Luta contra o racismo exige informação e acolhimento, defende procuradora da UFPR 

Luta contra o racismo exige informação e acolhimento, defende procuradora da UFPR 

Dora Lucia de Lima Bertulio, procuradora jurídica da UFPR, conversou com servidores de diversas unidades da UEL na terça-feira (21).

O enfrentamento ao racismo dentro das instituições de ensino deve considerar a implementação de medidas eficientes para o recebimento das denúncias, o fortalecimento das redes de apoio e acolhimento às vítimas e a disseminação das informações adequadas. Quem defende a estratégia é a procuradora jurídica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Dora Lucia de Lima Bertulio, convidada da programação de lançamento da campanha “UEL na Luta Contra o Racismo”. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisadora nas áreas de Direito e Relações Raciais, Discriminação Racial e Ações Afirmativas, a procuradora foi escolhida pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) para uma palestra aos servidores que estão à frente de setores estratégicos da UEL, na tarde desta terça-feira (21). 

“Se a administração acolher adequadamente o aluno ou professor que sofre determinado ato racista, é este acolhimento que vai determinar a possibilidade de você ter um processo adequado, porque essa pessoa se fortalece e se sente protegida”, avalia.  

Para a procuradora da UFPR, segunda universidade federal do País a adotar o sistema de cotas raciais, em 2004, o acolhimento adequado às vítimas de racismo deve funcionar como um “antídoto” para um fenômeno que ainda é recorrente em casos em que a conduta do agente público resulta na abertura de um processo administrativo, o chamado “corporativismo”. Neste sentido, lamentou que muitas vítimas recuam diante de crimes de racismo por conta do medo, especialmente se forem estudantes. O receio está em serem prejudicadas em sua trajetória acadêmica ou até mesmo em suas carreiras.  

“Temos que dizer assim porque vivemos essa vida e sabemos disso, mas há um corporativismo no sentido de que os professores, provavelmente, vão ter dificuldade de se colocarem as suas verdades, mas o aluno tem maior medo ainda de que aquilo que está acontecendo vá prejudicar a sua carreira e o desenvolvimento do seu curso”, lamentou. 

Dora Lúcia de Lima Bertulio, procuradora jurídica da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Defensora da política de cotas como parte da luta pela igualdade racial no País, Dora Lucia de Lima Bertulio integrou o grupo de pesquisadores e professores que visitou universidades em 24 dos 27 estados brasileiros no início dos anos 2000, quando do surgimento das primeiras discussões sobre a implementação da política afirmativa de ingresso ao Ensino Superior. Este grupo, conta a professora, foi liderado por servidores da Universidade de Brasília (UNB) e Fundação Palmares, e contou com a participação de uma representante da Universidade Estadual de Londrina, a docente do Departamento de Ciências Sociais, Maria Nilza da Silva.

A roda de conversa contou com a presença de 20 servidores da Universidade Estadual de Londrina à frente de setores importantes da instituição. Estiveram presentes representantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab); Gabinete da Reitoria; Procuradoria Jurídica; Corregedoria; Ouvidoria; Transparência; Pró-Reitoria de Recursos Humanos (Prorh); Pró-reitoria de Administração e Finanças (Proaf); Pró-reitora de Planejamento (Proplan); Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Prograd); Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec) e Prefeitura do Campus Universitário (PCU). 

Programação

A campanha “UEL na Luta Contra o Racismo” será lançada nesta terça-feira (21), com um ato simbólico para o lançamento da Campanha “UEL na Luta Contra o Racismo”, com o plantio de uma árvore nas proximidades do Neab. Posteriormente, às 19h, os participantes seguem para o Anfiteatro Maior do Centre de Letras e Ciências Humanas, onde haverá a assinatura de uma carta em apoio à Campanha.

Ainda no Anfiteatro do CLCH, o lançamento da Campanha será iniciado às 19h30, com a mesa redonda “Cenários políticos e jurídicos para a luta contra o racismo no Brasil”, composta pela procuradora Dora Lúcia de Lima Bertulio e pelo professor Reginaldo Aparecido Alves (Reginaldo Nimboadju), Cacique da Terra Indígena de Pinhalzinho, localizada em Tomazina (PR).

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