Revistas científicas da UEL adotam modalidade de publicação em fluxo contínuo
Revistas científicas da UEL adotam modalidade de publicação em fluxo contínuo
Modalidade permite a publicação do artigo de forma individual sem a necessidade de aguardar todos os artigos posteriores para publicação completa de determinada edição ou volume do Periódico Científico.As revistas científicas Semina: Ciências Sociais e Humanas, Discursos Fotográficos e Boitatá, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), começaram a publicar, a partir do primeiro semestre de 2025, artigos científicos em fluxo contínuo. Esta modalidade permite a publicação do artigo de forma individual imediatamente após a editoração gráfica e inserção dos metadados no sistema operacional Open Journal Systems (OJS), sem a necessidade de aguardar todos os artigos posteriores para publicação completa de determinada edição ou volume.
A revista Semina: Ciências Sociais e Humanas tem periodicidade semestral, com abrangência na grande área de Ciências Sociais e Humanas (sociologia, psicologia, história, antropologia, filosofia, política, cultura e outros campos). A Discursos Fotográficos é anual e voltada à Comunicação Visual (fotografia, televisão, cinema, semiótica, design, produção gráfica, antropologia visual e outras áreas). E a revista Boitatá, também semestral, compreende a grande área de Letras e Linguística (literatura brasileira, literatura comparada, literatura medieval, poéticas orais e literatura popular, folclore, sociolinguística, línguas de povos originários e outras temáticas). As três revistas disponibilizam acesso aberto ao conteúdo editorial à comunidade acadêmica e à sociedade, no Brasil e no mundo, bem como estão sob a licença Creative Commons, que permite cópia, adaptação, criação e distribuição dos textos, desde que atribuído o devido crédito pela criação original.
Fluxo contínuo
De acordo com o diretor de Pesquisa e Pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG) da UEL, professor Eduardo José de Almeida Araújo, a escolha pelo modelo de publicação em fluxo contínuo pelas revistas científicas da Universidade representa um avanço estratégico alinhado às diretrizes dos principais órgãos de fomento e avaliação nacionais e internacionais, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), além de instâncias globais como o Directory of Open Access Journals (DOAJ) e indicadores bibliométricos utilizados por bases como Scopus e Web of Science.
De acordo com a bibliotecária Patrícia Emille da Silva, vinculada ao Escritório de Apoio ao Editor Científico (EAEC) da UEL, após toda a etapa de avaliação e revisão, com posterior editoração/diagramação, “o processo em fluxo contínuo proporciona uma publicação mais rápida e eficiente, além de aumentar as chances de acesso e citação dos artigos e, ao agilizar o conteúdo publicado, dá mais visibilidade ao trabalho dos autores e facilita o acesso imediato ao conhecimento”.
Editor-chefe da Semina: Ciências Sociais e Humanas, o professor do Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas Gustavo Javier Figliolo, argumenta que, ao assumir o cargo recentemente, pensou em fazer uma reformulação da Revista com o intuito de dar mais visibilidade às publicações. Entre as mudanças, em consenso com os editores de seção, adotaram a modalidade de fluxo contínuo por alguns motivos específicos, todos imbricados entre si.

Segundo ele, por um lado, “essa modalidade permite uma maior fluidez no tempo de publicação, sem a necessidade da espera à totalização de um determinado número de artigos a compor um volume”. Por outro lado, estimam que “a perspectiva de poder ter um artigo publicado de maneira mais célere pode ser um incentivo forte às submissões por parte dos autores. Atrelado a esses dois pontos está a possibilidade de conseguir um maior número de artigos processados pela Revista, o que redundaria no manejo das distintas fases da editoração com a inerente aquisição de know-how”. O professor ainda informa que, independentemente de a modalidade ser em fluxo contínuo, a Revista prevê a realização de números temáticos a se iniciarem no primeiro volume de 2026. Nessa reformulação, atualmente estão trabalhando apenas com artigos, mas com a expectativa de ampliar as seções também para entrevistas e resenhas, em um primeiro momento. E em breve esperam também adotar um novo layout como parte do processo de melhoramento da Revista como um todo.
Quanto à revista Discursos Fotográficos, o editor, professor André Azevedo da Fonseca, docente do Departamento de Comunicação, comenta sobre diversas vantagens no modelo, incluindo a maior agilidade. Além de oferecer a oportunidade aos pesquisadores de divulgar suas pesquisas mais recentes, a dinâmica do fluxo contínuo agiliza o processo editorial interno, distribuindo o trabalho no decorrer do ano, em vez de sobrecarregar o editor em períodos específicos. Por isso, o fluxo contínuo permite que a Revista se mantenha sempre atualizada, evitando o atraso de edições e contribuindo para alcançar excelência na avaliação e indexação. E pontua: “com o fluxo contínuo, os leitores tendem a retornar mais vezes à Revista ao receber as notificações sobre os novos artigos. A expectativa é que isso resulte em mais citações, pois os artigos recentes terão mais oportunidades para alcançar visibilidade no campo”.
A respeito de dossiês, ele explana que, ainda que a Discursos Fotográficos mantenha o fluxo contínuo, a edição planeja trabalhar com dossiês temáticos, pois entende que, em alguns casos, é interessante oferecer a oportunidade de agrupar pesquisas que analisam simultaneamente um problema por meio de vários ângulos. “Nesses casos, portanto, o processo editorial contribui para que os artigos se relacionem de forma coerente, fortalecendo grupos de pesquisa e contribuindo na consolidação de áreas emergentes. Entendo que este também é um dos papéis fundamentais dos periódicos científicos”, finaliza.

Vinculada ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da UEL e ao Grupo de Trabalho de Literatura Oral e Popular da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), a revista Boitatá, conforme explica a editora adjunta do Periódico, professora Dircel Aparecida Kailer, passou a adotar fluxo contínuo porque “esse formato vincula-se também à urgência dos autores na circulação de seus textos, pois, entre os novos critérios da CAPES para avaliação dos programas de pós-graduação, está o impacto das produções, medido também pelo número de citações”. Entre as publicações da Boitatá estão resenhas, entrevistas e artigos inéditos de pesquisadores nacionais e internacionais. Além das publicações em fluxo contínuo, a professora menciona que a Revista continua recebendo propostas de dossiês que são organizados por pesquisadores de diferentes regiões brasileiras e do exterior.

UEL
Atualmente, a UEL possui 28 revistas científicas em diferentes áreas de conhecimento, as quais estão disponíveis no Portal de Periódicos da Universidade. Destas, além da Semina: Ciências Sociais e Humanas, Discursos Fotográficos e Boitatá, nove publicam em fluxo contínuo, a saber: Advances in Nursing and Health, Domínios da Imagem, Economia & Região, Educação em Análise, Geographia Opportuno Tempore, Mediações – Revista de Ciências Sociais, Semina: Ciências Agrárias, Semina: Ciências Biológicas e da Saúde e Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas.
Em convergência com os editores, o diretor da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG) da UEL, Eduardo Araújo, afirma que essa modalidade atende às demandas por celeridade na comunicação científica, amplia a visibilidade dos resultados das pesquisas e fortalece o compromisso da UEL com a ciência aberta e a difusão do conhecimento em tempo oportuno. “Ao acelerar o fluxo de publicações, melhoramos a capacidade de resposta da pesquisa científica aos desafios contemporâneos, indicador valorizado nas avaliações da pós-graduação brasileiras e nos critérios de impacto internacional”. Para concluir, acrescenta que esse movimento também contribui diretamente para a consolidação das revistas científicas da Universidade como referências acadêmicas em suas áreas.
*Bolsista no Escritório de Apoio ao Pesquisador Científico (EAEC), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.