Projeto de Serviço Social estuda políticas sociais e formação profissional no Brasil e Chile

Projeto de Serviço Social estuda políticas sociais e formação profissional no Brasil e Chile

Pesquisa conta com 14 pesquisadores. Eles são da UEL, da Universidade de Montes Claros (MG) e Universidad del Bío-Bío, do Chile.

Conhecer as particularidades das políticas sociais e a formação do profissional de Serviço Social no Brasil e no Chile, e estabelecer um diálogo entre as principais tendências e aproximar de pesquisadores de ambos os países. Estes são alguns dos objetivos do projeto de pesquisa “Produção do conhecimento e pesquisa social: diálogos entre o Serviço Social brasileiro e chileno”, coordenado pela professora Sandra Lourenço de Andrade Fortuna (Departamento de Serviço Social/CESA) e que envolve 14 pesquisadores, da UEL, da Universidade de Montes Claros (Unimontes/MG) e Universidad del Bío-Bío, do Chile.

A professora Sandra conta que os contatos acadêmicos com a universidade chilena têm mais de 20 anos, particularmente com o professor Javier Leon Aravena, do Departamento de Ciências Sociais. Fundada em 1988, a instituição é pública (mas não gratuita), possui mais de 10 mil alunos e leva tanto o nome da região chilena onde se situa, quanto do rio que passa ao sul – o segundo maior rio do país.

Em 2019, o Chile vivia uma época de efervescência social, com uma série de movimentos e protestos com uma extensa pauta de reivindicações, entre elas uma nova Constituinte, para reformar uma Constituição, muito liberal, ainda do tempo do Gal. Augusto Pinochet. Entre os frutos dos movimentos, estão as eleições ocorridas no domingo passado (21) e que terão um segundo turno em 19 de dezembro. Foi neste contexto que, naquele ano, a professora Sandra e o professor Javier começaram a construir a ideia de um projeto de pesquisa binacional.

Projeto guarda-chuva

A ideia, de acordo com a coordenadora, é ter um “projeto guarda-chuva”, ou seja, capaz de abrigar diferentes subprojetos, mas com vistas no binômio políticas sociais e formação profissional. Os professores participantes, assim como estudantes de graduação (Iniciação Científica), Mestrado e Doutorado em Serviço Social, estão distribuídos em quatro grupos temáticos: Trabalho e Formação Profissional / Conservadorismo (e sociedade burguesa); Território de Espaços Urbanos e Rurais; Proteção Social; e Povos Originários. Dada a natureza do projeto, a professora informa que é possível ampliar ainda mais, o que é um dos objetivos.

Naturalmente, a pandemia prejudicou o andamento do projeto, mas para o ano que vem a coordenadora explica que as pesquisas documentais e de campo virão com toda a força. No primeiro caso, o foco será sobre as legislações dos dois países, assim como os projetos pedagógicos dos cursos, artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso em diferentes níveis. Na pesquisa de campo, a aplicação de entrevistas e questionários, entre outros instrumentos.

Particularidades entre Brasil e Chile

Para Sandra, Brasil e Chile possuem particularidades que serão investigadas pelo projeto. Por exemplo, no Chile não existe gratuidade em nenhum nível de ensino, assim como não existe um Sistema Único de Saúde e sequer serviços gratuitos. A formação do profissional de Serviço Social acontece por curso superior mas também técnico. Lá não existem Conselhos Regionais ou Federal da categoria nem um Código de Ética. “Os currículos são feitos em cada escola, e no Chile se é tão liberal que um profissional não critica o outro, baseado num Código”, explica Sandra. Existe ainda, segundo ela, a necessidade de criação de Programas de Pós-Graduação – uma contribuição que o projeto também quer dar, em alguma medida. No futuro, o objetivo também é ampliar para os outros países do Cone Sul.

Diferentemente, o Brasil, de acordo com a pesquisadora, é uma das referências no continente e até em alguns países da Europa, como Portugal. Além de uma Constituição Federal “cidadã”, preocupada com os direitos individuais e sociais, o país possui órgãos como o Conselho Federal de Serviço Social e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), que coordena e articula o projeto de formação em serviço social no âmbito da graduação e pós-graduação. Da mesma forma, a produção científica brasileira é robusta. No caso do projeto, segundo Sandra, as pesquisas estão em andamento, com coleta de dados e outras ações, como as reuniões virtuais periódicas dos grupos. A cada 15 dias, alternadamente, reúnem-se os membros de um grupo temático, e de todos eles, para troca de informações.

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