Curso de formação antirracista encerra com relatos de indígenas: “também sofremos racismo”
Curso de formação antirracista encerra com relatos de indígenas: “também sofremos racismo”
Participaram do encerramento indígenas com experiência universitária; o curso atendeu servidores da UEL e da Prefeitura Municipal de Londrina.O curso ‘Tecendo Diálogos para Práticas Antirracistas’ teve seu último encontro na tarde desta quarta-feira (29), na Sala Multimeios da Biblioteca Central (BC) da UEL. A iniciativa foi resultado de uma parceria entre a Universidade e a Prefeitura Municipal de Londrina (PML), firmada no final de outubro. Ao todo, foram quatro encontros que abordaram diversas frentes do combate ao racismo. O encontro final reuniu representantes indígenas com experiência universitária, que relataram suas vivências e falaram sobre a importância do acesso pelos indígenas a espaços como o acadêmico.
Participaram a estudante de Psicologia (CCB) na UEL Ana Lúcia Ortiz Martins, os estudantes de Medicina (CCS) Rodrigo Tupã Luiz e Kauana Kókoj Mariano, e o estudante de Pedagogia (Ceca), fotógrafo e cineasta Cleber Kronûn. Também participou a coordenadora da Comissão Universidade para os Indígenas (Cuia) da UEL e professora do Departamento de Educação (Ceca), Eloá Soares Dutra Kastelic.
O curso ofereceu ao todo 40 vagas, para servidores do município de Londrina, das áreas de Saúde e Assistência Social, e para chefes de divisões e encarregados da UEL.
A escolha das pautas e dos convidados passou pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UEL e pelo Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Londrina. A prática silenciosa de racismo e a contextualização de expressões racistas foram alguns dos temas tratados durante os encontros. Todos os módulos serão ministrados por membros do GT-UEL na Luta Contra o Racismo.
No encerramento, foi destacado que a discriminação contra indígenas também é considerada racismo. As falas dos convidados giraram em torno de questões como a invisibilidade dos povos indígenas na sociedade, o desconhecimento e os estereótipos que ainda rondam o tema e a importância da garantia de seus direitos fundamentais.
Também foram elucidadas diferenças de nomenclaturas, como o uso das palavras “índio” e “indígena”. Ana Lucia Martins explicou que a palavra “índio” acaba generalizando estas pessoas sem levar em conta individualidades entre as etnias. No Brasil, há 305 povos indígenas e só no Paraná são quatro diferentes. Segundo ela, nesse sentido, o correto é o uso da palavra “indígena”, que permite reconhecer a individualidade de cada povo.
O curso integrou a Campanha “UEL na Luta Contra o Racismo”, lançada em março deste ano, atuando diretamente no Eixo 3 da campanha, intitulado “formação de uma comunidade antirracista”. Os outros três eixos são: reconhecimento da existência do racismo no cotidiano; visibilidade para ações de enfrentamento e superação do racismo e denúncia de atitudes racistas.