Parceria resulta em licenciamento de tecnologia inédita para controle biotecnológico de doenças

Parceria resulta em licenciamento de tecnologia inédita para controle biotecnológico de doenças

Inovação desenvolvida no LABIM consolida modelo de cooperação entre universidade e indústria e reforça o papel da bioeconomia no agronegócio brasileiro*

A parceria entre a Universidade Estadual de Londrina e a empresa Vitales Brasil,  já divulgada anteriormente pelo Portal Perobal, acaba de gerar um novo resultado concreto para a bioeconomia nacional. Por meio do Laboratório de Biotecnologia Microbiana (LABIM/UEL), foi formalizado o licenciamento de uma solução biotecnológica inovadora voltada ao controle de doenças em plantas.

Desenvolvida em regime de codesenvolvimento entre Universidade e indústria, a tecnologia integra pesquisa acadêmica de ponta e aplicação industrial, demonstrando como a Ciência paranaense tem contribuído para transformar conhecimento em inovação com impacto direto no campo. O projeto é resultado de um pipeline robusto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que combinou bioprospecção estratégica, genômica, bioinformática, química fina, engenharia de bioprocessos e formulação, resultando em um produto estável, eficiente e de alto desempenho.

Mais do que um avanço técnico, o licenciamento simboliza um modelo bem-sucedido de transferência de tecnologia, no qual o diálogo constante entre pesquisadores e setor produtivo gera soluções sustentáveis, econômicas e alinhadas às demandas da agricultura moderna. O processo contou com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec), que atuou como ponte essencial entre os ambientes acadêmico e empresarial.

“Este licenciamento é a materialização de uma pesquisa profunda e multidisciplinar, que une Ciência de excelência e inovação aplicada. É a prova de que a colaboração entre Universidade e empresa é o caminho para transformar conhecimento em resultados concretos para o agronegócio”, destacou o professor Admilton Gonçalves de Oliveira Junior.

Do Laboratório ao licenciamento

A parceria que deu forma ao projeto surgiu em 202. O Projeto Ceres, que evoluiu a partir da parceria, teve início em 2018, com a realização da primeira reunião de alinhamento entre as equipes técnicas e científicas. Nesse encontro, foram definidos os parâmetros do trabalho conjunto e as estratégias de aplicação do conhecimento do LABIM no desenvolvimento de soluções biotecnológicas de interesse da Vitales Brasil.

O Acordo de Cooperação Técnico-científica  foi formalizado em outubro de 2023, oficializando o investimento e o suporte necessários para a execução do projeto. Já em novembro do mesmo ano, a equipe do LABIM avançou nas atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, com etapas que envolveram desde validações laboratoriais até os primeiros testes em campo, cruciais para comprovar a eficácia do bioinsumo em condições reais de cultivo.

Os resultados positivos obtidos levaram, em março de 2025, à decisão conjunta pelo licenciamento da tecnologia. As negociações contratuais avançaram ao longo do ano e foram concluídas em outubro deste ano, com a assinatura oficial do contrato, formalizando a transferência da tecnologia em codesenvolvimento entre a Universidade e a Vitales Brasil. O ato consolida o ciclo completo da inovação, e abre caminho para a produção em escala e a inserção do novo bioinsumo no mercado.

Pesquisa e desenvolvimento integrados

O desenvolvimento da nova tecnologia envolveu um processo completo de P&D, com diversas etapas integradas para garantir eficiência, estabilidade e segurança.

O Projeto Ceres iniciou em 2018, e constituiu em bioprospecção estratégica, dedicada à seleção de microrganismos com características essenciais, como alta capacidade de colonização e produção de compostos biológicos de interesse. Em seguida, ferramentas de genômica e bioinformática permitiram mapear e compreender o potencial funcional desses microrganismos.

A integração com a química fina possibilitou a identificação e otimização dos metabólitos; moléculas ativas responsáveis pela ação biotecnológica. Já a engenharia de bioprocessos permitiu ampliar a escala de fermentação, garantindo a transição eficaz do ambiente de laboratório para a produção industrial. Por fim, a etapa de formulações assegurou a criação de um produto estável, solúvel e durável, pronto para atender às exigências do mercado agrícola.

O resultado é uma formulação de alta performance e segura, que contribui para o controle sustentável de doenças em plantas e fortalece a agricultura de base biotecnológica.

Ciência, sustentabilidade e inovação

Além de representar um avanço científico, o projeto reforça o compromisso da UEL e da Vitales Brasil com o desenvolvimento de soluções sustentáveis. Ao oferecer uma alternativa biotecnológica potente e eficaz, a iniciativa contribui para reduzir o uso de defensivos químicos, promover o equilíbrio ambiental e impulsionar uma agricultura mais eficiente e responsável, pilares centrais da bioeconomia, campo que une inovação científica e sustentabilidade como motores de crescimento.

Com a assinatura do contrato de licenciamento, a UEL reafirma seu papel como agente de inovação tecnológica, consolidando a integração entre conhecimento acadêmico e desenvolvimento produtivo. A Vitales Brasil, por sua vez, destaca-se como parceira estratégica na aplicação de tecnologias verdes e no fortalecimento do setor biotecnológico nacional.

A equipe do LABIM/UEL permanece à disposição para dialogar sobre o processo de pesquisa, o impacto da biotecnologia no agronegócio e os desafios de transformar resultados científicos em soluções de mercado.

O LABIM

Coordenado pelo professor Admilton, o Laboratório de Biotecnologia Microbiana (LABIM-UEL) é referência nacional em pesquisa aplicada e desenvolvimento de bioinsumos microbianos para a agricultura. Vinculado ao Departamento de Microbiologia, o laboratório combina excelência científica e inovação tecnológica, com infraestrutura que permite o escalonamento de bioprocessos, a transição da produção laboratorial para uma escala pré-industrial piloto, uma das poucas desse tipo em universidades brasileiras.

O LABIM atua também na formação de pesquisadores em diferentes níveis e estimula o empreendedorismo científico, com destaque para a criação de startups como a Bio3 P&D em Bioinsumos, incubada na UTFPR. Além disso, mantém uma gestão profissional de projetos, garantindo qualidade, segurança de dados e eficiência nas parcerias com o setor produtivo. O LABIM é um importante laboratório de transformação do conhecimento acadêmico em soluções reais para o agronegócio e para a sociedade.

Laboratório de Biotecnologia Microbiana, do CCB da UEL, inicia tratativas para o licenciamento de um produto biotecnológico para controle de doenças foliares de soja, milho e algodão. (Foto: Agência UEL).

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