglesa Radiation Physics and Chemistry, que trata do estudo por PXRF (fluorescência de raio X portátil) de quatro pinturas do holandês Vincent van Gogh (1853-1890), uma das figuras mais famosas e influentes da História da Arte ocidental.

As pinturas estudadas foram “O Escolar” (1888), “Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889), “Passeio ao Crepúsculo” (1889) e “A Arlesiana” (1890), destaques da coleção do Museu de Arte de São Paulo (MASP) [https://masp.org.br]. Todas são pinturas em óleo sobre tela. O artigo contempla parte da tese de Doutorado do professor Rafael, defendida em outubro de 2020, que estudou ainda obras de outros dois pintores.

“O Escolar” (1888) (FOTO: MASP)

Técnica – A fluorescência de raios X (XRF) é uma técnica de análise que pode determinar a composição química de uma ampla variedade de materiais e também é usada para determinar a espessura e a composição das camadas e revestimentos, como no caso das pinturas. Assim, pode responder “o quê” e “quanto”. Trata-se de uma técnica de alta precisão e exatidão, com preparação simples e facilmente automatizada para uso em ambientes industriais de alta produtividade. O método mede o comprimento de onda e a intensidade da “luz” (raios X, no caso) emitida pelos átomos energizados na amostra.

Os pesquisadores utilizaram o equipamento e registraram informações valiosas, como a presença de camadas e bases sobre as quais a pintura foi executada. Uma grande variedade de elementos químicos, constituintes das tintas, foi confirmado, como arsênio, mercúrio e zinco. Uma cor chamada Azul da Prússia, por exemplo, tem em sua fórmula química ferro, carbono e nitrogênio. Já o cobre está presente no Verde Esmeralda, enquanto cromo, chumbo e enxofre foram encontrados no amarelo. Cada quadro foi avaliado em duas e três dezenas de pontos diferentes.

“Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889) (FOTO: MASP).

O estudo gerou informações substanciais sobre os materiais presentes nas pinturas e os resultados obtidos estão totalmente de acordo com outros semelhantes, de estudos anteriores nas obras de Van Gogh durante o tempo em que viveu em Arles e Saint-Remy, no final de sua vida. Os resultados foram reportados ao Departamento de Acervo, Conservação e Restauro do MASP e também para o Museu Van Gogh (Amsterdã/Holanda) de modo a contribuir com a documentação científica das obras.

Para os autores, a expectativa é de que os resultados possam auxiliar historiadores da Arte, restauradores e conservadores a compreender o método de trabalho do artista assim como seu processo de criação. Além disso, outros trabalhos podem vir a ser feitos, utilizando outras técnicas e equipamentos empregados na Física.

Para Appoloni, há mais um efeito importante do estudo: a própria segurança da obra. Caso surja alguma dúvida sobre a autoria, por exemplo, a análise científica é logo feita para comparar e comprovar ou não a autoria. O professor lembra que os pesquisadores da UEL trabalham desde os anos 90 em projetos aplicados em várias áreas, entre as quais a Arquiometria, que inclui o estudo de pinturas, não só do MASP. Ele destaca também que as metodologias e ferramentas usadas pela Física são não invasivas e não destrutivas dos materiais analisados.

Trajetória acadêmica – Rafael, que atualmente leciona na Rede Estadual, construiu uma carreira de pesquisador. Na graduação, participou da Iniciação Científica por três anos. O professor Appoloni o orientou no Mestrado e no Doutorado, e já está encaminhado um projeto de Pós-Doutorado, numa parceria entre o LFNA/UEL e Universidade de São Paulo. Rafael já teve cinco artigos publicados e conta que o trabalho com pinturas foi muito além do Doutorado. Mais de uma dezena de quadros foram analisados, todos escolhidos pelo MASP.

O artigo, em inglês, pode ser lido AQUI.

(Imagens: MASP).

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