Ambulatório do AEHU acompanha pacientes adultos portadores de cardiopatia congênita

Ambulatório do AEHU acompanha pacientes adultos portadores de cardiopatia congênita

Pacientes são avaliados regularmente por cardiologista, demais profissionais e residentes da UEL.

Willian C. Fusaro

Agência UEL


Há 16 anos, a cardiologista pediátrica Márcia Thomson acompanha pacientes de diversas idades, portadores de cardiopatias congênitas – anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação quando se forma o coração do bebê – no Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário (HU/UEL). Todos eles têm algo em comum: desde o pré-natal (ou desde muito pequenos) foram acompanhados por Márcia.

“Meus pacientes, desde o primeiro dia, iniciam o tratamento de cardiopatia congênita, que é para toda a vida”, comenta Márcia. Com o passar dos anos, depois de cirurgias, exames e muitas consultas, esses pacientes, naturalmente, cresceram. O atendimento, contudo, continuou sendo realizado pela pediatra. “Observei pacientes começando a namorar, casar, ter filhos, isto é, uma vida normal, com problemas e queixas de adultos”, explica. Todo esse processo determina quem deve, de fato, atender esses pacientes. Um cardiopediatra, que os acompanhou desde a infância no trato de um problema crônico, ou um cardiologista de adultos?

Cardiologista Cézar Mesas e a pediátrica Márcia Thomson (FOTO: HU/UEL).

Desde fevereiro deste ano, a pediatra trouxe uma resposta a essa dúvida: um projeto piloto inovador no Brasil. O Ambulatório de Cardiopatia Congênita no Adulto, coordenado por Márcia e pelo cardiologista Cézar Mesas, tem a ambição de atender, até o fim do ano, 70 pacientes em uma sala no HU/UEL.

Os atendimentos dos pacientes são agendados exclusivamente pelos médicos responsáveis. Nessa primeira, fase a intenção era atender apenas os que já faziam parte do ambulatório da pediatra. O sucesso da empreitada foi tão grande que não há mais vagas até o fim do ano: surgiram pacientes novos, encaminhados de ambulatórios de outras especialidades.

No projeto, há outra cardiologista pediátrica envolvida, Daniela Vasconcellos, responsável pelos ecocardiogramas e mais os residentes do 2º ano de cardiologia adulto e do 3º ano da pediatria. Na ginecologia e obstetrícia, a equipe conta com a parceria com o médico Inácio Teruo Inuoe. Também atuam no setor o professor do Departamento de Educação Física da UEL Crivaldo Gomes Cardoso – que inclusive acompanha a reabilitação de cardiopatas infartados. A iniciativa também conta com a equipe de Serviço Social do HU/UEL, responsável por esclarecer aos pacientes os direitos sociais dos cardiopatas.

O tratamento da cardiopatia congênita é para a vida toda.

Atendimento multiprofissional

A ideia é inovadora no Brasil, mas não surgiu por aqui. Enquanto fazia um curso do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Márcia entrou em contato com experiências de atendimento multiprofissionais que extrapolavam o cuidado dos cardiopediatras. “No Canadá, por exemplo, esse tipo de atendimento já funciona muito bem, pois lá já existe o cardiologista pediátrico especialista em cardiopatia congênita no adulto. Aqui no Brasil, essa subespecialidade ainda está engatinhando”, ressalta.

A simbiose fica clara durante os atendimentos: Márcia e Cézar atendem simultaneamente o mesmo paciente. “Nós costumamos brincar, durante o trabalho, que determinado procedimento ‘é do meu mundo’, enquanto outro ‘é do dele’. Porque não é da minha especialidade, como pediatra, acompanhar um paciente adulto que tem outras enfermidades, como diabetes ou hipertensão. Para o Cézar, um adulto com algum problema no coração é completamente diferente de um adulto com um problema no coração somado à cardiopatia congênita”, explica.

Confiança – Para os pais que, desde cedo, levam os filhos no mesmo cardiopediatra, a mudança de responsável pelo atendimento pode causar estranhamento e desconfiança. Por isso, o atendimento simultâneo traz mais segurança, segundo Márcia. “Uma mãe que me vê, junto do Cézar, em um atendimento, fica mais tranquila”, avalia.

Após o atendimento inicial dos pacientes da Cardiologia Pediátrica do HU, na segunda fase, o projeto tem o objetivo de atender pacientes portadores de cardiopatia congênita do Ambulatório de Cardiologia de Adultos. Na terceira fase, a intenção é abrir para o público em geral. O projeto é uma parceria entre a Cardiologia Pediátrica e o Departamento de Cardiologia, ambos do HU.

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CCSHU/UEL
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