Estudantes em tratamento psiquiátrico podem se beneficiar dos conhecimentos da Educação Especial

Estudantes em tratamento psiquiátrico podem se beneficiar dos conhecimentos da Educação Especial

NAC, Sebec e Dasc orientam estudantes, servidores e professores no acompanhamento de transtornos psíquicos que afetam qualidade de vida.

O aparecimento de transtornos funcionais de ordem psíquica ao longo da trajetória acadêmica – transtornos depressivos, ansiedade, fobias, esquizofrenia, entre outros – é uma preocupação constante entre os profissionais de saúde que atuam no Núcleo de Acessibilidade (NAC), no Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec) e na Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade (Dasc) da UEL. Buscando mitigar os prejuízos à formação profissional destes estudantes, o NAC orienta sobre as possibilidades de trancamento da matrícula, dilatação de prazos para realização de provas e entrega do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), amparos médicos e outros procedimentos previstos na Resolução Cepe Nº 021/2018, que vão ao encontro de estratégias já consolidadas da Educação Especial. Sobretudo, aponta a coordenadora do setor, a psicóloga Ingrid Ausec, a busca pelo bem-estar dos alunos da UEL deve ser motivo de preocupação e atenção de todo o corpo docente e dos colegas de curso, além dos servidores e familiares.

Para orientar a comunidade universitária, o NAC elaborou uma publicação trazendo informações úteis. Este conteúdo começa pela classificação destes transtornos, passando pelas características comportamentais e ainda traz dicas sobre como oferecer ajuda e o encaminhamento correto. A criação do material vem junto de uma série de cuidados que o Núcleo tem com a população universitária. “O principal papel que todos nós temos em relação às pessoas que estão em algum tipo de sofrimento é saber ouvir, dar algum tipo de suporte emergencial, mostrar empatia, respeito e cuidado e orientar na busca de um tratamento adequado. Se for o caso, até acompanhar, estar disponível e nunca julgar”, diz. 

Evitar julgamentos é uma postura importante, classifica a psicóloga, porque jovens que atravessam um momento de intenso sofrimento emocional também podem estar em busca de lazer e diversão, buscando, muitas vezes, a fuga de uma realidade que se tornou insuportável em meio a uma rotina de estudos (e, muitas vezes, trabalho) por vezes extenuante.

De onde vem o sofrimento?

O aparecimento dos sintomas têm origem em características genéticas, fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais, de modo que o indivíduo está sujeito a desenvolver um transtorno mental. “Não devemos julgar ou dizer que a pessoa está se aproveitando da situação. É preciso respeito, empatia e conhecimento para orientar corretamente”, diz. 

O público-alvo do Núcleo de Acessibilidade da UEL são as Pessoas Com Deficiência (PCD) e alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). No entanto, o NAC também pode receber e encaminhar estudantes em tratamento contra o câncer, doença renal crônica e questões psiquiátricas avançadas.

Vale lembrar que a Clínica Psicológica da UEL também oferece plantões à comunidade externa, realizando o atendimento emergencial de pessoas com transtornos específicos. Já a Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade (Dasc) conta com clínicos gerais e enfermeiros. Há, ainda, o atendimento realizado no Serviço de Bem-Estar à Comunidade por assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas.  

Atualmente, explica a psicóloga Ingrid Ausec, quase dez alunos de graduação da UEL diagnosticados com quadros graves de transtornos psiquiátricos estão sendo acompanhados pelo NAC. 

Adaptação 

Embora estudantes com quadros de saúde mental não sejam considerados o público-alvo da Educação Especial, as adequações e ajustes que já estão amplamente estabelecidos nesta modalidade de ensino podem ser aproveitados legalmente em prol do desenvolvimento de quem possui transtornos específicos. Estas possibilidades estão previstas na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, promulgada no País em 2008, e que ainda são desconhecidas de muitos alunos. 

“A universidade tem as licenças médicas. Todo estudante tem até 60 dias de amparo para os seus tratamentos de saúde. Durante a licença, este aluno pode fazer as atividade domiciliares, se tiver condições”, explica Ingrid.

Outra possibilidade é a de implementação de condições especiais para a realização de provas, o que não pode ser confundido com uma queda no nível de exigência acadêmica, pondera. “Não é facilitar, mas é preciso adaptar os recursos para que o conhecimento chegue até ele. Em nenhum momento estamos falando em retirar conteúdos ou reduzir a cobrança, mas, sim, fazer o que é possível e bom para o processo de aprendizagem desse estudante”, diz. 

Um bom exemplo de recomendação didático-pedagógica é a concessão de um período um pouco maior para a realização das avaliações. “Alunos psiquiátricos fazem uso de medicações que podem comprometer a atenção e a concentração, então você percebe que alguns alunos ficam muito lentos na fala e até nos movimentos. Então, orientamos os professores para que conversem e ofereçam um tempo de avaliação diferenciado”, explica.

Sintomas 

Conforme as coordenadoras do NAC, as psicólogas Ingrid Ausec e Maria Clara de Freitas, autoras da publicação, alguns comportamentos podem dar pistas sobre o surgimento destes transtornos. Os mais comuns são mudanças nos hábitos diários, isolamento social ou irritabilidade durante as atividades, dificuldades de raciocínio e de interação. “Nenhuma dificuldade é igual à outra. Os sintomas variam entre as pessoas e só um profissional especialista, médico ou psicólogo, deve fazer o diagnóstico, indicando o melhor tratamento”, apontam.

Mais informações podem ser encontradas no site e no perfil do Nac no Instagram. Já a Clínica Psicológica disponibiliza um número de WhatsApp para tirar dúvidas. Demais conteúdos podem ser encontrados neste link.

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