A Universidade Estadual de Londrina recebeu a visita de cerca de 30 mulheres, a maioria moradoras da Região Norte de Londrina, para uma caminhada alusiva à Campanha Outubro Rosa, de combate ao câncer de mama. A atividade de promoção da saúde e de fortalecimento de vínculos foi realizada na manhã desta segunda-feira (23) a partir da iniciativa dos residentes do curso de Educação Física, do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher, que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de referência para o grupo.

O tema da campanha é parte da história de vida da aposentada Nelsa Fernando da Silva, 64, moradora do conjunto habitacional Farid Libos. Ela percebeu a presença de um nódulo ao realizar o autoexame das mamas, há cerca de 15 anos. Como a descoberta foi feita ainda no estágio inicial da doença, teve sucesso na cirurgia de retirada do câncer e nas outras etapas do tratamento. 

“Eu acho muito importante o autoexame porque se você descobre no começo, faz o tratamento certinho e fica tudo bem. Eu fiz a cirurgia e não precisei de quimio, só rádio. Tomei o medicamento por cinco anos e agora só faço a mamografia regular”, conta a moradora.

Aumento de casos

Entretanto, o caso da dona Nelsa ainda está longe de representar o da maioria das mulheres diagnosticadas com com câncer de mama, especialmente após a pandemia da Covid-19, quando o Brasil registrou queda no número de mamografias pelo SUS. Em paralelo à queda, o País vem conhecendo a outra face deste fenômeno: aumento de 26% nos casos de câncer de mama nos estágios mais graves. É o que revelou um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) publicado no Journal Public Health (IJPH). 

Conforme o artigo “Covid-19 e o câncer de mama no Brasil”, os anos “críticos” da pandemia, ou seja, 2020 e 2021, registraram, respectivamente, quedas de 40% e 18% no total de mamografias realizadas em cada ano por mulheres entre 50 e 69 anos. A diferença foi em relação ao ano de 2019, quando 2,65 milhões de exames de mamografia foram realizados pelo SUS. 

A consequência, aponta o estudo, foi um crescimento no total de diagnósticos de casos mais graves, responsáveis por 40,8% do total até o início da pandemia. De acordo com a SBM, houve crescimento para 51,5% dos diagnósticos de câncer de mama nos estágios III e IV entre 2020 e 2021. O estudo levou em consideração dados do DataSUS, sistema de monitoramento do SUS. 

Para o professor da área de Fisiologia do Exercício e tutor dos residentes nas UBSs, Marcelo Vitor da Costa, a conscientização sobre o autoexame deve ser constante, o que motiva a realização de atividades como a caminhada. Quem concorda com ele é a dona Nelsa. Graças ao autoexame, poderá ter tranquilidade para curtir a vida ao lado do marido, seu Divino, e das filhas, Aline Cristina e Aliery.