Pesquisa fomenta criação de Observatório da Violência contra as Mulheres
Pesquisa fomenta criação de Observatório da Violência contra as Mulheres
Observatório foi lançamento oficialmente na Prefeitura de Londrina, no dia Estadual de Combate ao Feminicídio - 22 de julho.Acordo de Cooperação assinado nesta quinta-feira (22) entre representantes da Prefeitura de Londrina, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) com a UEL resultou na estruturação e implantação do Observatório da Violência contra as Mulheres, que vai funcionar atrelado à Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres auxiliando no planejamento de políticas públicas. O lançamento foi feito na Prefeitura de Londrina, na data que lembra o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.
O Observatório foi planejado a partir das pesquisas orientadas pela professora Sandra Lourenço, do Departamento de Serviço Social da UEL, que coordena o Grupo de Pesquisa sobre Violência de Gênero e Pesquisa Social e de Produção do Conhecimento, ambos do Departamento. Ao realizar os estudos sobre violência de gênero, com a demanda dos serviços que compõem a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, foi possível perceber a necessidade de um sistema, um software, que unificasse todos os dados.
Diante dessa necessidade, pesquisadores da Engenharia de Controle e Automação e de Engenharia de Computação da UTFPR (Campus de Cornélio Procópio) idealizaram um sistema inédito de registro e de armazenamento de informações para atender aos casos Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CAM). A partir da implantação do software, a equipe da Secretaria de Políticas para Mulheres poderá ter agilidade no registro e na consulta dos dados, melhorando o atendimento às vítimas. Com a informatização será possível também realizar um planejamento condizente à realidade da violência contra a mulher em Londrina.
Segundo o reitor da UEL, Sérgio Carvalho, o Acordo de Cooperação firmado nesta quinta-feira representa um pouco da pesquisa realizada na academia, que pode subsidiar políticas públicas. “Entendemos que a tecnologia permitirá entender melhor o problema para uma intervenção mais eficiente”, considerou. O reitor explicou que este tipo de acordo é fundamental para a Universidade porque permite que o conhecimento gerado possa chegar à sociedade em forma de benefícios e políticas públicas estruturadas.
Para o prefeito Marcelo Belinati, o Observatório permitirá o combate mais efetivo contra esse tipo de violência. Ele explicou que Londrina tem hoje 4 mil mulheres com medidas protetivas. Em que pese a gravidade do problema, o prefeito afirmou que existe uma ótima estrutura para atendimento aos casos de violência como a Casa Abrigo, a Patrulha Maria da Penha, sob a responsabilidade da Guarda Municipal, a Casa Abrigo Canto de Dália e o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CAM). “A base de tudo é a informação. É preciso mapear para ter um planejamento e poder chegar à solução, por isso o Observatório é fundamental”, afirmou Marcelo Belinati.
O diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da UTFPR, Felipe Haddad Manfio, lembrou que o trabalho de idealização e confecção do sistema teve início há dois anos, com a participação do professor Cristiano Marcos Agulhari, que acompanhou as demandas das servidoras municipais do CAM, durante reuniões de trabalho. O objetivo foi entender os pontos que deveriam constar no software. Agulhari é engenheiro de Computação e coordena um projeto de extensão com dois alunos de Engenharia de Controle e Automação e de Engenharia de Computação na UTFPR.
Demanda – A Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Liange Doy Fernandes, explicou que atualmente o CAM tem 13 mil fichas de atendimento de mulheres, que precisarão ser lançadas no sistema. A partir da informatização destas informações, explicou ela, será possível avaliar detalhes como tipo de violência, região mais afetada, idade das vítimas. A migração para o sistema vai possibilitar a extração de relatórios, com cruzamento de dados, aprofundamento de análises e monitoramento de ações.
“O Observatório ajudará na produção do diagnóstico sobre a violência contra as mulheres no município, além de permitir um melhor conhecimento sobre as circunstâncias dos casos. Isso vai dar subsídios para a tomada de decisões no planejamento das políticas públicas para o enfrentamento da situação de violência doméstica, familiar e sexual em Londrina”, afirmou a secretária.
A intenção é que, futuramente, sejam colocados no sistema eletrônico também os dados de outros órgãos, como da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), do Instituto Médico Legal (IML), Ministério Público do Paraná, Tribunal de Justiça, da 17ª Regional de Saúde, e demais órgãos que atuam no combate a este tipo de violência.
Origem da iniciativa
O trabalho desenvolvido pela professora do Departamento de Serviço Social da UEL, Sandra Lourenço, foi fundamental para a iniciativa do Observatório. Foi a professora que articulou a ideia junto à Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, a partir da percepção da demanda da Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, Familiar e Sexual em Londrina.
Desde 2011 a professora acompanha e participa da Rede de Enfrentamento. Dessa forma foi possível conhecer as principais demandas nos serviços. “Cada órgão integrante da rede tem seu próprio sistema de dados e a nossa intenção é unirmos as informações, para que, de fato, consigamos fazer um cruzamento e mapearmos a violência de gênero, sem termos duplicidade de dados ou ausência de casos. O fenômeno da violência tem que ser enfrentando não só do ponto de vista da legislação, mas da articulação permanente entre os serviços e Londrina faz a diferença com uma rede muito bem estruturada no Município”, definiu a pesquisadora.
(Com informações e FOTO do Núcleo de Comunicação da Prefeitura – N.Com).