Serviço Social completa 50 anos de luta e formação de qualidade

Serviço Social completa 50 anos de luta e formação de qualidade

Curso já formou quase dois mil profissionais com foco na garantia de direitos e políticas públicas a trabalhadores.

Protagonista na implementação de trabalhos sociais em Londrina, o curso de Serviço Social está completando 50 anos. Nascido da necessidade de atender às demandas dos trabalhadores do município, o curso tem formado profissionais de excelência que atuam na defesa das políticas e direitos sociais da população, sempre apoiados no pilar da democracia. Até 2023, a UEL já titulou aproximadamente dois mil assistentes sociais. 

A criação de um curso de Serviço Social começou a entrar em pauta ainda na década de 1950, quando foram implantadas colônias de algodão e cana de açúcar na região e houve um avanço no processo de industrialização e interiorização do Paraná. Diante do novo cenário que se desenhava, o Paraná passou a contar com novos trabalhadores para realizar as atividades. Junto com essa classe trabalhadora, no entanto, também ficou evidente a necessidade de políticas públicas, como o direito à escola, saúde e previdência social. 

“A nossa profissão, o Serviço Social, tem como direção fundamental o atendimento aos trabalhadores sociais. Essa é a direção do nosso exercício profissional. E como já existia a necessidade de instituir uma profissão que viesse dar respostas às expressões da questão social que esse conjunto de trabalhadores apontava, foi quando propusemos a criação do curso de Serviço Social”, conta a professora aposentada Odária Battini, pioneira no curso. 

Matéria do jornal Folha de Londrina, de 1978, destaca o reconhecimento do curso de Serviço Social, com o oferecimento de uma “churrascada” em comemoração (Arquivo)

Com o pontapé inicial, um grupo de 12 assistentes sociais de Londrina se reuniu para implementar o curso na UEL, que recebeu a primeira turma em fevereiro de 1973. Desses, quatro mulheres se tornaram as primeiras professoras da graduação: Odária Battini, Sônia Maria de Carvalho Fraga, Lúcia Maria Pereira e Marisa Ribeiro. Mesmo com outra linha de formação – antigamente, os cursos de Serviço Social eram orientados pelos preceitos da Igreja Católica -, essas pioneiras buscaram novas referências para construir um curso pautado no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão que fosse capaz formar profissionais mais críticos.

Segundo a professora e coordenadora de colegiado Ana Patrícia Pires Nalesso, do Departamento de Serviço Social (Cesa), as pioneiras em conjunto com outras professoras contratadas posteriormente foram essenciais para o que eles chamam de Movimento de Reconceituação. “Elas tiveram uma participação decisiva para sair de uma perspectiva conservadora, de harmonização do ser humano – como se o ser humano fosse errado -, e foram incisivas para romper com isso. Hoje, podemos dizer que o nosso curso forma profissionais críticos. Eu sou fruto dessa formação e lutamos para que ela continue”, aponta. 

Atualmente, a UEL também conta com o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social (PPGSer). O mestrado foi implantado em 2001 e o doutorado, em 2011.

Ana Patrícia e Odária Battini, personagens que formam a história dos 50 anos do curso na luta pela “defesa da democracia com todas as determinações que ela oferece aos sujeitos” (Foto: André Ridão/Agência UEL)

Projeto ético-político

Ainda tendo como foco as expressões da questão social que envolvem os trabalhadores, buscando fazer com que suas necessidades sejam ouvidas e atendidas, o curso se preocupa em ensinar aos futuros assistentes sociais o desenvolvimento de ações sempre apoiadas na democracia, como determina o projeto ético-político do Serviço Social, que orienta o exercício e a formação profissional da categoria.

“Nos posicionamos em defesa da democracia, enquanto condição para que os sujeitos possam ter acesso aos seus direitos na perspectiva jurídica, econômica e social”, diz Ana Patrícia. A professora aponta a necessidade de levar em consideração as orientações do projeto ético político da profissão, que foi construído pela categoria e indica o caminho profissional a se seguir.

Segundo a professora, além de garantir a formação profissional, a partir da regulamentação da profissão, do projeto pedagógico, dos estágios e do código de ética, o Projeto Ético-Político também contribuiu para o avanço do Serviço Social em uma perspectiva mais crítica. Além disso, ele orienta, ainda, a articulação dos profissionais com os movimentos da sociedade, fator determinante na profissão. 

Carta aberta dos primeiros formandos no curso de Serviço Social, publicada em 1976, aos empresários do Norte do PR. Carta apresentava a profissão aos empresários (Arquivo)

Fora da UEL

Ultrapassando as barreiras do Campus Universitário, o curso de Serviço Social também envolveu estudantes em atividades fora da UEL, beneficiando outros setores do município. Duas ações importantes foram referentes aos estágios e às atividades extensionistas, que ampliaram o contato com a comunidade externa. 

No início do curso, as professoras pioneiras organizaram o 1° Encontro de Entidades Sociais de Londrina, que promoveu a instrumentalização dos funcionários de entidades de Londrina para que eles pudessem receber os estagiários. Com isso, o Serviço Social tornou-se referência no quesito estrutura do estágio profissional. Hoje, os Conselhos Federal de Serviço Social (CFESS) e Regional de Serviço Social (Cress) são responsáveis por garantirem essa atividade de ensino-aprendizagem de qualidade aos estudantes. 

Matéria sobre o Centro Rural de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) do Distrito de Paiquerê, publicada no Jornal Notícia, da UEL, também na década de 1970. Discentes do curso realizavam trabalho extensionista no campo (Arquivo)

Sempre preocupado com as ações extensionistas, o curso também desenvolveu diversos projetos de extensão universitária ao longo de sua trajetória, um legado que permanece até os dias atuais, considerando que o tripé da Extensão é fundamental para a manutenção da Universidade. Atualmente, são desenvolvidos projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão nas áreas de educação, saúde, assistência social, migração, cidades, indígena, religião, racismo e desigualdade social. 

Evento

Em comemoração ao cinquentenário, o curso de Serviço Social está promovendo, nesta semana, o evento “Uma história de luta e formação de qualidade”, que conta com diversas mesas-redondas que relembram a trajetória do curso e discutem os desafios profissionais enfrentados pelos assistentes sociais.

*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.

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