Projeto estuda nanobiopesticidas como alternativa para proteção do ambiente

Projeto estuda nanobiopesticidas como alternativa para proteção do ambiente

Tem como base a agricultura sustentável para impedir a contaminação da água e dos animais aquáticos em função do uso de pesticidas na agricultura.

Imagine cápsulas milhões de vezes menores do que um milímetro. Como as utilizadas em medicamentos, formadas por estrutura que reveste um núcleo e libera a substância interna lentamente. Esse tipo de tecnologia tem sido usado nas mais diversas situações, incluindo a agricultura, e será utilizada no projeto “Nanobiopesticidas e saúde dos peixes: bases para agricultura mais sustentável”, do Centro de Ciências Biológicas (CCB).

O produto pode fazer grande diferença na relação com o meio ambiente porque utiliza menor quantidade de pesticida, como explica a professora Cláudia Bueno dos Reis Martinez, do Departamento de Ciências Fisiológicas, coordenadora do Laboratório de Ecofisiologia Animal (LEFA) e uma das responsáveis pelo projeto.

A preocupação da professora é com a contaminação da água e dos animais aquáticos devido à utilização de pesticidas agrícolas. A água da chuva carrega toda a substância e contamina os peixes, por exemplo. “A ideia é ter alternativa para uma agricultura sustentável. O foco é buscar produtos que possam ser utilizados com mais segurança e que vão proteger o ambiente”, afirma Claudia.

Equipe que atua no Laboratório de Ecofisiologia Animal (LEFA), formada por professores e alunos de programas de pós-graduação.

O diferencial da pesquisa reside no uso de pesticidas à base de polímeros naturais, contendo fungicidas ou inseticidas de origem botânica. O produto é desenvolvido em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP/Sorocaba). Um estudo comparativo também será conduzido sobre os efeitos de fungicidas convencionais para uma espécie de peixe nativa (Prochilodus  lineatus). A comparação será feita a partir da avaliação dos peixes no Laboratório de Ecofisiologia Animal (LEFA), em ambiente controlado, como o aquário.

A hipótese levantada, segundo Claudia Martinez, é que o nanobiopesticida é menos poluente e apresenta menor risco ao ambiente aquático. “Usa menos produto com ação mais duradoura, por isso é mais eficiente”, afirma. Para condução dos estudos, o projeto recebeu recentemente investimento de R$ 25 mil da Fundação Araucária, do Programa Institucional de Pesquisa Básica e Aplicada da UEL (PBA) – 2021.

Professora e coordenadora do LEFA, Claudia Martinez, que lidera projeto de pesquisa com uso de pesticidas à base de polímeros naturais, de origem botânica.

O projeto envolve diversos pesquisadores: Juliana Delatim Simonato Rocha, professora do Departamento de Ciências Fisiológicas e também coordenadora do projeto; Paulo Cesar Meletti, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas; Wagner Ezequiel Risso, técnico do Laboratório de Ecofisiologia Animal (LEFA); Carlos Eduardo Delfino Vieira, professor da Universidade Estadual do Norte  do Paraná (UENP – Cornélio Procópio); e Leonardo Fernandes Fraceto, professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP – Sorocaba).

Projeto interdisciplinar e interinstitucional

O projeto com nanocápsulas e peixes deriva de um projeto mais amplo, denominado “Nanobiopesticidas e saúde ambiental: bases para uma agricultura mais sustentável”. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ele recebeu investimentos de R$ 246 mil para três anos de estudos. Sob a coordenação da professora Claudia, pesquisadores de diversas áreas e de universidades do país vão avaliar, sintetizar, caracterizar os nanopesticidas e estudar, além do ambiente aquático, seus possíveis efeitos em abelhas, organismos de solo e plantas.

Da UEL, o projeto envolve, além da coordenadora Claudia Martinez, Juliana Rocha e Wagner Risso, do Departamento de Ciências Fisiológicas; Silvia Helena Sofia, do Departamento de Biologia Geral; Halley Caixeta de Oliveira, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal; Seila Cibele Sitta e Ana Luisa Cavalcati Boavista, do Departamento de Design.

Das outras universidades estão os professores Carlos Eduardo Delfino Vieira, da UENP – Cornélio Procópio; Leonardo Fernandes Fraceto e Gerson Araújo de Medeiros, da UNESP – Sorocaba; Valdir Zucarelli, da Universidade Estadual de Maringá (UEM); e Daiana Silva Avila, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

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