Projeto está desenvolvendo aparelho para detecção de problemas cardíacos

Projeto está desenvolvendo aparelho para detecção de problemas cardíacos

O infarto do miocárdio é a primeira causa isolada de mortes no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma pessoa morre em decorrência de doenças cardiovasculares a cada 90 segundos, totalizando mais de mil vítimas diariamente. Parte desses casos poderiam ser evitados com a realização de um eletrocardiograma (ECG), exame utilizado para […]

O infarto do miocárdio é a primeira causa isolada de mortes no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma pessoa morre em decorrência de doenças cardiovasculares a cada 90 segundos, totalizando mais de mil vítimas diariamente. Parte desses casos poderiam ser evitados com a realização de um eletrocardiograma (ECG), exame utilizado para verificar a saúde cardiovascular e identificar problemas cardíacos, e, consequentemente, um tratamento adequado logo no início. 

Para fazer um ECG é necessário se dirigir até uma unidade de saúde, onde um médico ou profissional da enfermagem fará o exame, que posteriormente será interpretado por um cardiologista. Mas e se existisse um aparelho que possibilitasse a detecção de problemas cardíacos sem a necessidade de sair de casa? Visando aumentar o acesso à saúde, o desenvolvimento de um dispositivo de ECG pessoal é o objetivo do projeto de pesquisa “Detecção de Problemas Cardíacos em Tempo Real Através da Análise do Ritmo Cardíaco”. 

Segundo o coordenador do projeto, professor Wesley Attrot, a ideia é produzir um produto focado na realidade brasileira, com baixo custo e que todas as pessoas possam ter em casa. “Da mesma forma que existe um aparelho para medir a glicemia, para medir a pressão, nosso objetivo é fazer um aparelho para dizer se o coração está saudável ou não”, esclarece o docente do Departamento de Computação (CCE). O dispositivo poderá ser adquirido, também, por lugares que sofrem com a falta de médicos, atuando na prevenção dos problemas cardíacos. “Assim, a pessoa vai poder buscar um grande centro de saúde caso o aparelho detecte algo.” 

Protótipo

Iniciado em 2019, o projeto está dividido em partes, que incluem a leitura do ECG, remoção de ruído, extração de pontos e montagem do aparelho responsável pelo diagnóstico. Atualmente, a equipe está fazendo a marcação de pontos do ECG, utilizados para analisar a batida de um coração e classificá-la como saudável ou não. “Assim que a gente terminar a etapa atual, de marcação dos pontos, faremos a construção do protótipo completo, desde a captura do sinal até a classificação final”, conta Attrot.

Seguindo uma base de dados de sinais cardíacos já existente, os integrantes do projeto iniciaram a montagem de um protótipo do aparelho, que inclui uma placa, onde irão os sensores responsáveis pela leitura e processamento do sinal cardíaco do paciente, e um aplicativo de celular para controlar a placa e checar as informações. De acordo com o coordenador, atualmente, eles já conseguem identificar se um batimento é saudável ou se está com algum problema com mais de 90% de precisão. Após a finalização do protótipo, em aproximadamente um ano, serão iniciados testes com humanos para checar a eficácia do aparelho. 

Protótipo do aparelho: “heart rate” indica a frequência do batimento cardíaco; “good complex”, a quantidade de batimentos saudáveis detectados; e “bad complex”, a quantidade de batimentos com algum tipo de anomalia (Foto: Arquivo pessoal)

Além de diagnosticar problemas cardíacos, o projeto tem trabalhado para que o aparelho consiga, também, identificar doenças específicas. “Algo interessante da realidade do Brasil é a Doença de Chagas, então, a gente pretende analisar como ela afeta um ECG e treinar o sistema para indicar, por exemplo, se a pessoa tem a doença de chagas ou uma outra doença em particular”, explica Attrot. Mesmo com a eficácia do dispositivo, o professor reforça que a ideia não é substituir um médico, mas trabalhar como um aliado do profissional para salvar vidas. 

*Estagiária de Jornalismo na COM

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