Estudo relaciona ansiedade e depressão com treinamento de força em idosos
Estudo relaciona ansiedade e depressão com treinamento de força em idosos
Evidências do estudo foram construídas com base em mais de 200 artigos revisados sobre essa temática. Projeto é o mais relevante do mundo na área.Ex-aluno do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEL/UEM, Paolo Cunha publicou recentemente artigo na revista Psychiatry Research, demonstrando que a prática do treinamento de força (musculação) pode provocar a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão em idosos. As evidências foram construídas com base em mais de 200 artigos revisados sobre essa temática e somam-se aos já conhecidos benefícios do treinamento de força para a população idosa, tais como o ganho de força e massa muscular, redução da gordura corporal, melhoria da autonomia funcional e, consequentemente, diminuição no risco de quedas e fraturas, entre tantos outros. Paolo atualmente faz pós-doutorado no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo.
O professor do Departamento de Educação Física da UEL Edilson Serpeloni Cyrino, coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício (Gepemene), do Centro de Educação Física e Esporte (Cefe) da UEL e responsável pelo Active Aging Longitudinal Study, é um dos colaboradores do estudo. Ele afirma que a repercussão da investigação se deve à importância da temática relacionada à saúde mental e, também, por ter sido publicada em uma revista de alto impacto científico.
O trabalho recebeu destaque no site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e em veículos de comunicação de circulação nacional, como CNN Brasil, Estadão e nos portais do governo do estado de São Paulo e Metrópoles. De acordo com professor Cyrino, as informações publicadas são bastante promissoras para a prevenção e tratamento de doenças psiconeurológicas que afetam a saúde mental.
“Acreditamos que a prática do treinamento de força, junto com o aumento da interação social provocada por projetos envolvendo grupos de idosos, possa ser o grande diferencial para os resultados encontrados”, afirma o pesquisador. A preservação de uma boa saúde mental é fundamental para um envelhecimento bem sucedido, uma vez que influencia a qualidade de vida, autonomia e longevidade. Nesse sentido, a prática de exercícios físicos em grupo ocupa um papel de destaque nesse processo, segundo o professor, pois se tratar de uma estratégia não farmacológica, com baixo risco de efeitos colaterais, eficaz, segura e que pode auxiliar na redução dos custos financeiros com consultas médicas, uso de medicamentos, internações e cirurgias de urgência.
Impacto
O projeto Active Aging Longitudinal Study, desenvolvido na UEL desde 2012, é o principal estudo do mundo na área do treinamento de força aplicado à saúde de mulheres idosas. As inúmeras descobertas oriundas deste projeto têm sido disseminadas, inicialmente, por meio de trabalhos de iniciação científica e de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Atualmente, são mais de 100 publicações em revistas internacionais arbitradas e com elevado fator de impacto. Estes números conferem ao projeto o status de ser detentor de aproximadamente 7% da produção acadêmica e científica mundial nesta área do conhecimento.
O projeto já atendeu cerca de 400 mulheres com mais de 60 anos e conta neste momento com 84 participantes, que são acompanhadas de forma sistemática por uma equipe multiprofissional composta por estudantes e profissionais de Educação Física, Nutrição, Psicologia, Farmácia e Medicina. As sessões de treinamento de força são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras, na Sala de Musculação nas dependências do Ginásio de Esportes José Coaracy, no Cefe, com supervisão direta de estudantes de graduação e pós-graduação. Testes, medidas e avaliações são aplicados periodicamente a cada três meses para análise da eficácia e eficiência do treinamento resistido e, também, para identificação dos efeitos deletérios do avanço da idade e do destreinamento. O projeto é gratuito e os equipamentos e o material de consumo utilizados têm sido financiados principalmente com recursos da Fundação Araucária (FA), Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Ministério da Educação (MEC), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Com base nos resultados publicados até o momento, o professor Cyrino sustenta que o treinamento de força é uma ótima ferramenta para combater muitos dos efeitos prejudiciais associados ao envelhecimento, atuando na prevenção e controle de diversas doenças crônico-degenerativas como hipertensão, diabetes, cardiopatias, obesidade, dislipidemia (alterações nos níveis de colesterol e triglicérides), artrose, osteoporose, entre tantas outras. Além disso, a prática regular do treinamento fortalece músculos e articulações, o que reduz dores e melhora o equilíbrio estático e dinâmico. As possíveis contribuições desse tipo de treinamento para a melhoria da função cognitiva, da qualidade do sono e para o controle da ansiedade e depressão têm sido os grandes desafios do projeto neste momento.
Para se candidatar ao projeto, é necessário ser mulher, com pelo menos 60 anos e disponibilidade para os treinos três vezes por semana. É preciso ter tomado pelo menos duas doses de vacina contra a Covid-19 ou dose única; ser fisicamente e cognitivamente independente e não apresentar restrições médicas para os exercícios. Vale destacar que devido à enorme demanda, novas vagas para participar do projeto serão disponibilizadas somente a partir do mês de novembro, mediante processo de avaliação prévia. Os contatos podem ser feitos pessoalmente no Laboratório de Metabolismo, Nutrição e Exercício, no Centro de Educação Física e Esporte da UEL, de segunda a sexta-feira, em horário comercial.