Pesquisa estuda intervenções em arquiteturas modernas no Brasil
Pesquisa estuda intervenções em arquiteturas modernas no Brasil
Tese de doutorado investiga como intervenções bem-sucedidas no exterior podem ser empregadas em obras do movimento moderno no BrasilA tese de Doutorado “O Processo de Projetos de Intervenção no Legado do Movimento Moderno”, da doutoranda do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UEL, Priscila Fonseca da Silva, tem como principal objetivo estudar as intervenções para a preservação e o reúso dos patrimônios da arquitetura moderna.
O projeto ligado à tese conta com a orientação do professor Sidnei Junior Guadanhim e participação de quatro alunos da graduação, sendo dois deles bolsistas de Iniciação Científica.
Em sua pesquisa, Priscila – professora no Instituto Federal do Paraná em Umuarama – busca intervenções bem sucedidas em casos internacionais e considera como essas ações podem ou foram empregadas em arquiteturas do movimento moderno no Brasil.
De acordo com a doutoranda, o processo de preservação dessas construções é complexo, uma vez que as edificações não são vistas como patrimônio. “O principal desafio é a falta de reconhecimento dessas arquiteturas enquanto algo a ser preservado. Em função da falta de educação patrimonial, a gente ainda tem um entendimento muito superficial do que seria patrimônio. As pessoas entendem que patrimônio seria algo velho, com mais de 100 anos. Apesar de algumas arquiteturas do movimento moderno já estarem chegando nessa idade, as pessoas procuram no patrimônio tanto a antiguidade quanto a monumentalidade e as arquiteturas do movimento moderno às vezes não respondem a nenhuma dessas duas variáveis”, lamenta a arquiteta.
Priscila também chama a atenção para a dificuldade da preservação em razão dos materiais utilizados nessas edificações. Segundo a arquiteta, devido ao contexto histórico em que foram construídas, muitas dessas edificações utilizaram materiais experimentais que se degradaram com o tempo, como o concreto da época. Ela arquiteta aponta como, por meio do reúso e manutenção desses edifícios, é possível preservar as estruturas com as características do movimento moderno. “É necessário aliar a preservação e o reúso. O reúso precisa ser feito para que nós possamos utilizar essas arquiteturas da forma como nós vivemos hoje, mas também preservar esses patrimônios, o que já é mais um desafio, porque a gente ainda está montando o escopo de como preservar arquiteturas de concreto. O concreto foi, na época, um material experimental e nós ainda estamos entendendo como esse tipo de material envelhece”, explica.

Casos de sucesso
Um dos casos nos quais a arquitetura moderna no Brasil foi bem preservada é o Cine Teatro Ouro Verde. Inicialmente pensado apenas como cinema e posteriormente utilizado também como teatro, o Ouro Verde é um ótimo exemplo de como essas construções podem ser reservadas.
“O caso do Ouro Verde é emblemático dentro de Londrina e talvez até dentro do cenário nacional, em que a gente tem um incêndio acontecendo em 2012. Aquilo criou uma comoção muito grande. A gente vê que esse é um prédio muito querido pelo londrinense e é bastante utilizado. Ele já tinha sofrido reúso, ele já era um cineteatro, ele nasceu só como cinema e a intervenção feita ali recuperou muito dessas características. Então foi feita essa leitura da obra”, comenta.
*Estagiária de Jornalismo na Coordenadoria de Comunicação Social.