Rádio UEL FM transmite ensaio documental da Serra da Capivara

Rádio UEL FM transmite ensaio documental da Serra da Capivara

Produção dos jornalistas Emerson Dias e Rakelly Calliari vai ao ar neste sábado (4). Dupla visitou o Parque Nacional, no Piauí, em novembro passado.

A Rádio UEL FM apresenta neste sábado (4), às 11h, “Imagens sonoras: um ensaio documental inspirado na Serra da Capivara”. A produção é da jornalista Rakelly Calliari, formada na UEL e doutora pela Universidade de São Paulo (USP), onde pesquisou a natureza da representação do mundo feita pelos documentários de mídia sonora. Ela esteve no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, em novembro do ano passado., e registrou mais de cinco horas e meia de gravações em áudio, do canto dos pássaros e outros sons da natureza a depoimentos de pesquisadores e de quem trabalha no local, além de entrevistas com moradores da região e sonoridades das cidades próximas ao parque. O documentário tem 42 minutos de duração.

De acordo com o site do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o parque é um museu a céu aberto. Área de 130 mil hectares onde já foram localizados cerca de 400 sítios arqueológicos, a maioria com painéis de pinturas e gravuras de grande valor estético e arqueológico. Por sua importância, a Unesco inscreveu o parque na lista do patrimônio mundial. No dia 5 de junho, o parque vai completar 45 anos. A área faz parte de um dos 63 parques nacionais do Brasil e está entre as dez que protege a caatinga, abrigando quase 40% do bioma preservada do País. Localizado no sudeste do Piauí, ocupa parte dos municípios de
São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Fica a 530 km da capital, Teresina.

Rakelly visitou o parque com o marido, o fotógrafo e professor do Departamento de Comunicação (Ceca) da UEL Emerson Dias, que registrou imagens do local. Os dois programam uma instalação no Sesc Cadeião, Emerson com um conjunto de 15 fotografias e Rakelly com as imagens sonoras que estarão disponíveis para o público ouvir. O ensaio teve captação, produção e edição da jornalista, que desde a graduação na UEL debruça-se sobre imagens sonoras e feature radiofônico (gênero que transita entre o jornalismo e a arte). Rakelly formou-se na universidade em 2003 e, em 2022, concluiu o doutorado na Universidade de São Paulo com o projeto “Sonoras imagens: Peter Leonhard Braun em busca do filme acústico”.

Confira algumas fotos abaixo:

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Imagens sonoras

Segundo Rakelly, o ensaio é fruto de pesquisa realizada mais sistematicamente ao longo dos últimos seis anos a respeito da natureza da representação do mundo feita pelos documentários de mídia sonora. Por meio de histórias trazidas da Serra da Capivara, a peça reflete sobre as imagens sonoras, ou seja, estratégias e suportes de registro e preservação do som, seja por meios técnicos modernos, seja por suportes analógicos e mesmo pré-históricos.

“Com a expansão do universo dos podcasts no Brasil, este é um momento relevante para se provocar a reflexão a respeito da comunicação em áudio e seu lugar na história das mídias, no nosso País e no mundo”, explica.

Segundo o texto produzido por Rakelly para divulgação do projeto do ensaio radiofônico, quando Thomas Edison tornou a fonografia um produto comercial, um de seus grandes trunfos era dizer que agora seria possível ouvir a voz de um ente querido, mesmo após a pessoa morrer. Este golpe na efemeridade do fenômeno acústico transformou a escuta. As imagens de som de multiplicaram, foram libertadas da fonte emissora, passaram a ser coladas, sobrepostas, manipuladas, simuladas. Tornaram-se objetos. Ainda assim, diferente do que ocorre com as imagens visuais, pouco percebemos o estatuto imagético do som fixado em
suporte.

“A reprodutibilidade tornou-se algo comum, e perdemos o espanto causado pela audição do som gravado com seu timbre, entonação e demais características preservadas. Também nos esquecemos de que essa invenção técnica não é a primeira produtora de imagens de som. Se a pintura precedeu a fotografia, o que seria a pintura do som gravado?”

Rakelly Calliari, jornalista.

De acordo com ela, “Imagens sonoras” reflete sobre essas e outras questões no berço de nossa pré-história, a Serra da Capivara. “Trilhando os caminhos do Parque Nacional criado para preservar este lugar em que cultura e natureza se entrelaçam, você encontrará histórias que são de tirar a pálpebra dos ouvidos e escutar bem de perto”, convida.

Segundo Emerson Dias, quando o turista chega ao Parque Nacional Serra da Capivara e se depara com pinturas que têm milhares de anos, ele é alertado de que não se podem determinar os significados das ações ali registradas, porque temos outras referências culturais e sociais. “As fotografias da instalação, produzidas com equipamento amador, fazem o mesmo: não explicam nem esclarecem, mas funcionam como ‘sinais de fumaça’, referências primárias do aspecto geográfico oferecidas ao ouvinte que adentra a paisagem sonora, tal qual o turista visitante faz quando fica diante das cavernas e dos paredões de pedra. A intenção é que o visitante construa a própria aventura, a partir dos recursos disponibilizados”, explica.

A instalação “Imagens Sonoras” abre no próximo dia 10, a partir das 19h, no Sesc Cadeião Cultural e pode ser visitada até o dia 9 de junho. De terça a domingo, das 9h às 21h, em dias da semana; e das 10h às 18h, nos finais de semana. Também está programada uma escuta coletiva do ensaio documental no dia 11 de maio, a partir das 17h. O Sesc Cadeião fica na Rua Sergipe, 52.

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