CCA recebe docentes da Universidade Autônoma de Barcelona

CCA recebe docentes da Universidade Autônoma de Barcelona

Ao longo de três meses, os docentes desenvolverão estudos na área de reprodução animal e nutrição e produção de suínos.

Os professores espanhóis Maria Teresa Mogas Amorós e Josep Gasa Gasó, médicos veterinários e docentes da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), na Espanha, estão em Londrina desenvolvendo atividades práticas para os seus projetos de pós-doutoramento junto ao Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UEL. Ao longo de três meses, deverão completar um ciclo de tarefas que inclui aulas em laboratórios e visitas a fazendas que realizam a fertilização in vitro, além de empresas da área de genética animal e instituições públicas.

Responsáveis pela orientação das pesquisas nas áreas de reprodução animal e transferência de embriões e nutrição e produção de suínos, os professores Marcelo Marcondes Seneda e Caio Abércio da Silva, ambos do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, explicam que a aproximação entre as duas instituições é antiga. Em 2011, a UEL assinou Acordo de Cooperação Internacional com a UAB, o que resultou em ações de mobilidade internacional para nove estudantes de pós-graduação e quatro docentes do CCA, bem como a publicação conjunta de artigos em periódicos científicos. Da mesma forma, chegou a vez dos espanhóis sobrevoarem o Atlântico em busca do conhecimento que conferiu ao PPG em Ciência Animal da UEL o conceito mais alto (7) na Avaliação Quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ou seja, o nível internacional de qualidade acadêmica. 

Para a professora, dar continuidade aos estudos na UEL representa uma etapa muito importante em sua carreira. Isso porque o Brasil registra avanços importantes na transferência de embriões, contabilizando média de 350 mil transferências por ano contra apenas 10 mil na Espanha, compara. Além disso, é aqui onde estão as espécies de bovinos mais indicadas para a produção de embriões, diferentemente das raças europeias, voltadas mais à produção leiteira. 

Marcelo Seneda, Josep Gasa Gasó, Maria Teresa Mogas e Caio Abércio estão trabalhando juntos em Londrina, ao longo do primeiro semestre de 2024 (Foto: Agência UEL).

“(As vacas) Bois indicus (zebuínos) possuem muito mais folículos em seus ovários, então, a produção de embriões é muito maior. Ovula mais”, explica, contando com a tradução do docente da UEL. “São as raças indianas Nelore, Gir, Guzerá”, exemplifica Marcelo Marcondes Seneda.

A conversa sobre os objetivos de sua pesquisa acaba permeada pela história do também espanhol, pioneiro de Londrina e grande responsável pela vinda do touro indiano para o Brasil, Celso Garcia Cid, conforme eternizou o jornalista Domingos Pellegrini em sua biografia. Registrada em O Tempo de Seo Celso: não existe impossível (2021), a saga do fazendeiro em sua viagem à Índia em busca de gado revolucionou para sempre a pecuária brasileira, ajudando a valorizar ainda mais as terras do Norte do Paraná ainda no final da década de 1960.  

Observando atentamente, o professor Josep Gasa Gasó é convidado a contar um pouco sobre os seus objetivos em Londrina. Pesquisador das áreas de nutrição e produção de suínos, irá analisar os efeitos sobre o desempenho de suínos em fase de creche – 21 a 63 dias – quando submetidos a dietas com antibióticos na condição de promotores de crescimento (baixas doses nas rações), comparados com dietas com vários aditivos alternativos a esta classe de produto. Para isso, irá utilizar bases de dados amplas adotando métodos científicos de análise.

A diminuição do uso de antibióticos na ração de suínos atende às diretrizes internacionais de nutrição que vêm sendo implementadas nos últimos 15 anos, destaca Caio Abércio. O objetivo é combater a resistência bacteriana aos antibióticos e reduzir os custos de produção.

“É preciso interromper essa dinâmica de uso de antibióticos para todo o sempre, como vimos nos últimos 50 anos, porque é uma cadeia que não acaba mais, com um dispêndio de recursos enorme”, comenta o professor espanhol. “O Brasil também está nessa linha, e temos reduzido essa condição contínua de uso de antibióticos. Se o animal está doente, o antibiótico é importante, mas estamos no caminho para retirar, como a Europa já fez”, completa o professor da UEL.

Antes do retorno à capital da Catalunha, outro objetivo da vinda ao Brasil é visitar importantes instituições de pesquisa, como a Embrapa Suínos e Aves, localizada em Concórdia, interior de Santa Catarina. No entanto, dois compromissos que se aproximam no calendário de eventos de Londrina também não poderão ficar de fora do roteiro: o X Simpósio Expo Londrina – Eficiência em Produção e Reprodução Animal, que será realizado no dia 11 de abril, e o Connectsui, no dia 12, dirigido a temas da suinocultura, também durante a Expo Londrina 2024.

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