Força da mulher e do trabalhador rural é homenageada em exposição do Museu Histórico de Londrina
Força da mulher e do trabalhador rural é homenageada em exposição do Museu Histórico de Londrina
A exposição, fruto de uma parceria entre o Museu Histórico de Londrina e a Sociedade Rural do Paraná, pode ser visitada durante a ExpoLondrina 2024.Londrina é conhecida pela sua força. Durante a ExpoLondrina 2024, a força da agricultura, pecuária, inovação e tecnologia do Norte do Paraná ganha destaque. Neste meio, o Museu Histórico de Londrina traz uma exposição que ressalta uma força às vezes esquecida por muitos. “A Vida Privada e o Cotidiano do Trabalhador do Campo” resgata do passado a potência daqueles que viveram na pele a construção da história: as mulheres e os trabalhadores rurais.
Ao lado de uma coleção de louças, fotografias e demais instrumentos de trabalho indispensáveis para a rotina de um trabalhador do campo, Carlos Eduardo da Silva, instrutor do Museu, recebe crianças de diferentes faixas etárias, jovens curiosos e demais visitantes que se interessam pelos objetos de época.
“É uma exposição que foi trazida com a proposta do Museu Histórico de Londrina. Deslocamos parte do acervo pra cá para tratar um pouco de aspectos da vida cotidiana dos trabalhadores do campo e trazer algumas coisas relacionadas ao cotidiano das mulheres do campo”, explica Carlos.
A exposição conta com equipamentos de trabalho ligados à agricultura e ao café, além de instrumentos da reprodução da vida doméstica, que envolve alimentação, processos de cuidado ao cotidiano, e alguns objetos, como a louçaria exposta, que faziam parte dos itens pessoais de imigrantes de outros países e regiões que vieram ao Norte do estado do Paraná.
Este ano, o Museu Histórico atua em parceria com o Museu da Sociedade Rural do Paraná (SRP) a fim de, como evidencia Carlos, “trazer questões que lidam com o cotidiano dessas pessoas e fazem um contraponto que mostra as dificuldades que os trabalhadores enfrentaram em vista à abundância que geralmente é encontrada na construção da colonização e do desenvolvimento econômico aqui do norte do Paraná”.
A mostra enfatiza ainda o contraste entre os que vieram para colonizar a terra já com um aporte de capital muito grande, e as pessoas que chegaram para desempenhar trabalhos braçais em terras que não era suas, lidando, além das dificuldades de trabalho, com os problemas da migração e de habitação na nova vida.
Conforme o instrutor do Museu, é possível olhar através de uma dupla perspectiva nesta questão uma vez em que se observa a vida das mulheres deste período. “No caso específico das mulheres, além de lidar com toda a dupla e até mesmo tripla carga de trabalho, temos a própria dimensão histórica. É uma narrativa que tentamos recuperar em alguma medida, diante de um apagamento da sua imagem que aparece como um apêndice da imagem de grandes homens que, de fato, teriam feito a história no sentido tradicional”.
Não por menos que a presença do Museu Histórico e de uma mostra como “A Vida Privada e o Cotidiano do Trabalhador do Campo” são fundamentais. Tal afirmação ganha sentido uma vez que os espaços de memória e de discussão do passado são importantes para se entender quem nos tornamos. “Ressaltar e trazer uma exposição como essa para as crianças das escolas que estão passando e trazer essa imagem que nem sempre é posta em consideração é importante para lembrar que o que constitui a nossa sociedade e a nossa vida cultural, social e política são também essas pessoas. Tanto por seus feitos quanto por seus apagamentos”, conclui.
*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.