Grupo de pesquisa estuda uso de fotobiomodulação em atletas

Grupo de pesquisa estuda uso de fotobiomodulação em atletas

Técnica em estudo consiste em aplicações de feixes de luz em tecidos vivos, para melhorar o desempenho físico e a recuperação após exercício.

Melhorar o desempenho durante a prática esportiva e se recuperar mais rápido depois de jogos e treinos por meio da aplicação de luz. Este é o foco dos estudos de um projeto de pesquisa em fotobiomodulação desenvolvido no Laboratório de Histologia (CCB) da UEL, sob a coordenação da professora Solange de Paula Ramos, do Departamento de Histologia (CCB). No grupo, participam estudantes de graduação, pós-graduação e iniciação científica. 

A fotobiomodulação consiste na irradiação de tecidos vivos com fontes de luz de baixa potência. Essa aplicação é capaz de produzir um efeito fotoquímico nostecidos, como os músculos, estimulando a produção de energia. Diversos pesquisadores ao redor do mundo vêm tentando aproveitar essa produção de energia, induzida pela aplicação de uma luz, para auxiliar atletas durante e depois da prática esportiva. Também foi observado que a aplicação de raios de luz do vermelho ao infravermelho em quantidades adequadas poderia promover efeitos anti-inflamatórios, anti-oxidantes e a síntese proteica. Tudo isso com aplicação rápida e indolor.

A aplicação da fotobiomodulação deve ser feita por um profissional da área da saúde, como um médico ou fisioterapeuta. Existem dois tipos de aparelhos na UEL à disposição do Laboratório. Um maior, no qual é possível disparar uma grande quantidade de feixes de luz sobre a pele, resultando em uma aplicação mais rápida e eficiente, e um menor, portátil, movido a bateria e que pode ser levado para pesquisas de campo, com os atletas no local de um jogo, por exemplo. Com este, a aplicação é mais lenta porque menos feixes de luz são disparados.

Aparelhos usados na aplicação da Fotobiomodulação (Fotos: André Ridão).
Demonstração de uso do aparelho portátil

A professora Solange de Paula Ramos explica que as pesquisas práticas sobre o tema na UEL começaram de forma experimental com ratos de laboratório. No estudo, se induzia o dano muscular por exercício aeróbico (natação) nos ratos e depois era aplicada a fotobiomodulação. Como resultado, foi percebido que no dia seguinte à fadiga, os animais quase não apresentavam dano muscular. Também foi diagnosticada uma melhora no desempenho físico quando a aplicação era feita anteriormente. “Quando os animais eram colocados para fazer o exercício de nado, em geral eles fadigavam em 90 minutos. Com a aplicação antes do exercício, o rato era capaz de nadar até três vezes mais”, conta.

Ratos submetidos à técnica chegavam a nadar três vezes mais, afirma a pesquisadora. Testes em humanos, no entanto, necessitam de aprimoramentos (André Ridão/Agência UEL).

A partir do momento em que esses resultados foram obtidos, a equipe do Laboratório partiu para as análises em atletas, a fim de checar se as aplicações em seres humanos também teriam resultados. A pesquisa atuou em várias modalidades, como ciclismo, jiu-jitsu, futebol, futsal e handebol. Atualmente, os estudos seguem apenas com o futsal, com uma equipe de Apucarana. Porém, o resultado positivo não se repetiu.

Em alguns casos, foram obtidos resultados isolados, mas em geral, não foi percebida melhora de desempenho físico e nem de recuperação após esforços, como jogos e treinos. Mesmo assim, a professora destaca que o uso da fotobiomodulação no esporte é recente e requer mais aprofundamento sobre as aplicações. Os primeiros artigos de uso desta tecnologia para exercício físico são de 2011. “Esta tecnologia é conhecida há muito tempo e é bastante difundida na medicina. Como a antiga laserterapia, utilizada para a cicatrização de feridas, tratamento de diabetes e até diminuição de inflamações”. 

Aplicação em atletas de futsal (Arquivo Pessoal)

Mesmo controversa, a fotobiomodulação é muito utilizada na área do esporte. Uma das explicações dadas pela professora Solange Ramos sobre o porque os testes com atletas não tiveram êxito está relacionada à dosagem das aplicações. Ainda não há estudos sólidos que indiquem o quanto de luz deve ser disparada em cada sessão. A certeza é de que uma carga muito baixa não faz efeito, porém um excesso também não gera resultados. “Há uma dose ideal de energia a ser aplicada no tecido e temos que encontrá-la”, ressalta a professora. Outro ponto que deve ser levado em consideração são as diferenças entre os indivíduos, por isso, a dosagem terá de ser adaptada em cada caso. 

No momento, os integrantes do grupo de pesquisa estão dedicados a uma análise mais prolongada do uso da fotobiomodulação em atletas de futsal, com um número maior de testes. Esta perspectiva busca entender as variações do efeito em diferentes indivíduos, tanto no desempenho físico e esportivo, quanto na recuperação. No grupo, além de estudantes de cursos da área da Saúde, como Odontologia, Fisioterapia, Medicina e Nutrição, também participam estudantes do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEL/UEM.

*Estagiário de Jornalismo na COM/UEL.

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