Caminho da informação na sociedade é tema de ação da Arquivologia

Caminho da informação na sociedade é tema de ação da Arquivologia

Projeto de Extensão da Arquivologia traz suportes de informação antigos para atiçar a curiosidade dos jovens que visitam a SBPC Jovem.

Você já viu um disquete? E um cartão perfurado? Muitos jovens hoje, das gerações mais atuais, não fazem ideia de todos os equipamentos desenvolvidos para armazenar informação. Desde documentos escritos como pergaminhos e cartas até os atuais datacenters, os suportes de informação de hoje têm capacidade de arquivar em nuvem quantidades inimagináveis de informações, que deixariam qualquer escriba da Idade Média atordoado.

Essa temática é trazida pelos professores Eliandro dos Santos Costa e Roberta Albanielle Garcia, do Departamento de Ciência da Informação (Ceca) e os estudantes Matheus Antunes Palmieri e Sidney de Almeida à SBPC Jovem. Com o projeto de Extensão “Organização e Representação Arquivística dos documentos históricos do Município de Londrina”, os pesquisadores levaram ao estande da UEL um jogo que demonstra a evolução dos arquivos, de forma temporal, através dos séculos. O que é saudosismo para muitos – que reconhecem de cara os aparelhos e já entregam a idade – é motivo de muita curiosidade para os estudantes menores.

Suportes usados no jogo. Maioria dos estudantes da SBPC Jovem tem curiosidade em desvendar os objetos antigos (Fotos: Willian Fusaro/Agência UEL)

O jogo tem funcionamento simples e o objetivo de testar o conhecimento dos participantes sobre arquivos. “Nós mostramos os suportes antigos, como disquetes, fitas VHS, cartão perfurado etc para ver quanto os jovens conhecem dessas plataformas”, explicou Eliandro. A partir disso, o participante joga um dado e responde a uma pergunta sobre as plataformas que estão na mesa – todos os materiais estão sem identificação, para que o jogador acerte.

Como a maioria erra – mesmo que depois de algumas tentativas -, o jogo caminha de forma mais lenta, na medida em que os jogadores vão aprendendo sobre os suportes tecnológicos da informação. O cartão perfurado, por exemplo, é um ilustre desconhecido da maioria dos visitantes do estande, mas é até hoje utilizado, seja para elaborar cartão-ponto de funcionários em empresas, para criar folhas de resposta para exames vestibulares, entre outros usos. Confira parte da entrevista com o professor Eliandro abaixo:

No fim da aventura, o jogador se depara com o último suporte desenvolvido, o datacenter (2006). Após o desafio, ganha um brinde, que está escondido no datacenter e não é revelado até a hora final. Segundo o estudante Matheus Antunes, do 4º ano de Arquivologia, a atividade tem o intuito de mostrar, além da evolução tecnológica das plataformas, como a arquivologia está inserida nos debates sobre democracia e transparência pública. “É um debate que está alinhado ao debate democrático, da exposição pública de documentos públicos, que devem ser acessados pela sociedade”, ensina o estudante. Não à toa está funcionando bem ao lado do RPG de política e democracia “Ensipol”, desenvolvido por pesquisadores das Ciências Sociais da UEL.

Um dos documentos mais curiosos levados pelos arquivistas é uma carta convite, enviada pela Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, ao ditador Artur Costa e Silva, então presidente do Brasil, e à sua esposa. O convite de 1968 chamava o casal presidencial para uma festa de gala, a bordo do iate “H.M.Y Britannia”. O traje? White tie, com gravata borboleta branca e adereços.

Matheus Antunes em posse da carta-convite da Rainha Elizabeth II, destinada ao ditador brasileiro Costa e Silva.
Leia também