NEAB e Juventude do MST promovem conversa sobre combate ao racismo religioso e recreativo
NEAB e Juventude do MST promovem conversa sobre combate ao racismo religioso e recreativo
Ação de extensão universitária e educação não formal foidesenvolvida no Acampamento Fidel Castro do MST de Centenário do SulO Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL (NEAB), em parceria com o setor de juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizou uma série de oficinas e debates sobre o combate ao racismo religioso, recreativo e pela valorização da identidade afrobrasileira, no Assentamento Fidel Castro, em Centenário do Sul, norte do Paraná, no último dia 29.
A ação intitulada, “Não é Brincadeira não – desconstruindo o racismo religioso e recreativo com a juventude do MST”, parte de um estágio supervisionado em gestão não escolar do curso de Pedagogia e reuniu jovens, educadores, artistas e acadêmicos em torno da construção de uma educação antirracista.
A atividade surgiu de uma demanda interna do próprio assentamento. “Recebemos a solicitação para trazer reflexões sobre racismo religioso e recreativo, que também perpassam as relações cotidianas aqui”, explicou a professora Marleide Perrude, coordenadora do NEAB e docente do Departamento de Educação. “É um debate essencial em qualquer espaço, mas sobretudo entre as lideranças da luta pela terra, que também precisam se alinhar na luta antirracista, numa perspectiva interseccional”, enfatizou.
A professora Camila Aparecida Pio, também docente Departamento de
Educação e responsável pela supervisão do estágio, destacou a importância
de levar a discussão para territórios de reforma agrária. “Trabalhar esse tema
aqui é extremamente importante tanto para a formação das futuras pedagogas quanto para a juventude do assentamento. É um processo de ocupar espaços e construir uma educação antirracista a partir da realidade local”, comentou.
Atividades
Ao longo do dia foram realizadas três oficinas principais planejadas pelas estagiárias de Pedagogia com apoio de artistas convidados. As ações se dividiram em grafite e representatividade com o artista William dos Santos, de 39 anos, na qual os jovens trabalharam a representação de personalidades negras por meio da arte do grafite. “A arte é a maneira que encontrei de me expressar e trazer representatividade. Sempre busco pintar rostos negros para que as pessoas se interessem e conheçam suas histórias”, destacou.
Foram apresentadas atividades de leitura e debate sobre obras de autores negros, com produção de um texto coletivo ao final, reforçando a luta antirracista. Por meio da produção de fanzines para discussão de conceitos e construção de identidade, os participantes criaram materiais gráficos com suas reflexões sobre o tema.
Durante um bate-papo com Bruno dos Santos, jornalista e Mestre de Cerimônia, os jovens tiveram contato com a cultura do hip-hop. Lagrave, nome artístico de Bruno, apresentou a dinâmica das batalhas, contando um pouco de sua trajetória como MC e campeão regional de batalhas de rima pela cidade de Maringá. “A importância desse encontro, é a gente compreender a luta antirracista, compreender os problemas do racismo e ter esse letramento racial (…) e as batalhas de rima, o hip hop de forma geral, são protagonistas nessa questão de luta, principalmente racial, e contra o preconceito religioso também”, afirmou.
Marcos Antônio Bueno da Silva de 22 anos, agricultor e coordenador do setor de juventude do acampamento, avaliou a iniciativa como fundamental. “É de suma importância. Dentro do nosso movimento, o tema é debatido, mas no acampamento em si nunca havia sido tratado a fundo. Isso aqui vai ser um pontapé inicial para fazermos outros eventos com a UEL e o NEAB”,explicou.
A estudante de pedagogia Yasmin, uma das estagiárias, relatou que o processo começou com estudos aprofundados no NEAB. “Antes de pensar o que apresentar, nós nos aprofundamos nas temáticas. Foi um momento de muito aprendizado, que nos deixou preparadas para estar aqui hoje”, expôs..
Além da comunidade do assentamento, participou do evento Angélica Trambali de 26 anos, professora da escola itinerante Simeno Saber, do Acampamento Zilda Arns, em Florestópolis. “Essa atividade é muito importante para termos recursos e instrumentos para combater o racismo recreativo e religioso, que infelizmente ainda acontece na nossa sociedade”, afirmou.
A ação reforça a atuação do NEAB na formação antirracista para além dos muros da Universidade, criando pontes entre a academia, a arte e os movimentos sociais do campo.
Para mais informações, acesse o site e o Instagram do NEAB, ou entre em contato por e-mail. Ou ligue: (43) 3371- 4599 / (43) 3371- 4679.

fizeram parte das atividades desenvolvidas (Foto: NEAB)
*Estagiário do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB)
