Egresso da UEL é o único músico brasileiro entre os vencedores no Fênix Award

Egresso da UEL é o único músico brasileiro entre os vencedores no Fênix Award

Gonzalo Rebeläto foi eleito melhor cravista em competição internacional realizada de forma online.

O compositor, multi-instrumentista e professor Gonzalo Rebeläto tem 26 anos e desde os cinco sente pela música algo que pode ser comparado à fome. Seu apetite pela arte o fez iniciar os estudos ainda no Ensino Fundamental, passar pela Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp Tom Jobim), participar de muitos festivais pelo país e concluir a graduação na Universidade Estadual de Londrina no ano passado, uma caminhada que confere ao jovem a maturidade para interpretar obras dos grandes compositores eruditos. Dividido entre a seriedade que o seu ofício exige e a leveza da juventude, o artista vem sendo recompensado pelas muitas horas em que passa devorando partituras e livros de história da música. A mais recente chegou por e-mail no último dia 25 de agosto e o fez constatar que é o único brasileiro entre os vencedores do Fenix Award, competição internacional realizada pela Universal Maestro Society, organização sediada em Gdansk, na Polônia. 

Gonzalo participou de muitos festivais pelo país e concluiu a graduação na UEL no ano passado (Foto: divulgação Fenix Award).

A mensagem veio acompanhada de um certificado assinado pelo diretor artístico da organização e informava que Rebeläto havia sido condecorado com uma medalha de ouro por sua performance com o harpsichord (cravo, em português), instrumento de cordas pinçadas cujo surgimento remonta ao século XIV na Itália e a origem remete a outro instrumento antigo de cordas, o Saltério. Um novo marco importante para o currículo do jovem músico, importado diretamente da terra onde nasceu Frédéric Chopin (1810-1849). 

Para participar da competição, que surgiu há menos de um ano com o objetivo de incentivar e reconhecer talentos em todo o mundo, os interessados devem enviar material audiovisual de acordo com as regras da competição. “Tem um júri de professores e compositores e é um concurso bem aberto e recente, então não há uma tradição. Eu acredito que deve ter uma equipe bem grande porque são muitos instrumentos e as categorias de composição e regência”, explica Rebelato.

O instrumento que o consagrou medalha de ouro está amplamente conectado à história do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). São composições de Bach as obras que Gonzalo escolheu enviar para a competição, sendo que uma faz parte de uma coleção composta em 1722 chamada “O Cravo Bem Temperado”. Confira a performance.

Tocado da mesma forma que o piano, o cravo faz parte da família dos cordofones (cordas) e também é caracterizado por ter uma cauda com a mesma forma de uma harpa. O som é produzido por pequenas “unhas” de plástico que funcionam como se fossem palhetas de um violão, pinçando e abafando as cordas. Um dos mais populares da música antiga, o instrumento assume protagonismo no período barroco (1600-1750) na Europa e também aparece com destaque na música brasileira no período colonial.

Ao alcance das mãos, o cravo é alvo da curiosidade de Gonzalo há pelo menos quatro anos, desde que iniciou um processo de transição do piano permeado por boas companhias, conta ele. Rebeläto cita o apoio do amigo e professor da UEL, Jaílton Santana, desde a chegada da sua família em Londrina, aos 13 anos, além de Roney Marczak, diretor da Escola de Música Sol Maior. Ele também destaca a admiração pelos professores da Emesp Alessandro Santoro, filho do compositor e maestro Cláudio Santoro, “um poço de conhecimento”, diz, e Luiz Otávio Santos, “referência no violino barroco”, define. O jovem ainda agradece ao amigo e diretor do setor de Música Histórica da Divisão de Música da Casa de Cultura da UEL, Elimar Plínio Machado, quem gentilmente emprestou o instrumento para a gravação dos vídeos. Já como maior nome do instrumento atualmente em todo o mundo, ele destaca o trabalho do organista e cravista francês Pierre Hantaï, quem admira e almeja seguir os passos. 

Deixando de lado qualquer aceno à vaidade individual por conta do prêmio, Rebelato diz encontrar muita motivação enquanto educador musical, atividade que desenvolve desde 2012 e o coloca em projetos sociais pelo Sul e Sudeste do País. Em Londrina, atua na Orquestra Barroca Capriccio Stravaganti, Flauta&Fole, Funcart Londrina e Orquestra Jovem Sol Maior. Buscando aprofundamento para o seu próprio deleite ou com o intuito de “passar adiante a palavra”, diz ele, o apetite pela música é o que traz sentido à vida do artista.

O Fênix Award é uma competição internacional realizada pela Universal Maestro Society, organização sediada em Gdansk, na Polônia (Foto: Divulgação Fenix Award).

“Poder iluminar o caminho para outros músicos também. Sempre fui muito espontâneo para colocar a minha identidade, trabalhar com musicalização em escolas. Tive a oportunidade de fazer cinco anos de estágio na mesma escola, foi muito rico e hoje estou num momento que consigo aplicar e criar uma abordagem das ferramentas retóricas da música antiga com as crianças. É muito importante e gratificante sentir que estou conseguindo passar a mensagem adiante”, conclui.  

(*Assessor Especial na Coordenadoria de Comunicação Social).

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