Pesquisadores seniores acumulam experiências em décadas de pesquisas

Pesquisadores seniores acumulam experiências em décadas de pesquisas

UEL conta com 61 docentes experientes recebendo bolsas da Fundação Araucária e do CNPq. Pesquisam atravessam décadas de duração.

Com mais de quarenta anos de experiência em estudos literários, Alamir Côrrea é o expoente de um ramo de profissionais imparáveis. Seu brilhantismo no Programa de Pós-Graduação em Letras da UEL reúne, a cada semestre, centenas de alunos curiosos para a disciplina “Morte na Literatura e nas Artes”. Mesmo após a aposentadoria, Côrrea manifesta à comunidade acadêmica sua intenção de permanecer integrado ao ensino, por meio do título de Pesquisador Sênior.

Igual a Alamir, há muitos outros. A instituição conta com 61 educadores nessa nobre condição, entre eles dez da Fundação Araucária (FA); 13 na modalidade DT (Desenvolvimento Tecnológico e Inovação); e 16 no sistema PQ-Sr (Produtividade em Pesquisa Sênior), do CNPq. Segundo o diretor de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (ProPPG), Eduardo José de Almeida Araújo, tal índice tem um “significado muito forte” para UEL, visto que mostra para todo o Brasil a produção científica desenvolvida em Londrina, além de estreitar relações com órgãos federais de fomento, como no caso do CNPq.

No caso de Côrrea, bolsista pela FA, o valor de R$ 1875,00 mensais segue de incentivo para a manutenção de seu projeto em eventos e palestras. Enraizado em duas linhas de pesquisa, a citar, a produção literária digital e a presença do luto na literatura contemporânea, o estudo contribui de forma relevante na desmitificação da finitude da vida. Através da discussão de vivências pessoais, revisão bibliográfica e
interpretação de obras, os alunos de Letras se propõem a criar um espaço seguro para a compreensão da morte, enquanto processo natural da humanidade.

Alamir e lécito grego, no Museu Arqueológico de Athenas. Vaso grego foi usado na história como vaso funerário, feito para armazenar óleos perfumados para o cuidado corporal (Arquivo pessoal).

Com um vasto repertório que se articula através dos escritos de Dias Gomes, Shakespeare, Lygia Fagundes Telles, Drummond, Graciliano Ramos, entre outros, o pesquisador cativa a atenção de estudantes espalhados pelo país. Como norte de sua jornada, o trabalho fez com que resignificasse o conceito de velhice advindo do senso comum para uma noção mais pessoal de “fechamento de estrada”.

Foi pensando em valorizar histórias como a de Côrrea que o último edital do Programa de Bolsa Sênior da UEL, lançado em 2023, estabeleceu um retorno econômico aos candidatos. Além do título de pesquisador sênior, o aprovado ganha um estímulo de R$ 1875,00 mensais com vigência de até 48 meses para manter sua obra ativa na aposentadoria.

Morreu, mas passa bem

Tudo começou em 2001, enquanto participava de uma reunião de pesquisadores na Alemanha. Fascinado pelas representações da morte em cemitérios e catacumbas, ele se propôs a analisar o modo primeiro como a literatura tratava o assunto. Foi na Epopeia de Gilgamesh, antigo escrito sumério sobre a procura do Rei de Uruk pela imortalidade, que encontrou o respaldo científico para a compreensão do maior dilema humano: o fim.

Com referências na Pintura e Arquitetura, o professor tece comparações ao longo do século acerca dos costumes de enterro, velório e cremação de distintas sociedades. Pesquisando o óbito do eu, do meu e do teu – categorias criadas para dar ordem aos dados – ele acumula em seu currículo mais de 10 turmas, que juntas geraram 11 dissertações e 6 teses.

Mas, não para por aí. Côrrea ainda desenvolve um projeto à parte de elegias, classificadas como poemas melancólicos destinados a funerais. Cadastrado no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ele é uma referência acadêmica de devoção e amor ao ensino.

Com extensa produção, Alamir ainda desenvolve um projeto sobre elegias, poemas melancólicos destinados a funerais (Amanda Ramos/Agência UEL).

Mulheres na pesquisa

Representando o poder das mulheres na pesquisa, as professoras Cássia Carloto e Lúcia Takahashi prometem inovação nas áreas de serviço social e agronomia, respectivamente. Bolsista-produtividade do CNPq há quatro anos, Carloto desenvolve sua tese sob o crivo da luta de gênero. Sua observação intitulada de “Cuidados e uso do tempo no trabalho com idosos dependentes entre as famílias em situação de pobreza” instiga a sociedade civil a questionar o papel da mulher enquanto zeladora do lar.

Por meio da remuneração de pesquisadora sênior, ela orienta seus estudantes a elaborarem um posicionamento mais crítico da realidade. Já no campo das Ciências Agrárias, o destaque fica por conta de Takahashi. A professora sênior especialista em “Produção e Tecnologia de Sementes” reúne todos os anos entusiastas em Fitotecnia. Membro editorial da Revista Semina, de 2011 a 2022, ela é reconhecida na UEL
por sua dedicação ao conhecimento.

Através da qualificação de sênior, tais cientistas têm seu esforço legitimado perante aos pares. Assim, muitos permanecem nas carreiras e obtêm melhoras significativas a mazelas sociais.

*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.

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