Maior empresa de biodefensivos da América Latina lança produto em parceria com a UEL
Maior empresa de biodefensivos da América Latina lança produto em parceria com a UEL
Acordo para produção do Frontier Control é de 2017. Desde então, empresa fez um "ciclo completo" no interior da Aintec, da concepção à comercialização do produto.A Universidade Estadual de Londrina comemora os bons resultados de uma parceria firmada entre o Laboratório de Biotecnologia Microbiana (Labim), do Centro de Ciências Biológicas (CCB), a Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) e a empresa Simbiose Indústria e Comércio de Fertilizantes e Insumos Microbiológicos, maior produtora de defensivos e insumos microbiológicos da América Latina. A partir dos resultados de um acordo de cooperação firmado em 2017, a Simbiose desenvolveu um defensivo agrícola que não gera impactos ao meio ambiente e à saúde humana eficaz no combate às principais doenças da soja e do milho. Com o início da venda do produto, batizado de Frontier Control, um ciclo é concluído na UEL, marcando a história da agricultura brasileira.
Para o diretor da Aintec, Edson Antônio Miura, a comercialização do Frontier Control, que já começou, é motivo de muito orgulho para todos os envolvidos neste processo, o pioneiro dentre os acordos de cooperação técnica e científica firmados entre a UEL e o setor privado. “Em média, são necessários pelo menos dois anos de pesquisas, mais um período para iniciar a produção. Então, considerando que tivemos a pandemia, esse processo foi concluído em um período interessante. É o tipo de resultado que ficamos muito felizes em ver por conta do fechamento de um ciclo”, destaca Miura.
O assessor da Aintec, Marinno Arthur, lembra que a Simbiose assinou o acordo de cooperação técnica e científica com a UEL em 2017. No ano seguinte, as pesquisas com a bactéria Bacillus velezensis, base do Frontier Control, foram intensificadas no Labim sob o comando do professor Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia (CCB). Já o ano de 2019 foi dedicado à assinatura do termo de transferência de material genético e os ensaios, aos ensaios de campo e ao escalonamento da produção pela Simbiose. “Então, em julho de 2021, é realizada a assinatura do contrato de transferência de material biológico, com a formalização do licenciamento. Esse processo demanda também o registro no SisGen (Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado) e no Ministério da Agricultura”, lembra.
Destaque
Questionado sobre quais são os benefícios para a UEL, ele enumera uma série de vantagens que colocam a instituição em uma posição de destaque entre as universidades públicas brasileiras. Além de ter um contato mais próximo com o que há de mais avançado na indústria atualmente, a UEL passa a receber recursos oriundos da exploração comercial do biofungicida, abrindo caminhos para novos investimentos em insumos, equipamentos para seus laboratórios e bolsas de estudos para a formação de recursos humanos. “Outra vantagem é termos um contato com empresas que nos mostram suas necessidades, apontando um caminho. Não necessariamente teremos que seguir este caminho, mas poderemos analisar se é interessante ou não em termos de possibilidades de novas pesquisas e inovação”, avalia.
Ainda de acordo com a Aintec, o contrato firmado entre a UEL e a Simbiose prevê que o recebimento dos royalties sobre propriedade intelectual tenha início um ano após a comercialização do primeiro lote do produto, ou seja, no segundo semestre de 2024. O contrato ainda prevê que o pagamento ocorra em parcelas fixas durante cinco anos.
“Pela resolução de propriedade intelectual da universidade, é dividido entre autores da pesquisa, ou seja, quem foi registrado como autor junto à universidade, departamentos e centros, Faepe (Fundo de Amparo ao Ensino, Pesquisa e Extensão), a Fundação de Apoio que faz a interveniência deste contrato, a administração central da UEL e a Aintec”, explica Marinno Arthur.
Foi a partir da sedimentação de uma boa relação institucional entre a Aintec e a Simbiose que novas parcerias já estão em processo de amadurecimento, envolvendo docentes de outros centros de estudos, caso do Centro de Ciências Agrárias (CCA).
Neste sentido, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Simbiose, Artur Soares, comenta que o sucesso dos produtos gerados pelos esforços conjuntos é uma questão de paciência e muito trabalho no convencimento dos agricultores. Ele lembra que a eficácia da tecnologia é atestada pelos próprios laudos emitidos por instituições credenciadas no Ministério da Agricultura, onde são realizados os processos de validação dando mais segurança ao produtor rural que optar em utilizar o Frontier.
“A parceria, quando bem-feita, é uma receita de sucesso. Nós juntamos todo o conhecimento do pesquisador com a nossa expertise, ou seja, a indústria, o marketing. É o encaixe perfeito. Entendemos que a parceria com a UEL é um marco para a empresa e o resultado será muito positivo para ambos”.
Artur Soares, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Simbiose.
DNA da UEL pelo mundo
O professor Admilton Gonçalves de Oliveira lembra que o início da parceria com a Simbiose remonta ao nascimento do próprio Laboratório de Biotecnologia Microbiana, que foi criado para intensificar a pesquisa aplicada feita no CCB.
De olho na prospecção de microrganismos para o uso na agricultura, o time de pesquisadores do LABIM desenvolveu um protocolo, integrando diferentes técnicas para obter isolados altamente promissores. Dentre os isolados, Bacillus velezensis linhagem LABIM40 foi escolhido para o desenvolvimento do biofungicida dentro da parceria entre a UEL e a Simbiose. A sigla LABIM40 corresponde à posição 40 no banco de microrganismos do LABIM. A linhagem também foi depositada na Coleções Microbiológicas da Rede Paranaense – CMRP, Taxonline, sob o código CMRP4489. Já a espécie Bacillus velezensis é assim denominada por ter sido isolado pela primeira vez do rio Vélez, em Málaga, na Espanha.
“Muito da maturidade do laboratório e dos recursos humanos vem por meio da aprovação dos projetos e, principalmente, do aporte financeiro deste projeto, que chamamos na época de projeto Frontier. A ideia era um conceito de um biodefensivo que estivesse na fronteira do desenvolvimento de tecnologia”, conta o coordenador do Labim.
Ele também enaltece o trabalho da jornalista Tatiana Fiuza, que intermediou o acordo à época na Aintec, e do então diretor de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (ProPPG), Artur Mesas, que chegou a realizar questionamentos importantes para o amadurecimento do trabalho.
Dentre os inúmeros momentos marcantes da jornada, Gonçalves lembra o dia 27 de julho de 2017, data que marca a assinatura do contrato com a Simbiose e, também, o seu aniversário. Já no “campo” simbólico, é a véspera de outro dia também muito especial no Brasil, o Dia Nacional do Agricultor. “O biofungicida FrontierControl é um produto embarcado com muita inovação tecnológica, da fabricação à formulação. Ele entrega o poder da biologia com o desempenho da química sintética. É uma tecnologia com foco em maior produtividade com sustentabilidade”, conclui o professor.