Duas pesquisadoras que atuam no Laboratório de Bioquímica do Exercício do Centro de Educação Física da UEL (Cefe), sob orientação do professor Rafael Deminice, do Departamento de Educação Física, foram destaque com os melhores trabalhos em dois importantes eventos científicos da área.

Loriane Rodrigues Costa Godinho, nutricionista, agora doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UEL, teve sua dissertação de mestrado premiada no 25° Fórum Paulista de Pesquisa em Nutrição Clínica e Experimental – Congresso Ganepão. Este é considerado um dos maiores eventos de Nutrição da América Latina. Seu estudo intitula-se “Efeito da suplementação de creatina combinada com exercício resistido na perda de força muscular e marcadores hepáticos de camundongos em uso de doxorrubicina”. O trabalho foi defendido em abril do ano passado e publicado este ano na Revista da Braspen (Braspen Journal), o periódico da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral.

A doutoranda explicou que seu estudo testou a combinação de creatina (suplemento alimentar conhecido, muito aplicado em atletas) com exercícios físicos de força (basicamente o que se conhece por “musculação”) para reduzir os efeitos tóxicos dos medicamentos quimioterápicos no fígado de camundongos. A pesquisa mostrou que apenas os exercícios já causam uma melhora, mas a combinação revelou resultados ainda mais positivos segundo parâmetros preestabelecidos de avaliação. O estudo concorreu com outros 300 trabalhos e o prêmio foi uma quantia em dinheito e menção honrosa.

A educadora física Paolla Sanches Cella, agora estagiária de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde, teve sua tese reconhecida como o melhor trabalho do evento no IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício, considerado o maior congresso da área de Educação Física do Brasil. Sua pesquisa intitula-se “Modelo experimental para estudar a segurança e eficácia do treinamento de força durante tratamento de Quimioterapia” e foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UEL.

Como a própria Lorena informou, na lógica do processo de pesquisa, antes da sua vem a da Paola. Sua tese consistiu no desenvolvimento de um modelo quimioterápico mais adequado que resulte em menos efeitos danosos para o organismo do paciente oncológico. Isto porque, Paola explica, a quimioterapia pode provocar perda de massa muscular e, consequentemente, da força e da função dos músculos.

O modelo inclui dosagens, intervalos entre aplicações e outros critérios, de modo a proporcionar maior segurança e menos toxicidade em decorrência dos quimioterápicos. É depois desta fase de definição de um modelo que entram os testes desenvolvidos por Lorena. A pesquisa de Paola chegou a um que melhora a função e a força muscular, com a combinação de exercícios e suplementos. a tese foi defendida em julho do ano passado e, como prêmio, ela recebeu uma quantia em dinheiro, um certificado e um kit de suplementos.

Uma década de pesquisa

Para o orientador das pesquisadores, professor Rafael Deminice, este é um dos grandes resultados de mais de 10 anos de pesquisa na área, desenvolvendo um protocolo de exercícios e outras ações com vista à maior segurança e eficácia de um tratamento oncológico a partir da referida combinação. Só no último ano, ele destaca, cerca de 60 pessoas que têm ou tiveram câncer passaram pelo projeto de extensão do Laboratório. Mas lembra que o projeto é também de pesquisa e ensino. Ele salienta ainda uma dimensão de saúde pública: a creatina é de fácil aplicação, gera pouco ou nenhum efeito negativo e é barata, ou seja, apresenta grandes vantagens para, virtualmente, ser adotada pelo Sistema Único de Saúde.

O Laboratório, que existe desde 2012, ano que o professor ingressou na UEL, tem hoje cerca de 12 estudantes participantes, de todos os níveis: graduação e Iniciação Científica, mestrandos e doutorandos..