INCT Toxoplasmose comemora um ano de atividades com mais de 80 pesquisadores

INCT Toxoplasmose comemora um ano de atividades com mais de 80 pesquisadores

Projeto é tocado pela Universidade com R$ 5 milhões em recursos, vindos do CNPq. Um dos objetivos é descoberta de uma vacina.

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Toxoplasmose, do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UEL, comemora um ano de atividades com 70 pesquisadores brasileiros e 14 internacionais provenientes de 32 instituições de sete países. No Brasil, 14 estados de todas as regiões estão representados junto ao INCT, desenvolvendo projetos científicos que buscam o desenvolvimento de um kit de diagnóstico rápido para a doença, além de uma vacina para suínos e gatos, animais considerados os principais transmissores da doença. No final de 2022, a UEL foi contemplada na Chamada 58/2022 do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do CNPq, que financia pesquisas de alto impacto, no valor de aproximadamente R$ 5 milhões. As atividades do grupo começaram em março de 2023.

O coordenador do Instituto, professor João Luis Garcia, do Departamento de Medicina Veterinária e Preventiva (DMVP), reforça que pesquisadores interessados ainda podem submeter seus projetos para avaliação. As propostas podem ser enviadas para o portal do Instituto.

A toxoplasmose é uma zoonose que afeta a saúde pública brasileira. Recentemente, em 2018, houve um surto da doença em Santa Maria (RS), com um óbito. Outra manifestação intensa do parasita ocorreu em Santa Isabel do Ivaí, no Noroeste do Paraná. O protozoário pode ser encontrado em fezes de gato e alimentos contaminados e pode causar graves complicações em gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado.

De acordo com o professor João Luis, a doença pode ser considerada incapacitante. As pesquisas do INCT têm foco na prevenção, daí a importância em criar um kit rápido. Além desse esforço, os pesquisadores têm projeto para o desenvolvimento da primeira vacina brasileira contra toxoplasmose. O imunizante é utilizado em ovinos e caprinos apenas no Reino Unido, Irlanda, França e Nova Zelândia.

Professor João Luis Garcia, coordenador do INCT-Toxoplasmose. Pesquisadores do instituto têm interesse em desenvolver vacina contra a doença (Pedro Livoratti/Agência UEL).

Segundo Garcia, a vacina nacional se encontra em estágio de ensaio pré-clínico. Ele adianta que o imunizante deverá ser aplicado em gatos (que contaminam o meio ambiente por meio das fezes) e em suínos (que podem transmitir a doença pelo consumo da carne mal passada). O professor explica que a contaminação ocorre comumente por meio da água, uma vez que o cloro não elimina o parasita transmissor. Outra preocupação é quanto aos animais de produção, já que a doença não pode ser constatada na inspeção sanitária. Ele salienta que a preocupação aumenta pelo intenso consumo de linguiça frescal e de hambúrgueres, que são alimentos que utilizam misturas de proteínas animais.

Diante desse cenário, o projeto mira na chamada Saúde Única, focando em ferramentas que possam fortalecer medidas preventivas, de forma conciliada com a sustentabilidade. O público-alvo das medidas preventivas é a criança e a gestante.

Parcerias

Por meio do INCT Toxoplasmose, a estudante Ana Clésia da Silva viajou em agosto do ano passado para os Estados Unidos, onde aprofunda pesquisas sobre a doença na Universidade Estadual da Carolina do Norte (NCSU, nos EUA), considerado um importante centro de pesquisa da doença.

O coordenador do Instituto lembra que, ao todo, são mais de 80 profissionais de diversas instituições brasileiras e internacionais em centros de pesquisa da Suíça, Escócia, Reino Unido, Espanha, Canadá e Estados Unidos. “Também estamos presentes nas cinco regiões do Brasil, sendo que cada uma delas tem seus próprios estudos sobre o parasita. Nós vamos apoiar essas pesquisas, também esperando o apoio de todos eles nos projetos que temos no nosso laboratório”, finaliza.

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