Atuação do Movimento Negro em Londrina é tema de dissertação em Sociologia
Atuação do Movimento Negro em Londrina é tema de dissertação em Sociologia
Defesa foi realizada pela servidora municipal Fátima Beraldo, no auditório da Prefeitura de Londrina.O auditório da Prefeitura Municipal de Londrina foi espaço para defesa da dissertação de mestrado “Contribuições do Movimento Negro de Londrina na formulação de políticas públicas”, de autoria da gestora municipal de Promoção da Igualdade Racial, Fátima Beraldo, produzida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGSoc) da UEL, sob orientação da professora Ângela Maria de Sousa Lima. Dezenas de pessoas foram conferir a apresentação, dentre eles, o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati. A apresentação foi realizada durante o projeto Café com RH, na última segunda-feira (17), desenvolvido pela Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH).
Para a orientadora da pesquisa, a defesa foi além de um rito acadêmico. “Vocês verão e ouvirão como esse ritual abre tantos outros potentes que as professoras aqui vão contar com suas próprias palavras. Obrigada a todos da Prefeitura por abrirem esse espaço, é uma responsabilidade da Universidade e que façamos mais vezes, que seja uma inspiração para a defesa de outros trabalhos”, citou Ângela Maria de Sousa Lima, também diretora do Serviço de Bem-estar à Comunidade (Sebec).
Pesquisa
A dissertação produzida por Fátima Beraldo aborda o período entre 2003 e novembro de 2022, e a pesquisa relaciona de que forma as lutas do Movimento Negro em Londrina têm contribuído para a formulação de políticas públicas direcionadas à inserção da população negra. Também aponta a forma pela qual a escrivivência da pesquisadora se funde com a escrivivência do Movimento Negro de Londrina, potencializando ações afirmativas para a população negra configurada em políticas públicas sobretudo educacionais.
Para isso, foi feita uma revisão bibliográfica com análise documental sobre a produção do Movimento Negro local. Os documentos analisados incluem, por exemplo, atas, relatórios e resoluções das conferências municipais; a Lei Municipal n° 10.185 de 2007, que instituiu o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR) em Londrina; carta de Viamão do Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial (FIPIR); a Lei Municipal n° 11.952 de 2013, que estabelece reserva de 10% das vagas ofertadas em concursos públicos do Município para afro-brasileiros; a Resolução n° 78/04 da UEL, que implantou a política de cotas na instituição; entre outros.
“Enquanto perspectiva de mudança, a gente vê que há um trabalho não só do Movimento Negro e do Conselho, e que de certa forma vem sendo realizado conjuntamente pela Prefeitura de Londrina e a UEL”, comentou a pesquisadora.
Beraldo também citou que o CMPIR foi um dos primeiros conselhos implementados no sul do país, com essa temática. “Os processos no tocante à implantação de políticas de reparação dos efeitos danosos causados à população negra ainda encontram inúmeras barreiras e empecilhos. Os avanços ficam muito aquém do necessário para que as oportunidades entre brancos e negros estejam em um patamar próximo do que possa se considerar igualdade”, finalizou.
Integrando a banca de avaliação, a diretora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL (Neab), Marleide Rodrigues da Silva Perrude, enalteceu e destacou, dentre outros pontos, o mapeamento de documentos feito pela pesquisadora. “Ela fez um recorte temporal bastante interessante e fez algo muito importante, que foi mapear e reunir todos os documentos produzidos nesse período. Uma das principais contribuições desse trabalho foi fazer esse levantamento de documentos que sabíamos da existência, mas estavam espalhados. Foi feita de forma bem sistematizada, de 2004 a 2022, e um dos principais méritos é isso, pois dará parâmetros para outros pesquisadores. Quem porventura quiser buscar ou compreender as políticas públicas em Londrina de promoção da igualdade racial, terá de ter o trabalho da Fátima como referência”, citou.
Também integrando a banca, a professora da UEL Margarida de Cássia Campos afirmou que é fundamental levar a pesquisa para fora dos limites da instituição. “Sair dos muros da universidade é ir para o chão da pesquisa é fundamental. Esse evento é histórico por estar dentro desse movimento maior, de pensar outras possibilidades de fazer pesquisa. E isso não está presente só nessa dissertação, mas também no trabalho da Fátima. O trabalho tem uma contribuição significativa, por resgatar o Movimento Negro, que há 500 anos nos diz que somos um país racista e, por conta disso, precisamos de políticas públicas de reparação da desigualdade. Trazer a luta desse movimento educador e dar ênfase é algo enorme e grandioso, pois esses tipos de pesquisa vão mostrar para a sociedade brasileira a importância de grupos sociais historicamente invisibilizados”, frisou.
Participação
Entre o público que compareceu ao auditório estavam servidores, integrantes do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR), estudantes e docentes da UEL, além de familiares e amigos da servidora municipal Fátima Beraldo. Dentre as autoridades, participaram ainda os secretários municipais de Recursos Humanos, Julliana Faggion Bellusci, e de Gestão Pública, Fábio Cavazotti; o chefe de Gabinete, José Otávio Sancho Ereno; o procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Paulo Tavares; e os vereadores Matheus Thum e Lenir de Assis.
*Com informações do NCom