Brasilianista James Green vem à UEL para conferência sobre democracia e ações golpistas
Brasilianista James Green vem à UEL para conferência sobre democracia e ações golpistas
Historiador vem a Londrina para debater democracia e golpe. Conferência será no Anfiteatro do CLCH, na noite desta sexta (26).A UEL recebe, na noite desta sexta-feira (26), o historiador estadunidense e grande referência para os estudos latino-americanos com enfoque na história do Brasil James Naylor Green. Professor da disciplina de História da América Latina no Departamento de História da Brown University – Providence, Rhode Island -, Green vem atuando na divulgação de documentos inéditos dos arquivos do Sistema Nacional de Informações, do Projeto Opening the Archives e da CIA (EUA) que promovem um real entendimento sobre a atuação de agentes do estado brasileiro em contato com agentes dos EUA no monitoramento, repressão e tortura contra civis ligados aos movimentos sociais, durante a ditadura militar no Brasil.
A conferência com James Green vai ser realizada no Anfiteatro do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH) e será precedida do show “Samba da Democracia”, com as cantoras londrinenses Silvia Borba e Cecília Bandeira, além de um time de músicos.
Criado em uma família de pacifistas ligados ao protestantismo britânico, movimento que ficou conhecido nos Estados Unidos como “Quakers”, Green desenvolveu um olhar apurado sobre questões sociais ainda na infância. Na adolescência, chegou a ser preso diversas vezes por participar de protestos pelo fim da Guerra do Vietnã (1959-1975). Em 1976, decidiu mudar-se para o Brasil, passando a atuar no enfrentamento da repressão por parte do Estado. Denunciou casos de tortura sofridos por civis até meados de 1982 no País.
Parte destes relatos está presente em seu livro “Apesar de vocês”, que traz uma visão aprofundada sobre as relações Brasil-Estados Unidos. A obra de Green afirma que não houve um apoio unânime da sociedade estadunidense à ditadura brasileira: pelo contrário, surgiram nos EUA movimentos de protesto contra o uso sistemático de torturas e prisões arbitrárias, características das ditaduras latino-americanas. Esta mobilização foi importante para pressionar o governo estadunidense a conter as violações de direitos humanos que ocorreram na região. A pesquisa do professor Green é fundamental por elucidar as complexidades, contradições e conflitos que marcaram o período.
Professor da área de Sociologia do Departamento de Ciências Sociais, Fabio Lanza explica que Green atua como colaborador na equipe que está organizando os arquivos estadunidenses referentes à ditadura no Brasil. “Então, de forma muito valorativa para o campo científico das áreas de Ciências Humanas e Sociais, a presença do professor James Green vem oferecer dois tipos de formação: uma para nossas equipes internas, e outra às comunidades interna e externa, bem como à sociedade brasileira”, avalia, uma vez que o evento será transmitido no canal do Youtube do grupo de estudos Práxis Itinerante.
Pauta LGBTQIA+
Green também é um pesquisador das questões LGBTQIA+, tendo obras dedicadas à temática no Brasil, como “Além do Carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX”, e um livro que narra a trajetória de um importante revolucionário brasileiro que fez frente à ditadura militar, intitulado “Revolucionário e gay: a vida extraordinária de Hebert Daniel – pioneiro na luta pela democracia, diversidade e inclusão”.
Bolsista de Pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UEL e pesquisador colaborador do Departamento de Ciência Política da Universidade de Campinas, José Neves Júnior acrescenta que o professor James Green também preside o Washington Brazil Office, uma rede internacional de pesquisadores e atores públicos e políticos que integram o Observatório da Democracia. “Nos Estados Unidos, também é co-coordenador nacional da US Network for Democracy in Brazil. Assim, indicamos que sua fala possui tanto o sentido de contribuir acerca de pesquisas voltadas para estas temáticas mais específicas, quanto visa contribuir com o fortalecimento das instituições democráticas brasileiras”, diz Neves Júnior.