UEL recebe recursos para desenvolvimento de biocurativos em pacientes queimados

UEL recebe recursos para desenvolvimento de biocurativos em pacientes queimados

Projeto foi contemplado com R$ 1,5 milhões. Defesa do estudo foi feita pelo coordenador, Gerson Nakazato, em evento em Brasília/DF.

A Universidade Estadual de Londrina celebra o êxito dos seus pesquisadores envolvidos no desenvolvimento de um biocurativo para queimaduras profundas, criado a partir de polímeros de nanocelulose bacteriana (NCB) voltado à prevenção de infecções, tratamento da dor e cicatrização dos ferimentos. Contemplado com R$ 1,5 milhão em recursos do Governo Federal, o projeto foi defendido no início deste mês pelo seu coordenador, o professor Gerson Nakazato, do Departamento de Microbiologia (CCB), no Seminário Marco Zero, em Brasília/DF.

Ao lado de representantes de outros 345 projetos sediados em Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o País, Nakazato apresentou proposta, objetivos, metodologias e plano de trabalho para membros do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sobre o momento, ele destaca uma feliz coincidência para o projeto. “Estamos bem no Junho Laranja, mês de Conscientização Contra Queimaduras”, lembra.

A vinda dos recursos foi comemorada pela equipe uma vez que irá permitir pelos próximos três anos a realização das três fases necessárias à disponibilização do biocurativo aos pacientes. “A primeira etapa é o desenvolvimento do curativo, a segunda são os testes em animais, em camundongos, com a aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa, e a terceira são as fases clínicas I, II e III, com o pessoal do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Universitário (HU) da UEL”, adianta Nakazato.   

O projeto de pesquisa tem um objetivo ainda maior: a criação do Centro Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Biocurativos/Biomateriais (CENPIB), no CTQ do Hospital Universitário, unidade de referência para o atendimento pelo SUS de pacientes de toda e região Norte do Paraná e outros estados. Também estão envolvidas na iniciativa as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Santa Catarina (UFSC). Todo o trabalho conta com o apoio da Agência de Inovação da UEL (Aintec)

Gerson Nakazato, docente do Departamento de Microbiologia da UEL e coordenador do projeto. (Fotos: Arquivo pessoal).

Equipe interdisciplinar 

Ao serem questionados sobre o surgimento das pesquisas, os professores Gerson Nakazato e Sueli Fumie Yamada Ogatta, também do Departamento de Microbiologia, aproveitam para enaltecer os avanços conquistados pelo então professor do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia (CCE), Cesar Augusto Tischer, que há dois anos deixou a universidade. Antes de partir para uma nova etapa de sua trajetória acadêmica, no Canadá, Tischer liderou pesquisas que registraram importantes avanços com nanopartículas bacterianas e de celulose cuja aplicabilidade se deu na forma de uma membrana capaz de ajudar na formação de pele, ossos e cartilagens.

“O projeto iniciou em janeiro, mas já temos o conhecimento sobre os efeitos antimicrobianos das substâncias então agora é preciso unir tudo e registrar os efeitos tanto em animais quanto em seres humanos”, reforça Sueli Ogatta.   

Para obter os resultados, professores de diversas áreas do conhecimento – Microbiologia, Biotecnologia, Engenharia de Tecido, Imunologia, Medicina Regenerativa e Design – farão parte do projeto de pesquisa, aprovado em uma linha de financiamento do CNPq voltada ao uso de técnicas avanças de bioengenharia.

Integram o grupo de pesquisa os professores da UEL Waldiceu Aparecido Verri Jr, Renata Kobayashi, Doumit Camilios Neto, Ricardo Sérgio Couto de Almeida, Eliandro Reis Tavares, Claudio Pereira de Sampaio e Luiz Fernando Tibery de Queiroz (médico do CTQ da UEL), além dos docentes Marcelo Maraschin (UFSC) e Rossana Mara da Silva Thirè (UFRJ).

Completam a grande equipe de pesquisadores os estudantes de pós-graduação e graduação, Mirian Sumini (bolsista DTI-CNPq do projeto), Victor Hugo Clebis, Natalia Yukari Kashiwaqui, Maria Luiza Francisconi Lubanco Thomé, Bruna Marcela de Lima, Yasmin Dias Vitorino, Maria Heloisa Biazão, Beatriz Lopes Mariana, Isabela Madeira de Castro, Helena Tiemi Suzukawa.

Time de pesquisadores da UEL envolvidos no projeto do biocurativo.

Recursos naturais 

Para o desenvolvimento do biocurativo, a equipe irá apostar na criação de um produto de fácil aplicação, remoção e limpeza que irá conter ativos farmacológicos com ação antimicrobiana oriundos de produtos naturais. Neste sentido, serão estudados ativos derivados de insumos amazônicos, em meio a uma estratégia que envolve o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores do Programa Amazônia+10.  

“São pelo menos três plantas das quais se tiram ativos farmacológicos, uma é a Andiroba (Carapa guianensis) que é da região amazônica, e a outra é o Babaçu (Attalea speciosa). E ainda há o Açaí (Euterpe oleracea). Então, eles estão tirando destas três plantas ativos para usarmos em vários produtos. Nós queremos aproveitar isso”.

Gerson Nakazato, professor do Departamento de Microbiologia da UEL.

Do valor investido pelo CNPq no projeto, cerca de 40% serão investidos na aquisição de equipamentos, como uma impressora 3D e um sistema de ventilação mecânica para animais de pequeno porte. Outra parte, cerca de 30%, será investida no custeio das ações e 30% na concessão de bolsas de estudos. 

O Seminário de Avaliação Marco Zero das Chamadas Públicas de 2023 foi realizado em Brasília (DF) e contou com a presença do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão.
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