Publicações em fluxo contínuo agilizam divulgação de pesquisas
Publicações em fluxo contínuo agilizam divulgação de pesquisas
Modalidade se tornou possível pela implantação das edições eletrônicas das revistas e jornais.A grande quantidade de pesquisas realizadas em todas as áreas, em todo o mundo, exige uma divulgação mais célere dos resultados, tanto para a disseminação do conhecimento produzido quanto para o impulsionamento dos saberes para que avancem e façam parte de novos estudos.
Para agilizar esta divulgação, a base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online) vem indicando e incentivando, desde 2015, a chamada publicação contínua, ou publicação em fluxo contínuo. Por este modelo, os periódicos científicos não esperam fechar uma edição para publicar. Assim que são aprovados, os trabalhos são publicados, sem a necessidade de se restringir uma periodicidade. Portanto, é uma modalidade que se tornou possível pela implantação das edições eletrônicas das revistas e jornais. Neste formato, uma revista abre o ano de 2021 com – por hipótese – o volume 5. Tudo o que for publicado até dezembro integrará o mesmo volume. Existe ainda a opção de dividir as publicações em semestres – 5 (1) e 5 (2).
Com esta modalidade, os periódicos deixam de acumular artigos já aprovados à espera da composição e diagramação, e geram rapidez na divulgação das pesquisas, aumentando a sua visibilidade. Se o periódico mantém sua versão impressa, a modalidade mais indicada é a Ahead of Print, semelhante à de fluxo contínuo. A diferença é que na versão impressa a revista pode manter a clássica paginação de artigos, diferentemente da contínua.
Tanto para o diretor de pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPPG), Eduardo José de Almeida Araújo, quanto para Laudicena de Fátima Ribeiro, bibliotecária responsável pela Biblioteca Digital da UEL, a modalidade de publicação em fluxo contínuo é uma tendência que vem se consolidando nos últimos anos. Laudicena lembra que a SciELO, por exemplo, estabeleceu critérios de indexação para a modalidade com o objetivo de reduzir o tempo para publicação, mas sem descuidar das exigências de qualidade. Sobre isso, eles informam que a publicação contínua não interfere no Qualis, o sistema brasileiro de avaliação. Mas mudanças podem vir aí, já que está para ser divulgada, nos próximos meses, a atualização do Qualis.
Eduardo explica ainda que o grande ganho da publicação contínua, gerado pela rapidez, é a visibilidade do estudo publicado. O diretor lembra que não basta apenas publicar; é preciso que o estudo seja citado por outros. O Google Acadêmico, por exemplo, aplica o chamado Índice H para artigos publicados num interstício de 5 anos. Para se ter uma ideia, um pesquisador com 20 anos de carreira que tenha um índice H20 pode ser considerado um pesquisador de sucesso. Segundo Eduardo, na UEL é comum encontrar pesquisadores com H35 ou H40.
O diretor de pesquisa salienta que publicações em periódicos bem qualificados (no mínimo Qualis B) às vezes são requisitos para que um mestrando ou doutorando possa receber seu diploma, daí outra vantagem da celeridade das publicações em fluxo contínuo.
Muitas revistas não trabalham com chamadas e sim com o recebimento em fluxo contínuo, mas a publicação é tradicional. De acordo com Laudicena, embora a UEL tenha várias revistas que recebem em fluxo contínuo, são duas as que recebem e publicam nesta modalidade: a Semina Ciências Exatas e Tecnológicas e a Advances in Nursing and Health (Enfermagem). Outra está em processo de implantação da modalidade: a Semina Ciências Agrárias. Neste Portal de periódicos científicos é possível verificar todas as revistas publicadas pela UEL.
Enfermagem
A Advances in Nursing and Health é coordenada pela professora Renata Perfeito (Departamento de Enfermagem). Ela conta que a revista está prestes a completar dois anos e desde o início tem publicado em fluxo contínuo. Neste período, em média, publicou um estudo a cada 15 dias. O periódico está aberto a autores brasileiros e estrangeiros e publica em três idiomas: português, inglês e espanhol. Tudo visando a internacionalização e a inclusão nos maiores bancos de dados do mundo, como o Scopus. A revista está no caminho, pois já está em sete indexadores: Latindex, Google Scholar, Sumários, Livre, Citefactor, Diadorim e REDIB.
Pós-doutora em Editoração pela Escola de Enfermagem da USP/Ribeirão Preto, Renata aponta, porém, uma dificuldade: conseguir avaliadores. Cada artigo que chega à revista passa primeiro por um editor de seção, que encaminha o texto a três avaliadores experts na área do trabalho. É aí que falta pessoal.
Área de Exatas
Os professores Neyva Maria Lopes Romeiro e Paulo Natti (Departamento de Matemática) são os coordenadores da revista Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas . Neyva conta que o modelo de fluxo contínuo foi implantado este ano e estudos já foram publicados. Ela informa que o periódico, que já existia com duas edições ao ano (junho e dezembro), ainda mantém os meses como referência. A professora também destaca a agilidade e a visibilidade que o modelo de publicação contínua proporciona. Por isso, para ela, é muito importante contar com um bom corpo editorial e avaliadores.
A revista, que já vinha publicando pelo menos 10 artigos por semestre, quer manter e até ampliar essa média na publicação contínua. Uma das duas edições atualmente abertas é especificamente sobre a COVID e já lançou dois artigos. Normalmente, a Semina Exatas publica somente em inglês, mas esta edição suplementar sobre a doença publicará também em português.