Máquinas caça-níqueis serão usadas em projetos educativos da UEL

Máquinas caça-níqueis serão usadas em projetos educativos da UEL

O total de 44 máquinas foram entregues pela 4ª Companhia Independente da Polícia Militar de Londrina.

Os jogos de azar no Brasil estão proibidos, entre idas e vindas da legislação brasileira, desde 2004. Na época, foi promulgada a Medida Provisória nº 168, que proíbe o uso de qualquer tipo de bingo ou jogo que utilizasse máquinas “caça-níqueis”. No entanto, a atividade continua sendo feita na ilegalidade, o que motiva apreensões de máquinas caça-níqueis pela polícia com muita frequência. Esses equipamentos, usados em atividades ilícitas, agora poderão ser usados para fins educativos.

Nesta quinta (17), a Universidade recebeu 39 máquinas caça-níqueis apreendidas pela 4ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM). Os equipamentos eram usados em bingos clandestinos e somam-se a outras cinco máquinas já recebidas pela UEL no ano passado, como explica o diretor do Centro de Ciências Exatas (CCE), Silvano Cesar da Costa.

Equipamentos foram entregues pela 4ª Companhia Independente da Polícia Militar de Londrina. Ao todo são 44 máquinas.

“Em 2021, o major da 4ª CIPM, Marcos Tordoro, entrou em contato conosco, por meio da Ação Solidária dos Servidores do CCE (projeto que entrega cestas básicas a moradores da Zona Norte de Londrina), e disse que tinham apreendido essas máquinas”, comentou Silvano. O grupo, então, decidiu agendar uma reunião, com representantes do Judiciário, do Ministério Público, da 4ª CIPM e da UEL, para discutir a possibilidade de criação de um projeto para destinar as máquinas à Universidade.

A UEL recebeu os cinco equipamentos, que foram estudados por professores para serem utilizados em atividades educativas. “Tanto a estrutura dos equipamentos, toda de metal, quanto os componentes podem ser reutilizados, desde que reestilizados”, afirma o vice-diretor do CCE, Alan Salvany Felinto. As noteiras dessas máquinas – peças fundamentais para o uso dos jogos de azar, que reconhecem e contam as notas inseridas – já foram retiradas e destruídas pela polícia antes mesmo de os equipamentos chegarem à UEL. Os computadores foram formatados e o software que continha os jogos de azar, destruído.

Projetos em andamento que envolvem o Centro de Ciências Exatas (CCE) e Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU) irão dar destinação útil aos equipamentos.

Projetos integrados entre centros

As ideias sobre o que fazer com as máquinas caça-níqueis são inúmeras, mas algumas delas já são amadurecidas por um grupo de professores, que vai criar um projeto de extensão envolvendo vários departamentos. Entre eles, Departamento de Computação, Departamento de Química, ambos do CCE, Departamento de Engenharia Elétrica (CTU) e Departamento de Design (CECA).

O projeto ainda está em fase de prospecção de ideias, mas algumas pistas já foram dadas. Os computadores poderão ser usados em atividades em laboratórios de Química em escolas, nas dependências da UEL, em asilos e casas de repouso, para ajudar a estimular idosos com Alzheimer, por exemplo. “As máquinas seriam reestilizadas por estudantes de Design, reconfiguradas pelos estudantes do CCE e CTU, todos em seus projetos de extensão. Isso tudo também contribuiria para estudantes participarem de mais projetos e contarem suas horas (de atividades obrigatórias). A partir do momento que o projeto piloto obtiver êxito, podemos receber mais máquinas, porque as apreensões feitas pela polícia são muitas. Só a 4ª CIPM apreendeu de 400 a 500 máquinas”, observou Silvano.

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