Proprietário da 1ª escola brasileira no Japão abre simpósio de educação na UEL
Proprietário da 1ª escola brasileira no Japão abre simpósio de educação na UEL
O evento acontece de 6 a 10 de outubro, em formato híbrido, na Universidade Estadual de Londrina (UEL).“Esse é um evento mundial. O convite me deixou muito lisonjeado. É algo importante não só para mim, mas para toda a comunidade que trabalha com educação no mundo.” A declaração é de Walter Toshio Saito, presidente da Associação das Escolas Brasileiras no Japão (AEBJ), que será conferencista no VI Simpósio Nacional e III Simpósio Internacional da Infância, Educação e Teoria Crítica. O evento acontece de 6 a 10 de outubro, em formato híbrido, na Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Nascido em Terra Boa, Walter Toshio Saito veio para Londrina com três anos de idade, onde viveu. Ele se formou em Educação Física pela própria UEL. Hoje, Saito é empresário e fundador do Grupo TS, responsável pela criação de uma das primeiras escolas brasileiras no Japão, o Instituto Educacional TS Recreação, reconhecido pelo Ministério da Educação do Brasil e pelo governo japonês desde 2009. Sua conferência, no dia 6 de outubro, terá como tema “Desafios e possibilidades das escolas brasileiras no Japão para Educação Ambiental.”
Durante a palestra, ele vai compartilhar a experiência de sua escola, que integra práticas de agricultura e empreendedorismo infantil. A instituição mantém uma horta de mil metros quadrados, onde as crianças participam de todo o processo: semeiam, cuidam, colhem e vendem alimentos sem uso de agrotóxicos. Parte da produção é usada para a própria alimentação dos alunos na escola e o excedente é comercializado. O lucro é revertido para atividades como viagens de formatura pela Ásia. Segundo Saito, os alunos aprendem sobre o valor do trabalho, a alimentação saudável e a ideia de que é possível traçar caminhos fora das fábricas.
Saito observa que muitas crianças brasileiras no Japão não concluem o ensino fundamental e acabam em trabalhos manuais precoces, por falta de referências. Segundo ele, os vínculos familiares, muitas vezes, são substituídos por bens materiais. Para enfrentar essa realidade, Saito defende uma pedagogia afetiva. Em sua creche, não é permitido que as professoras deem banho nas crianças, para que esse momento permaneça com os pais. A medida visa resgatar vínculos num país onde, segundo ele, há distanciamento emocional nas relações familiares.
Atualmente, Saito é membro da Câmara de Comércio de Honjo, na província de Saitama, e conselheiro da Câmara de Comércio Brasileira no Japão. A escolha do nome partiu da professora Denise Miyabe, uma das coordenadoras do simpósio, que conheceu o trabalho de Saito em um evento.

(Foto: Denise Miyabe).
Com trajetória semelhante – Denise também viveu no Japão e enfrentou dificuldades de acesso à educação por barreiras linguísticas – identificou-se com a proposta de acolhimento criada pela escola de Saito. “Quando eu percebi que todo esse trabalho dele culminou, não só com a empresa, mas com a escola, criando essa comunidade e esse amparo, eu vi nisso um diferencial que talvez se eu tivesse tido naquela época, eu poderia ter me inserido e dado continuidade aos estudos”, relembra.
Simpósio
Com o tema “Educação ambiental e formação de professores em tempos de travessia: perspectiva crítica de ação humana na e com a natureza”, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) promove o VI Simpósio Nacional e o III Simpósio Internacional da Infância, Educação e Teoria Crítica.
O evento é realizado pelo projeto de extensão CRITinfância da UEL; pela Associação Paranaense de Ex-bolsistas Brasil-Japão (APAEX); Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Infância e Teoria Crítica (GEPEITC/UEL) e Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Infantil Inclusiva (GEEII/UEM).
Com vagas limitadas, o simpósio terá programação presencial com parte das atividades transmitidas online via YouTube. As inscrições seguem abertas até 6 de outubro, ao valor de R$65, e podem ser feitas pelo site.
(Texto produzido por Sara Beatriz Barbosa, para a disciplina de Assessoria de Imprensa 2 do curso de Jornalismo da UEL, sob a supervisão do professor Reinaldo Zanardi).