Aplicativo em fase de desenvolvimento oferece apoio psicológico a profissionais de Saúde

Aplicativo em fase de desenvolvimento oferece apoio psicológico a profissionais de Saúde

App foi desenvolvido por professores do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento.

Enquanto a maior incidência de quadros de depressão, estresse e ansiedade provocaram um aumento na demanda de trabalho dos profissionais que atuam no tratamento psicológico, o uso de aplicativos médicos que oferecem soluções digitais para o bem-estar e o relaxamento mental também se tornou mais recorrente. Nos dias de hoje, existem aplicativos que oferecem diferentes tipos de abordagens, desde sessões de terapia guiadas, até bloqueadores de conteúdos sobre catástrofes e casos de violência, além das já conhecidas trilhas para sessões de meditação presentes em plataformas de streaming.

Preocupadas com a saúde mental dos profissionais que atuavam na linha de frente da Covid-19 no Hospital Universitário (HU-UEL), professores do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento decidiram intensificar as iniciativas que já vinham sendo realizadas pelo Departamento e uniram forças com outros setores da UEL para desenvolverem um aplicativo próprio. Todos os participantes do projeto vêm atuando de maneira voluntária.

Tela inicial do app "Suporte Covid", com o mascote, o pinguim "Alkin". Aplicativo foi desenvolvido na UEL.
Tela inicial do app, com o mascote “Alkin” (Divulgação)
Aplicativo desenvolvido na UEL vai monitorar saúde mental de profissionais de Saúde, segundo algumas variáveis.
Foram avaliadas a linguagem, conceitos utilizados e até o interesse dos profissionais (Divulgação)

Objetivos

Doutora em Psicologia Clínica e pesquisadora na área de Desenvolvimento e Avaliação de Jogos Educativos, Silvia Souza conta que o grupo de trabalho que vem desenvolvendo o aplicativo “Suporte Covid-19” já ultrapassou as etapas de definição do conceito e elaboração do conteúdo. Ainda no ano passado, um protótipo do app passou pela avaliação de cinco psicólogos. “Foram avaliadas a linguagem, os conceitos utilizados e até o interesse dos profissionais. Em seguida, ajustes foram feitos e, agora, está na fase de elaboração do design”, explica.

Ela também lembra que já existem muitos aplicativos, os chamados Mobile Health’s, que atuam, por exemplo, com o monitoramento de pacientes. Entretanto, nem todos foram desenvolvidos por profissionais de saúde. “Nós estabelecemos que o aplicativo vai atuar a partir dos seguintes objetivos: o manejo dos sentimentos de estresse, ansiedade e luto, o manejo das consequências das interações com os familiares e com os pacientes e o gerenciamento das relações de trabalho. Outro objetivo é trabalhar com o autocuidado”, explica. Para direcionar os usuários em sua jornada pelo app, o grupo decidiu criar um personagem. Trata-se de “Alkin”, um simpático pinguim.

Professor do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Nadia Kienen enfatiza que o sistema será voltado a desenvolver nos usuários repertórios de autocuidado relacionados à saúde mental, de modo que estes conhecimentos passam a ser importantes mesmo em um contexto de menor pressão sobre estes profissionais, com a queda no número de mortes em decorrência do avanço na vacinação. “Porque, em geral, são profissionais que acabam tendo que lidar com demandas de trabalho muito intensas e muito difíceis. O tempo todo com a possibilidade de morte do seu paciente, com um volume de trabalho muito grande, com relações de trabalho bastante estressantes. Então, penso que, em tese, o que eles vão aprender por meio do aplicativo poderia ser útil para qualquer tipo de interação que eles venham a desenvolver na profissão deles”, avalia.

Desenvolvimento

Estudante de Engenharia de Software do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), o jovem João Lucas Gonçalves vem atuando no desenvolvimento do software de forma voluntária. Ele conta que vem utilizando uma tecnologia multiplataforma, de modo que o aplicativo não deverá encontrar problemas para ser “rodado” nos diferentes sistemas operacionais que estão disponíveis no mercado. “Tanto para Android, IOS e até desktop, tudo”, diz.

Aos 18 anos, Gonçalves aceitou o convite para integrar a equipe multidisciplinar da UEL por entender que a experiência será muito importante para a sua trajetória como desenvolvedor. Desta forma, o jovem é supervisionado pelo coordenador de Ensino de Desenvolvimento Mobile do Departamento de Computação, Jacques Duílio Brancher.

Para o professor, o grande desafio deste projeto é o mesmo que perpassa as relações de trabalho entre clientes e desenvolvedores de softwares. “O desafio é nós, enquanto academia, fazermos com o que o João entenda, enquanto desenvolvedor, o que nós precisamos. Isso é um processo muito complexo que perpassa universidades e também empresas”, ressalta. 

Segundo Brancher, outro objetivo do grupo é trabalhar com funcionalidades e ações que permitam ao aplicativo diagnosticar sintomas de depressão e ansiedade. “Em um segundo momento, à medida que tivermos o aplicativo funcionando, desejamos poder identificar, utilizando técnicas de inteligência artificial, o que está passando na cabeça daquela pessoa. (Com a pandemia) vimos muita gente entrar em crises, sofrer de depressão e ter surtos, e, à medida que esta pessoa preenche as informações, você consegue identificar que aquela pessoa não está se sentindo bem”, diz.

Suporte Psicológico – Covid-19

O desenvolvimento do aplicativo está inserido no contexto do projeto de extensão “Suporte Psicológico – Covid-19: Atendimento aos Profissionais e Pacientes do Hospital Universitário da UEL”, do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento. Também atuam a docente e o estudante do Departamento de Design, Rosane Fonseca de Freitas Martins e Arthur Pedro Fortes Silva, além da voluntária Flavia Pires Brandão. Integram o Grupo de Trabalho as estudantes de pós-graduação em Análise do Comportamento Patricia Eiterer, Letícia Accorsi e Gabriela Sabino. A expectativa é que o trabalho seja concluído ainda no ano que vem. 

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