Design Gráfico prepara novo sistema de sinalização para o Hospital Universitário

Design Gráfico prepara novo sistema de sinalização para o Hospital Universitário

A primeira versão deverá ser apresentada à Direção do hospital no máximo em um mês. Testes preliminares serão feitos para validar as propostas.

Maior órgão suplementar da UEL e com 55 anos, o Hospital Universitário fica na zona leste de Londrina, em uma área aproximada de 100 mil metros quadrados, dos quais perto de 54,2 mil metros quadrados são de edificações. Some-se a isso uma ampla estrutura de setores e serviços, com nomes às vezes complexos, conhecidos mais pelas suas siglas, e é possível imaginar a dificuldade que muitos usuários (pacientes, visitantes, etc.) podem encontrar para se orientar lá dentro.

Pensando nisso, o professor Claudio Pereira de Sampaio (Design Gráfico) idealizou um plano estratégico para um sistema integrado de wayfinding (sistema de orientação) e sinalização do HU/UEL. O professor atua em parceria com o hospital desde 2020, com a criação do FAB.i – Núcleo de Tecnologia Digital e Inovação do HU.

Com o objetivo de aprimorar a experiência no espaço hospitalar, e levar à instituição uma sinalização de primeiro mundo, um documento de intenções foi formalizado e gerou um projeto de extensão, em execução há dois anos. Neste tempo, ele e as três equipes, que envolvem nove estudantes de graduação e dois outros professores do curso de Design Gráfico, têm realizado pesquisas, foram ao HU fazer observações, estudos e cálculos, e estão desenvolvendo o projeto de sinalização, cuja primeira versão deverá ser apresentada à Direção do hospital no máximo em um mês. Testes preliminares serão feitos para validar as propostas.

Cores

Designer gráfico e arquiteto, o professor Sampaio explica que o projeto tem como foco prioritário o usuário, que deverá poder transitar facilmente pelo hospital, através de um sistema intuitivo e autonavegável. Para isso, alguns critérios, muito bem estudados e concebidos, estão sendo adotados.

Um exemplo é o uso de cores para cada setor. A escolha leva em conta, entre outros aspectos, o significado de cada uma e a inclusão. Por exemplo, que atenda a pessoas daltônicas. Assim, a Ala de Queimados ganhará um azul esverdeado (piscina), para acalmar os pacientes lá em tratamento. Já a Pediatria terá uma cor arroxeada, violeta, considerada mais lúdica. O Pronto Socorro, azul royal, também no intuito de acalmar os pacientes. Já os setores de apoio, como Administração e Lavanderia, serão amarelos. Os sanitários serão brancos.

Cada setor terá sua cor respectiva nas entradas (portas e paredes), reforçadas com faixas coloridas no piso (similar às existentes há anos), setas indicativas nas paredes e ainda um código alfanumérico, em que as letras representarão os setores, e os números, os pavimentos. Por exemplo, H2 (Administração, 2º andar). Além de letras e números, os setores serão representados por pictogramas, imagens de fácil identificação e compreensão.

Também haverá murais espalhados pelo hospital para reforçar as indicações. Saídas de emergência ficarão bem mais demarcadas, talvez até com sinais luminosos.

Acessibilidade

De acordo com Sampaio, de um lado, a acessibilidade é um aspecto de vital importância, em todos os sentidos – para pessoas com problemas de mobilidade, dificuldades de enxergar, analfabetos, neurodivergentes, todos. Sobre estes últimos, por exemplo, pensando em pessoas com Transtorno do Espectro Autista, está sendo projetado um espaço de “descompressão”, ou seja, que promova alívio acústico e da forte movimentação de pessoas no ambiente hospitalar. De outro lado, o projeto inova com o uso da Inteligência Artificial, usada na coleta e tratamento de dados.

A atenção à acessibilidade incluirá a adoção de letras e figuras em escala maior, pensando na distância de leitura (visibilidade e legibilidade). O projeto trabalha com cinco fontes, que garantam menos desfoque à distância e boa diferenciação de letras. Isso para não confundir, por exemplo, ‘a’ com ‘o’, ou ‘n’ com ‘h’, ‘I’ (‘i’ maiúsculo com ‘l’ (‘L’ minúsculo) de longe, assim como o uso de uma variedade de família. Neste caso, pensando numa hierarquia de informações ou seja, letras diferentes (mas parecidas) para informações diferentes em importância. Por exemplo, o nome do setor, e abaixo seu horário de atendimento.

Tudo isso deverá ficar pronto em alguns meses, ainda este ano. No momento, o HU passa por uma ampla reforma e, assim que concluída, começa a licitação para contratar o serviço de implantação da sinalização. Os recursos já estão assegurados. A nova sinalização estará não só nos principais corredores do hospital, mas também em áreas externas, como entradas e acessos.

Wayfinding

O projeto prevê ainda o treinamento a funcionários do HU, para que se familiarizem com o novo sistema. Segundo explica o coordenador do projeto, a proposta extrapola o conceito de sinalização, isto é, trata-se do wayfinding, uma ideia mais ampla – por exemplo, o uso de aplicativos de orientação. É por isso que também será elaborado e entregue ao HU um Manual de Wayfinding, que servirá de parâmetro para qualquer acréscimo futuro no sistema de sinalização do Hospital.

Professor Claudio Sampaio: o projeto tem como foco prioritário o usuário, que deverá poder transitar facilmente pelo hospital, através de um sistema intuitivo e autonavegável (Foto: André Ridão)

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