Como são escolhidas as obras que caem no Vestibular? Vários são os fatores que interferem na tomada de decisão. A Coordenadoria de Processos Seletivos (Cops) da UEL tem uma comissão responsável especificamente pela definição da lista que contém as 10 obras que devem ser lidas pelos vestibulandos para entrar na Universidade.

O professor Luiz Carlos Simon, do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas (CLCH), integra a equipe. Simon é docente da Universidade há 28 anos, com atuação na graduação, pós-graduação e no âmbito da pesquisa. A colaboração junto à Cops já soma 20 anos.

Simon explica que os critérios são rigorosamente respeitados. É necessário contemplar a cada lista pelo menos um autor paranaense, como é o caso de Miguel Sanches Neto, com a obra “Chove sobre minha infância”, autores africanos que escrevam em língua portuguesa, a exemplo de Paulina Chiziane, com “Niketche”. Aliás, a inclusão de mulheres também é requisito essencial. Ouça o professor:

Em relação ao espaço temporal em que as obras são produzidas, o professor Simon afirma que é um grande desafio abarcar em 10 títulos não apenas produções contemporâneas, mas de séculos anteriores. No caso da atual lista, cita “Cartas Chilenas”, obra do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, escrita no século XVIII e “O Seminarista”, romance do escritor mineiro Bernardo Guimarães, produzido no século XIX:

Outro ponto fundamental é a escolha de produções literárias que instiguem a reflexão sobre os desafios da realidade social e econômica do país. “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, é um exemplo. A autora narra a própria vivência como moradora de favela, mãe e cortadora de papel.

Vale lembrar que a Cops muda a lista a cada dois concursos. Esta é válida, portanto, para os Vestibulares de 2023 e 2024. Há também a manutenção contínua de três das 10 obras, sendo, portanto, sete renovadas. Nesta, foram mantidas “Histórias que os jornais não contam”, de Moacyr Scliar; “Contos novos”, de Mário de Andrade; e “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus.

Confira as obras do Vestibular 2023

Contos novos – Mário de Andrade (domínio público);
Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus (Ática);
Histórias que os jornais não contam – Moacyr Scliar (L&PM);
O rei da vela – Oswald de Andrade (Companhia das Letras);
O seminarista – Bernardo Guimarães (domínio público);
Niketche – Paulina Chiziane (Companhia das Letras);
Torto arado – ltamar Vieira Junior (Todavia);
Melhores poemas – Fernando Pessoa (Global);
Chove sobre minha infância – Miguel Sanches Neto (Record);
Cartas chilenas – Tomás Antônio Gonzaga (domínio público).

Vestibular UEL 2023

O processo seletivo conta com duas etapas. A primeira fase será realizada no dia 5 de março de 2023 e terá 60 questões objetivas de Conhecimentos Gerais (Geografia, História, Filosofia, Artes, Química, Física, Biologia, Sociologia e Matemática). A segunda etapa ocorre em três dias, de 2 a 4 de abril, e envolverá questões de Língua Portuguesa e Literatura em Língua Portuguesa, Língua Estrangeira e Redação, no primeiro dia; prova discursiva de Conhecimentos Específicos, no segundo; e prova de Habilidades Específicas, restrita aos candidatos às vagas nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Design Gráfico e de Moda e Artes Visuais.

O resultado do Vestibular 2023 e a lista da 1ª convocação serão divulgados em 4 de maio, às 12h, no site da Cops.