Docente discute representação feminina em jornal do século XIX em evento na França

Docente discute representação feminina em jornal do século XIX em evento na França

A pesquisa tem como protagonista a educadora e escritora brasileira Francisca Senhorinha da Motta Diniz, fundadora do jornal “O Sexo Feminino”.

A professora Simone Burioli, do Departamento de Educação (CECA) da Universidade
Estadual de Londrina (UEL), está participando do evento 46° ISCHE – Teacher and
Teaching – History on the move
, que acontece em Lille, na França. A conferência
internacional trata sobre a História da Educação e aconteceu entre os dias 8 e 11 de julho de forma presencial e dos dias 15 e 16 de julho de forma remota. A docente apresentou um trabalho sobre mulheres e professoras representadas nos anos de 1873 à 1890 no jornal “O Sexo Feminino”. A pesquisa tem como protagonista a educadora e escritora brasileira Francisca Senhorinha da Motta Diniz, fundadora do jornal.

Docente discute representação feminina em jornal do século XIX em evento na França. (Foto: Acervo pessoal).

Simone Burioli, pesquisadora da Linha 1 do Programa de Pós-graduação em Educação (PPEdu), explica que, durante sua pesquisa realizada na UEL, percebeu que os impressos brasileiros do século XIX têm grande influência francesa. Isso tornou sua participação no evento muito relevante.

A participação no congresso internacional proporcionou à professora a oportunidade de pesquisar em jornais franceses de forma presencial, onde Burioli pode ver impressos que abordam a mesma temática de suas pesquisas. “[pude pesquisar no] Le Petit Journal, um suplemento ilustrado de 1896, que é uma grande fonte de pesquisa para estudos futuros”, comenta.

Para apresentar o trabalho em Lille, Burioli recebeu auxílio do PPEdu.
Com o título de “Imprensa, Impressos e Educação no Paraná – Séculos XIX e XX”, a pesquisa de Simone que deu origem ao trabalho apresentado no congresso analisa como a educação foi representada na imprensa e nos impressos que circulavam no Paraná durante os séculos XIX e XX. A professora explica que o estudo buscava confirmar a ideia de que os jornais têm um papel fundamental na educação e muitas vezes desempenham uma função educativa, reforçando determinados conceitos relacionados à docência, escola e às práticas educativas. Para fundamentar a análise, foram utilizados conceitos do historiador francês Roger Chartier.

Docente do CECA discute representação feminina em jornal do século XIX no 46° ISCHE – Teacher and Teaching – History on the move, evento que acontece em Lille, na França (Foto: Acervo Pessoal).

Para a execução da pesquisa foram localizados, mapeados e catalogados impressos
educacionais ou não. Além do conteúdo dos jornais, foram analisadas a aparência dos jornais, como o formato, o tipo de papel, a impressão, as cores, imagens e condições de produção e de circulação. Também foram analisados os sujeitos envolvidos na criação dos impressos e à quem os jornais eram destinados.

“O Sexo Feminino”

Francisca Senhorinha da Motta Diniz foi uma escritora, jornalista, professora e militante feminista do século XIX. Ela nasceu em Minas Gerais e foi a fundadora do semanário “O Sexo Feminino” (1873-1889), que buscava defender a emancipação feminina por meio da educação. Em 1880, a jornalista publicou a revista semanal “Primavera”, que tinha o foco de levar educação para mulheres por meio de textos literários.

Após isso, Senhorinha retornou a publicação de “O Sexo Feminino” e em 1889 alterou o nome do jornal para “O Quinze de Novembro do Sexo Feminino” (1889-1890), por causa da Proclamação da República. Com a alteração do título do jornal, Francisca Senhorinha quis homenagear a República porque acreditava que isso seria um incentivo à emancipação feminina. Também durante 1886, a jornalista lançou seu único romance, intitulado de “A judia Raquel”, que escreveu em parceria com sua filha A. A. Diniz.

No decorrer de sua vida, Senhorinha fundou e dirigiu três escolas: o Colégio Maternal
Nossa Senhora da Penha, o Colégio Santa Isabel e a Escola Doméstica, que tinha um
programa educacional focado em meninas desamparadas e escravizadas.

Publicado em

É autorizada a livre circulação dos conteúdos desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte.