Iniciativa combate carência de leitura em escolas com ferramenta de conteúdo digital

Iniciativa combate carência de leitura em escolas com ferramenta de conteúdo digital

Projeto de extensão desenvolvido no Departamento de Ciência da Informação busca incentivar a leitura levando conteúdo atualizado de livros, vídeos, áudios e ilustrações a estudantes de escolas que não contam com acesso a bibliotecas e à internet de qualidade. O projeto parte da mais absoluta simplicidade para cumprir a lei 12.244/20210 e a lei 13.696/2018, […]

Projeto de extensão desenvolvido no Departamento de Ciência da Informação busca incentivar a leitura levando conteúdo atualizado de livros, vídeos, áudios e ilustrações a estudantes de escolas que não contam com acesso a bibliotecas e à internet de qualidade. O projeto parte da mais absoluta simplicidade para cumprir a lei 12.244/20210 e a lei 13.696/2018, que propõem um marco legal para a promoção da leitura. Reúne em um pendrive de 32 GB conteúdo com licença aberta e de domínio público – mais de 4,1 mil livros clássicos e científicos, 500 vídeos didáticos, 700 áudios e 15 mil ilustrações, que pode ser utilizado no ensino e aprendizagem, leitura ou como ferramenta de aulas.

Segundo o coordenador do projeto, professor Benjamin Luiz Franklin, do Departamento de Ciência da Informação, o projeto começou a ser gestado a partir de 2012, considerando o absurdo da discrepância, o retrato do país, já que 10 milhões de estudantes não têm acesso ao livro e que 70% das escolas estão devidamente conectadas, ou seja, contam com rede mundial de qualidade. Ele define a solução como a aplicação de uma ideia simples para suprir estudantes com um conteúdo que pode fazer a diferença no processo formativo.

Segundo o professor, o conteúdo disponibilizado pode ser utilizado pelo estudante individualmente ou na Intranet da escola. Os dados podem ser ainda acessados em um dispositivo institucional, um site ou repositório, e ainda de forma oculta com a chamada rede Tor – The Onion Router, rede global de servidores que protege a privacidade do usuário online, impedindo que terceiros rastreiem a atividade online. Ele destaca que essas interfaces são importantes para difundir o conteúdo e combater as big techs e qualquer forma de controle de acesso à informação.

Atualmente, mais de 250 pendrives já foram distribuídos para professores de escolas públicas de Londrina, que utilizam na versão pessoal (individual). O próximo passo será estender a proposta para outras instituições de ensino, adaptando a ferramenta de acordo com a necessidade. A ideia é executar um plano piloto disponibilizando todo o conteúdo para o máximo de estudantes e professores.

“Pessoas têm informações fragmentadas e a leitura proporciona um arco narrativo do pensamento, uma hierarquia das ideias para estabelecer um raciocínio”, define o professor (Foto: Pedro Livoratti)

Desafios

Pesquisador da área da informação, o professor afirma que, apesar da disseminação da Internet e do oferecimento de uma grande gama de conteúdo, atualmente existem mais de 40 mil livros ilegais, pirateados nas redes sociais e em grupos da Deep Web. O professor afirma que neste mundo virtual e de grande oferta de conteúdo, a leitura se tornou fundamental, na verdade um diferencial para estudantes e profissionais se integrar e adquirir o que ele chama de competência infocomunicacional.

“As pessoas têm informações fragmentadas e a leitura proporciona um arco narrativo do pensamento, uma hierarquia das ideias para estabelecer um raciocínio”, define. O professor afirma ainda que é a leitura que vai separar pessoas e profissionais que produzem dos que apenas consomem conteúdo.

Ele reforça o argumento retomando os primórdios da civilização. Toda a História humana é baseada na escrita, em memórias e interpretação textual ou de conteúdos, por isso não se pode acreditar em uma evolução diferente da prática de leitura, compreensão e comparação de informações. “Não dá para abandonar isso e eleger somente a tecnologia. Estamos falando de uma geração que precisa cuidar para evitar um desemprego estrutural”, alerta. A saída está no resgate e no compartilhamento do livro. Educação baseada na velha (mas, mais atual do que nunca) prática da leitura. Vida longa ao livro!

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