Pesquisador estuda religiões sob perspectiva junguiana
Pesquisador estuda religiões sob perspectiva junguiana
As pesquisas do professor Alfredo incluem uma série de atividades, como coordenação de um grupo de estudos, orientações de trabalhos e a leitura de interpretação da BíbliaO professor Alfredo dos Santos Oliva (Departamento de História) tem voltado seu foco sobre a religião desde sua graduação. Ou melhor, graduações. Afinal, ele é historiador, teólogo e quase psicólogo (forma-se em um ano). É Mestre em Sociologia, em Teologia, Doutor em História, e pós-doutor em Ciência da Religião. O trânsito entre estas áreas é credenciado por um importante conceito que também transita entre todas elas, e outras: o simbolismo.
Este simbolismo em questão se alicerça no pensamento de Carl Gustav Jung (1875-1961), psicoterapeuta suíço, e fundador da psicologia analítica. São dele outros conceitos igualmente importantes, como inconsciente e arquétipos. Sua teoria influenciou grandes mentes da Humanidade, como Joseph Campbell (estudioso dos mitos), o epistemólogo Jean Piaget (teoria da construção do conhecimento) e Mircea Eliade, um octoglota referência no estudo das religiões.

Foi em companhia de pensadores como estes que o professor Alfredo passou anos estudando religiões. Na graduação, sobre o neopentecostalismo. No pós-doutorado, sobre o Cristianismo primitivo (dos primeiros séculos). O pesquisador encontrou em Jung uma aproximação entre os conceitos de inconsciente e de mitos através da ideia de linguagem simbólica. Ele cita algumas obras fundamentais: “Resposta a Jó”, “Interpretação Psicológica do Dogma da Trindade” e “O símbolo da transformação na missa”.
No Mestrado em Sociologia, por exemplo, ele foi orientado por um antropólogo, e estudou nomes como John Sanford (1929-2005), sacerdote protestante e analista junguiano, e Paulo Ferreira Bonfatti, outro especialista em Jung, e que publicou a obra “A expressão popular do sagrado: uma análise psico-antropológica da Igreja Universal do Reino de Deus”.
Exorcismos
Ao citar Jung, o professor Alfredo fala, por exemplo, das figuras de Cristo e do diabo. O primeiro representa a totalidade da psique, a completa noção de “si mesmo” que torna um ser humano equilibrado em seus muitos atributos e emoções. Ao contrário, o diabo é tudo aquilo que obstaculiza esta completude – um trauma, uma mágoa, uma perda não superada, um medo. “O diabo é a dimensão sombria. É o engano, a mentira, o antivalor”, comenta o pesquisador. Quando o ser humano tem algo assim não resolvido, ele pode negar o que sente, ou que tem dentro de si, e projeta no “outro”. Ou seja, a culpa não é dele; é do diabo.
Muitos exorcismos realizados e registrados na IURD foram analisados à luz da Psicanálise junguiana por outros pesquisadores. Assim, atos cometidos supostamente por influência diabólica – como um adultério – puderam ser explicados psicologicamente. Porém, as condições no momento do diálogo com o “possuído” e com o pretenso assediador estavam bem longe das ideais para que a pessoa pudesse entrar em contato com esta “dimensão sombria” e lidar com seus próprios sentimentos.
Interpretação da Bíblia
As pesquisas do professor Alfredo incluem uma série de outras atividades, como coordenação de um grupo de estudos com alunos, orientações de trabalhos acadêmicos e a leitura de interpretação da Bíblia sob a ótica junguiana. Segundo o pesquisador, existe um grande número de estudos publicados sobre o tema.
Além disso, o professor tem um canal no You Tube bastante profícuo: posta dois vídeos por semana e faz isso religiosamente há cinco anos. Atualmente, ministra uma disciplina de História da Alquimia, também com Jung, e prepara dois livros para publicação. Um deles, que aborda aqueles conceitos de Cristo e do diabo, deve ser lançado ainda este ano.
Participam do projeto no momento três estudantes de graduação e três do Mestrado em História.
