UEL tem projeto aprovado para conservação de coleções biológicas
UEL tem projeto aprovado para conservação de coleções biológicas
Em tempos de inovação tecnológica, amostras biológicas são peças estratégicas.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) teve aprovado financiamento pela Fundação Araucária para informatizar três coleções biológicas: microbiológica, zoológica e botânica. Trata-se do projeto Napi Taxonline – Conservação da Biodiversidade e Aplicações Tecnológicas, coordenado pelo professor Luciano Aparecido Panagio, do Departamento de Microbiologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB). A Fundação Araucária destinou recursos de R$ 2.035.200,00 para o projeto em nível estadual e, deste total, o valor para o projeto da UEL é de R$ 218.050,00.
No estado, a coordenação geral é da professora Luciane Marinoni, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O professor Luciano Panagio explica que o projeto Taxonline teve início em 2005, reunindo e informatizando diversas coleções biológicas estaduais, nas áreas de botânica, zoologia e microbiologia. “Recentemente, com objetivo de integrar instituições de nível superior do Paraná e institutos de pesquisa (Iapar e Embrapa) foi constituído um Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) no estado do Paraná”, comenta o professor.
Conforme Luciano Panagio, o NAPI visa ampliar a identificação, reconhecimento e certificação do material científico depositado nas coleções e organizar a oferta de cursos de extensão em módulos para a formação de capacidade técnica em gerenciamento de coleções biológicas. “Os recursos serão direcionados para material permanente e de consumo, para adequação e modernização das coleções, incrementando a estrutura física e a segurança”, destaca o professor.
As três coleções da UEL receberão bolsistas técnicos que vão auxiliar na manutenção e informatização dos dados. “Pretendemos apoiar os docentes da UEL que não têm a infraestrutura adequada para conservação de amostras biológicas, orientando a forma correta de preservação e de identificação”, comenta o professor Luciano Panagio. A duração do projeto é de três anos.
Além do Departamento de Microbiologia do CCB, a iniciativa envolve outros docentes do Centro, como o professor Weliton José da Silva, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal (BAV); os professores Oscar Akio Shibatta, Fernando Jerep e José Olivan Birindelli, também do BAV e que integram o Museu de Zoologia. “Embora estejamos no CCB, atendemos a vários cursos de outros centros, como Farmácia, Medicina, Enfermagem, Agronomia, Nutrição, Biotecnologia, Zootecnia, Fisioterapia e Odontologia”. Além de Biologia e Biomedicina, cursos do CCB, conforme cita o professor.
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De acordo com o professor, os cursos de pós-graduação da Instituição também serão diretamente impactados, porque as amostras biológicas utilizadas nas pesquisas devem ser preservadas pelos responsáveis. “O impacto se dá também na prestação de serviços e solicitações de patente. Em tempos de inovação tecnológica, amostras biológicas são peças estratégicas na inovação”.
Mas afinal, o que é uma coleção Biológica?
Elas são formadas por partes de organismos – vivos ou mortos – preservados para estudos e análises, pois são exemplares que contém material genético, fundamental para a compreensão e preservação da biodiversidade. A Coleção Microbiológica está localizada junto ao Laboratório de Micologia, no Departamento de Microbiologia, fazendo parte das Coleções Microbiológicas da Rede Paranaense. Inicialmente, a coleção conta com amostras de fungos de importância médica e biotecnológica.
Os recursos obtidos com o projeto permitirão a expansão da coleção, beneficiando outros professores que fazem pesquisas com microrganismos. “Pretendemos realizar um workshop em 2021, para integrarmos todos os docentes da UEL interessados em identificar e preservar amostras microbiológicas com potencial de aplicação médica, alimentar e industrial “, diz o Luciano Panagio.
Herbário e Museu de Zoologia – O Herbário da UEL (FUEL) foi fundado em 1982 e suas amostras farão parte do projeto Conservação da Biodiversidade e Aplicações Tecnológicas. Hoje, o Herbário FUEL conta com um coleção de cerca de 55 mil amostras de plantas de diferentes estados brasileiros, especialmente do Paraná, na Bacia do Tibagi.
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No Herbário FUEL, os recursos serão destinados, conforme o professor Weliton José da Silva , à compra de materiais e a bolsas de apoio técnico, “auxiliando na manutenção das atividades de incorporação, organização e manutenção de amostras, identificação de materiais, e ampliação dos registros e bancos de dados”. O professor afirma que esse projeto “vem ao encontro de projetos nacionais e internacionais dos últimos 20 anos, com relação à conservação da biodiversidade e do reconhecimento do papel das coleções biológicas”.
O Museu de Zoologia da UEL também foi criado nos anos 1980 e possui uma coleção com vários grupos de animais, das quais se destacam anfíbios e répteis (herpetológica) e peixes (ictiológica). O órgão tem mais de 20 mil lotes de cerca de 1.300 espécies provenientes de diferentes bacias hidrográficas, incluindo as dos rios Paraná, Paraguai, Amazonas, São Francisco e Uruguai. O museu ainda conta com uma importante coleção de peixes da bacia do Rio Tibagi.
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O professor José Birindelli ressalta que a Fundação Araucária tem papel relevante no aumento do acervo do Museu. Na primeira etapa do projeto Taxonline, foi realizada a informatização do acervo e adquiridos equipamentos. À época, o órgão tinha um acervo de cerca de 800 lotes e conseguiu aumentar para 2.000 lotes. “Nessa segunda etapa, será possível agilizar a organização de tecidos de peixes para análises moleculares, permitindo um salto de modernização da coleção”, destaca.