Com o objetivo de fomentar a produção de orgânicos na região Norte do estado, o Núcleo de Certificação Orgânica da UEL vem encontrando nos assentamentos rurais grupos de produtores e famílias interessados em conhecerem técnicas de manejo baseadas nos princípios da agroecologia, base do modelo orgânico de produção. Desta forma, 42 produtores que vivem em propriedades e assentamentos localizados em 34 municípios da região receberam a certificação orgânica, somente nos primeiros nove meses do ano passado. O número representa cerca de 12% do total de certificações emitidas no período pelos 11 núcleos do programa Paraná Mais Orgânico (PMO), estratégia coordenada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para agregar valor aos produtos orgânicos, fomentar a produção e conservar os recursos naturais.

Para o docente do Departamento de Agronomia (CCA) e coordenador do Núcleo de Certificação Orgânica da UEL, Maurício Ursi Ventura, embora tímidos, os resultados são positivos. A avaliação leva em conta que o número total de agricultores familiares na região é reduzido, informa o professor, devido à região ter uma grande quantidade de grandes produtores, com lavouras mecanizadas.

“Temos alguns produtores espalhados, mas onde mais cresce é mesmo nos assentamentos. Então, conseguimos ajudar o agricultor a ter acesso a mercados a que, normalmente, não teria, agregando valor por ser produto orgânico. O produtor também consegue uma boa produção pela tecnologia que levamos, e, ainda, fazemos a certificação gratuitamente”, destaca o professor.

Dados do Censo Agropecuário inseridos no boletim “Sistemas de Produção Agropecuária do Paraná: especialização e diversidade” apontam que 88% da área cultivada na Mesorregião Norte do Paraná está ocupada pelas dez principais atividades produtivas mais frequentes. A predominância, aponta o boletim elaborado em 2023 pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR), é do cultivo mecanizado de Grãos, Bovinos de Corte e Café, além dos grupos Diversificado, Agroindústria, Produção de Leite, Ave de Corte, Semidiversificado e Mandioca, aumentando o desafio dos docentes e estudantes do PMO. 

Paraná na dianteira

Mesmo assim, o Paraná encerrou 2023 em primeiro lugar dentre os estados com o maior número de produtores com certificação orgânica. Somadas aos 727 produtores certificados entre janeiro e setembro do ano passado, o Paraná atingiu 3.911 produtores rurais em conformidade com a legislação e certificados para oferecerem vegetais, legumes, frutas e outros produtos livres de adubos químicos e agrotóxicos. A coordenação estadual do PMO ainda divulgou que 347 certificações foram emitidas com o apoio dos 11 núcleos, localizados em nove campi das universidades estaduais e no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR). 

O professor Ventura também ressalta a importância dos aspectos pedagógicos do programa, que funciona como um espaço de prática para novas metodologias e campo para pesquisas. “Temos o objetivo de fomentar a produção de café com um grupo de produtores no Assentamento Eli Vive (Distrito de Lerroville). Queremos desenvolver pesquisas voltadas ao desenvolvimento de novas tecnologias, não somente a parte de assistência técnica. Em Arapongas, vamos usar materiais que foram desenvolvidos pelos professores André Luiz Martinez (PPG em Biotecnologia) e Fabio Yamashita (PPG em Ciências de Alimentos)”, adianta.

O Núcleo de Certificação Orgânica da UEL conta, atualmente, com cinco bolsistas, sendo um de Iniciação Científica (IC) do curso de Agronomia e quatro egressos da graduação em Agronomia e Ciências Biológicas. Os municípios atendidos são Alvorada do Sul, Apucarana, Arapongas, Bela Vista do Paraíso, Cafeara, Califórnia, Cambé, Centenário do Sul, Colorado, Florestópolis, Guaraci, Ibiporã, Inajá, Itaguajé, Jaguapitã, Jardim Olinda, Londrina, Lupionópolis, Marilândia do Sul, Mauá da Serra, Miraselva, Nossa Senhora das Graças, Novo Itacolomi, Paranapoema, Pitangueiras, Porecatu, Prado Ferreira, Primeiro de Maio, Rolândia, Sabáudia, Santa Inês, Santo Inácio, Sertanópolis e Tamarana.