Experimentar, criar e formar

Experimentar, criar e formar

Projeto "Peciar e a formação do artista" democratiza o acesso à arte e articula investigação e docência na formação acadêmica.

Um tecido de mais de oito metros de comprimento é pintado toda semana por muitas mãos e com as mais diversas cores. As cores primárias vermelho, azul e amarelo se misturam com muitas outras e formam uma obra conjunta, de autoria de todos os participantes da oficina, ministrada às quintas-feiras pelos estudantes de Artes Visuais, no ateliê de escultura no Centro de Educação, Comunicação e Arte (CECA). A proposta é fazer e refazer a obra livremente, sem um resultado final previsto, e depois levá-la para a exposição em praças e locais públicos da cidade. Tudo isso é parte de um projeto de extensão que tem como objetivo democratizar o acesso e o contato de mais pessoas com a arte.

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Edição número 1413 de 08 de junho de 2022
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A influência para criar o projeto vem da proximidade que o professor Juliano Reis Siqueira (Departamento de Arte Visual) teve com o artista uruguaio Silvestre Peciar Basiaco (1935-2017), que foi seu professor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). No Doutorado, entre 2015 e 2019, Juliano pesquisou a formação do artista e a relação entre os processos de criação e a função social da arte. No espaço da instituição também se deparou com a produção artística sendo levada para murais e espaços públicos, para que a população interagisse com a arte – muito por influência do artista. “Peciar tem murais e esculturas em Santa Maria que são patrimônios da Universidade”, afirma.

Foi com esta ideia que iniciou em 2020 o projeto de pesquisa “Peciar e a formação do artista” integrado ao projeto de extensão “Oficinas de artes visuais em Londrina: pesquisa plástica e arte pública”. O intuito é democratizar o acesso à arte e articular investigação e docência na formação dos estudantes de Artes Visuais, com a curricularização da extensão.

Obra é feita e refeita em coautoria com estudantes do Curso de Artes Cênicas da UEL.
Proposta é fazer e refazer a obra livremente, sem um resultado final previsto, e depois levá-la para a exposição em praças e locais públicos da cidade (Agência UEL)

Projeto de extensão

Três pontos principais envolvem o projeto de extensão, em relação a diferentes públicos: oficinas de arte, pesquisa plástica e arte pública. Como explica Juliano, as oficinas são realizadas em escolas da cidade e nos ateliês de arte da UEL, abertas para todas as pessoas que se interessam por arte. Essa é a parte em que elas podem fazer com as próprias mãos.

Já a pesquisa plástica envolve a relação do estudante do curso de Artes Visuais, para desenvolver o próprio processo poético em desenho, escultura e pintura. O professor considera que desenvolver a pesquisa plástica é um pré-requisito para ser professor de Arte, por isso a relevância deste ponto para a formação em licenciatura. Este é o momento de experimentação para desenvolver um processo de criação.

A arte pública pode ser o desdobramento das oficinas ou das pesquisas dos estudantes. Atingir os espaços públicos é uma estratégia de aproximação das pessoas que não vão aos museus e exposições. Esta é a parte do ver e fruir a arte no cotidiano.

Os três pontos estão presentes na oficina “Experiência e Cor”, em que o grande tecido é pintado por vários participantes. Ministrada pelo estudante do 4º ano de Artes Visuais, Marcos Okuda, a experiência do projeto será utilizada no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), juntamente com a relação entre outras obras feitas por ele, que utilizam diversas cores. Marcos quer “valorizar a experiência corporal com a matéria e deixar que as pessoas experimentem a cor”. O resultado é um painel portátil que pode ser levado para os espaços públicos da cidade.

Ateliê livre

Como forma de ampliar as oficinas, o professor Juliano Reis Siqueira firmou uma parceria interinstitucional com o Estúdio de Pintura Apotheke, um projeto de extensão coordenado pela professora Jociele Lampert, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). No Apotheke Londrina serão realizadas oficinas de arte na forma de um ateliê livre para comunidade, no espaço do CECA. A inauguração está prevista para o mês de agosto, quando será realizada uma grande exposição na galeria de arte do CECA. As obras criadas nas oficinas do projeto de extensão e de diversos artistas plásticos, incluindo gravuras e pinturas de Peciar, estarão expostas no evento para que toda a comunidade de Londrina possa visitar, apreciar e ter contato com a arte.

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