Projeto da Fisioterapia lança manual de orientação a pacientes com prótese no quadril
Projeto da Fisioterapia lança manual de orientação a pacientes com prótese no quadril
Material orienta a respeito de atividades de rotina, como deitar, sentar, levantar ou abaixar, com linguagem acessível.O nome técnico é complicado: Artroplastia Total de Quadril. O nome comum, mais conhecido: prótese de quadril. Um estudo realizado com base no Datasus revelou que, no período entre 2008 e 2015, mais de 160 mil pessoas se submeteram à cirurgia de implantação da “prótese na bacia”, a maioria em decorrência de uma doença com nome igualmente complicado: a osteoartrite, mais conhecida como artrose. É um desgaste da cartilagem das articulações que causa muita dor e, por consequência, diminui a qualidade de vida do paciente.
Já a técnica cirúrgica, surgida nos anos 60, é revolucionária e chamada de “cirurgia do século”, porque extingue a dor e restabelece boa parte da qualidade de vida do paciente, que pode andar e realizar outros movimentos e atividades sem desconforto.
Naturalmente, existe todo um processo pré e pós-operatório à implantação da prótese. É aí que entra, por exemplo, a fisioterapia. Ativo há mais de três anos, o projeto de extensão “Quadril em Foco – Orientações fisioterapêuticas individualizadas a pacientes e familiares submetidos a um Protocolo de Artroplastia Total do Quadril (ATQ) no Hospital Universitário de Londrina (HUL) e Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário (AEHU) de Londrina” acompanha o paciente desde as primeiras consultas que indicam a cirurgia de ATQ. O projeto é coordenado pela professora Cláudia Siqueira, com participação da professora Celita Trelha, ambas do Departamento de Fisioterapia. O estudo também conta com estudantes de graduação e residentes de Fisioterapia e Medicina, além dos médicos ortopedistas Fernando Yabushita e Edson Miashiro, que realizam as cirurgias.
O mais novo produto do projeto é um Manual de Orientação, que reúne todo o conhecimento e experiência adquiridos pela equipe na prática hospitalar. O material foi, na verdade, desenvolvido pela bolsista da Fundação Araucária Thais Yamada (então graduanda no curso) e por outros integrantes do projeto. Celita lembra que a pesquisa da aluna demonstrou pouco material na literatura da área, disparidades, textos muito curtos ou muito longos e diferentes focos. “A proposta então foi ser mais completo, didático e acessível”, resumiu. Produzido, o manual passou por 16 juízes (médicos, fisioterapeutas, residentes, estudantes de graduação e pós-graduação) para ser validado.
Para criar um material acessível aos pacientes quanto à linguagem, as professoras procuraram o curso de Design Gráfico da UEL. Sob a orientação da professora Paula Napo, os alunos Wendryl Cordeiro dos Santos e Julia Barão de Castro desenvolveram o projeto gráfico, após um estudo que levou em conta o público e propôs ilustrações, cores e tipografia que proporcionam uma leitura agradável e fácil, já que abordam atividades rotineiras e diárias dos pacientes, como deitar, sentar, levantar, caminhar, abaixar-se, entre outras. Tudo o que pode e não pode fazer é bem explicado e bem ilustrado.
Disponibilidade
Não há previsão para que o material seja disponibilizado em formato impresso, mas ele já é mostrado aos pacientes em telas, assim como é enviado por WhatsApp e acessível por QR Code. Também existe um perfil no Instagram: “Quadril em Foco”.
O projeto já atendeu mais de 80 pessoas, a maioria do sexo feminino e com mais de 70 anos de idade. Logicamente, o período de pandemia suspendeu a execução do projeto, já que as cirurgias foram também suspensas, o que impactou nos números. Porém, o projeto conseguiu prorrogação e funcionará até 2025.
Para as professoras Celita e Cláudia, o conhecimento sobre a doença e os procedimentos realizados são essenciais para o sucesso do tratamento, dar maior independência ao paciente, além de reduzir as chances de complicações. Celita considera um grande ganho do projeto a ajuda na formação dos alunos participantes, e destaca a importância da orientação por profissionais da saúde em todo o processo de tratamento. Daí a importância de oferecer um material de qualidade técnica e linguagem acessível. Cláudia salienta o aspecto humano, em que o fisioterapeuta olha nos olhos do paciente enquanto explica tudo o que ele precisa saber ou tem dúvidas. “Nós vamos estar lá”, eles dizem aos pacientes, não raro sentindo desconforto e insegurança. O acompanhamento continuo, segundo a coordenadora, faz toda a diferença no processo de recuperação do paciente.
Além do manual, o projeto já rendeu uma série de apresentações em eventos científicos nas duas áreas (Fisioterapia e Medicina), estudos publicados com participação dos alunos e Trabalhos de Conclusão de Curso de graduação. Um deles, aliás, buscou saber como estavam os pacientes um ano depois do tratamento hospitalar e ambulatorial.