Pesquisadores registram site MacaClick, portal público de imagens de primatas

Pesquisadores registram site MacaClick, portal público de imagens de primatas

Arquivo tem 50 GB, é direcionado a pesquisadores e interessados em fotografia e irá viabilizar um portal pioneiro de imagens de primatas

Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Comportamento Animal (Leca) conseguiram o registro de um programa de computador para armazenar e garantir os direitos sobre um arquivo de 5.759 imagens de macacos-prego existentes em fragmentos de áreas verdes de Londrina, como o Parque Arthur Thomas e o Campus da UEL. O arquivo denominado MacaClick tem cerca de 50 GB, é direcionado a pesquisadores e interessados em fotografia e irá viabilizar um portal pioneiro e interativo contendo imagens selecionadas de primatas.

O portal está em fase final de construção, com registro de domínio já viabilizado e contará com apoio da equipe da Assessoria de Tecnologia da Informação (ATI) da UEL para ser acessado. A expectativa é que o site entre em operação ainda no primeiro semestre desse ano. As imagens são de autoria do mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Guilherme Akira Awane, orientado pela professora Ana Paula Vidotto Magnoni, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal (BAV) da UEL.

A patente foi obtida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em agosto passado, por meio de um trabalho que contou com a colaboração dos professores Benjamin Luiz Franklin (Departamento de Ciência da Informação) e Jacques Duílio Brancher (Departamento de Computação), que orientaram os procedimentos para proteção das imagens em domínio público e sobre a utilização da tecnologia adequada, respectivamente.

As mais de 5 mil imagens foram selecionadas a partir de um acervo de mais de 14 mil fotografias produzidas pelo mestrando Guilherme, desde 2019, quando iniciou a graduação em Ciências Biológicas, e integrou a equipe do Leca como bolsista de Iniciação Científica (IC). As imagens foram produzidas durante observações de dois grupos que somam mais de 70 macacos-prego, que habitam o Parque Arthur Thomas.

O projeto que resultou no registro do programa de computador viabilizando o MacaClick está inserido no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Biodiversidade e conta com financiamento da Fundação Araucária. (Foto: Guilherme Akira Awane).

O mestrando explica que são imagens captadas com finalidade científica, que servem para os pesquisadores terem acesso a informações sobre o comportamento animal e para identificar cada membro dos grupos. As fotografias auxiliam na identificação, necessária para entender a organização social dos primatas e para registrar comportamentos específicos.

A partir do vasto catálogo foi possível treinar a equipe de pesquisadores para uma observação eficiente buscando identificar os integrantes dos grupos de primatas. Internamente, cada indivíduo do grupo é batizado com nome ou apelido, considerando características como sinais na pelagem, comportamento e marcações naturais.

Segundo Guilherme, a literatura recomenda a captura e recaptura para marcar animais de estudos científicos, mas, ele observa que, quando se trata de macacos-pregos, esta técnica se torna inviável uma vez que afastaria o bando, tornando-os mais agressivos. “Na falta de alternativa utilizamos a fotografia como forma de identificar e conduzir diferentes estudos”, acrescenta.

Para a coordenadora do Leca, professora Ana Paula, a fotografia ainda é o método mais recomendado para os estudos. Ela acredita que em breve inventários de fauna poderão ser realizados utilizando drones (para imagens aéreas) e Inteligência Artificial para obtenção de dados sobre comportamento, por exemplo. Estes bancos de imagem poder ser importantes para treinamento destas ferramentas no futuro.

O projeto que resultou no registro do programa de computador viabilizando o MacaClick está inserido no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Biodiversidade e conta com financiamento da Fundação Araucária. O mestrando Guilherme Awane é bolsista da Capes.

Proteção – o professor Benjamin Franklin, do Departamento de Ciência da Informação, foi contatado pela equipe do Leca para orientar sobre procedimentos necessários para organização e proteção do acervo de fotografias, considerado um repositório importante e que interessa para diversos públicos.

Segundo o professor, o trabalho é uma consequência do projeto de Extensão Biblioteca Comum, coordenado por ele, que tem como objetivo fomentar acervos digitais de bibliotecas escolares, conforme prevê a lei nº 12.244 de maio de 2010 e a lei Castilho, n.º 13.696, de julho de 2018, que propõe um marco legal para a promoção do livro, da leitura e da biblioteca.

Ele explica que, no caso do MacaClick, o desafio é ampliar o acesso ao conhecimento com um modelo híbrido, distribuindo conteúdos digitais em um repositório. Ele detalha que usuários poderão observar todo o material em ambientes virtuais, interagindo com o conteúdo a partir de ferramentas de busca especializadas.

Ele chama a atenção para a necessidade de, futuramente, estruturar uma política institucional de acesso inclusivo e de direitos autorais apropriada para o ambiente educacional, incentivando o compartilhamento ético e o uso ampliado dos recursos compartilhados. “Existem algumas iniciativas, considerando que toda a sociedade está debatendo como dialogar e compartilhar dados, protegendo pesquisadores e autores”, detalha o professor.

O arquivo denominado MacaClick tem cerca de 50 GB, é direcionado a pesquisadores e interessados em fotografia e irá viabilizar um portal pioneiro e interativo contendo imagens selecionadas de primatas. (Foto: Guilherme Akira Awane).

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