Na Osuel desde o primeiro ensaio, Galeno Brasil descarta aposentadoria

Na Osuel desde o primeiro ensaio, Galeno Brasil descarta aposentadoria

Músico Galeno Brasil escolheu o oboé como instrumento principal. Ele era voluntário nos primeiros dois anos de vida da Orquestra.

Filho de pai fluminense e mãe paulista, o londrinense Galeno Brasil Pires Gonçalves é um dos mais antigos funcionários da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel). Junto dele, persiste somente a violista Maria Aparecida de Miranda, que, junto de Galeno, guarda lembranças do primeiro dia de ensaio da Osuel, realizado há quase 40 anos, em 14 de março de 1984. Neste dia, a Orquestra fez seu primeiro movimento para o mundo.

O perfil do músico da Osuel é o terceiro material especial de uma série que comemora os 40 anos da Orquestra, publicada n’O Perobal desde janeiro. A série também contempla uma entrevista feita com o maestro e regente da Orquestra, Rossini Parucci, além de um texto sobre o lançamento da Temporada Ouro Verde 2024.

A relação de Galeno com a Osuel começa antes mesmo do nascimento da primeira orquestra de música clássica do Paraná. A sinfonia de Galeno começou a ser escrita em 1977, quando começou a frequentar aulas de flauta doce na Casa de Cultura da UEL, nascida como Coordenadoria de Assuntos Culturais seis anos antes. Lá, Galeno conheceu Othônio Benvenuto, regente do Coro UEL na época e criador do Conjunto Música, embrião do que seria a Osuel.

Brasil, hoje com 61 anos, seguiu os passos de sua professora de flauta doce e integrou o pequeno conjunto musical, que cresceu atuando junto do coral da Universidade em apresentações institucionais na cidade. O resultado desta união foi a criação da Orquestra Sinfônica da UEL, em 1984.

Apesar do tempo de estrada, o experiente músico nem pensa em silenciar o seu oboé – hoje, seu instrumento principal, junto do corne-inglês, ambos instrumentos de sopro – e “pendurar as palhetas”. Ainda tem muito pela frente.

Galeno Brasil e seu fiel instrumento, o oboé (Fotos: Arquivo pessoal).
1ApresentaodaOrquestra-regnciamaestroOthonioBenvenuto_ConcertosTransparan_1985_a
2ApresentaodaOrquestra-regnciamaestroOthonioBenvenuto_Zero
3ApresentaodaOrquestra-regnciamaestrinaClaudiaFeres-estacionamentodaReitoria_dcadade90_b
4EnsaiocomamaestrinaClaudiaFeres
5ApresentaodaOSUELnocampus-MostradeExtensodaCEC-PROEX_18_09_1996_b
6OSUELsobaregnciadomaestroEvgueniRatchev
7ApresentaodaOSUEL_TelmacoBorba_28out1989_violistaOsasPeanha
8MaestroJosEduardoGramaniregendo
9ApresentaodaOSUELnoMuseuHistricodeLondrina_dez_1995
10OSUEL-PalcioIguau-Curitiba07dez1998
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Os primeiros ensaios para as apresentações no Campus eram feitos no décimo primeiro andar do Edifício Júlio Fuganti, localizado na região central de Londrina. Galeno recorda que com o sucesso do grupo passaram a tocar em eventos fora da universidade e até fora do Paraná:

Aperfeiçoando-se como músico, Galeno foi aprovado no primeiro concurso público para Instrumentista Musical da Orquestra, feito em 1986. Nestes dois anos, até a efetivação, havia atuado como voluntário, sem receber nenhum tipo de salário ou auxílio financeiro, movido somente pela paixão de tocar seu instrumento no palco.

O escolhido, aliás, para o acompanhar, foi o oboé. Ao longo dos anos, também passou a tocar o corne inglês, outro instrumento de sopro, conforme as peças ensaiadas exigiam. Brasil não tem preferência por um ou outro. “O corne inglês é da mesma família dos instrumentos de palheta dupla, assim como o oboé e o fagote. Gostei de tocar os dois, tanto o oboé quanto o corne inglês. Ambos os instrumentos tem um timbre muito especial, muito lindo”.

Galeno Brasil, Marcos Aquino e Danielle Oliveira, Músicos presentes no plantio da 42ª Peroba Rosa, em comemoração ao aniversário de 42 anos da UEL, em 2013.

O oboé que tocava era cedido pelo maestro Othônio Benvenuto. Na época, a UEL ainda não havia adquirido todos os instrumentos para a primeira orquestra sinfônica do Paraná. Galeno relembra com carinho do regente pioneiro da Osuel, falecido em fevereiro de 2021 aos 95 anos. Já viu muitos comandarem uma orquestra, mas nunca ninguém igual a ele:

Galeno (à direita) no concerto de reinauguração do Ouro Verde, em junho de 2017.

Família de sangue, família de som

A Osuel ajudou Galeno a formar duas famílias em 40 anos. A primeira é a família literal: Galeno conheceu a musicista Cecília Ribeiro no coro da universidade. Hoje, ela é Cecília Ribeiro Pires Gonçalves. Com os filhos, formados no seio da Orquestra, forma a tríade que ajudou a compor a vida do oboísta.

“Conheci uma pessoa que me marcou, minha esposa Cecília. Já conhecia de vista, mas nos aproximamos mais com o Coral e a UEL. Ela é violista da orquestra e foi minha aluna de flauta doce. Temos dois filhos. Um é o Isaac, que é professor, e o outro é o Elias, psicólogo”.

Galeno Brasil, músico da Osuel.

Osuel durante a pandemia de Covid-19. Nem durante o isolamento os “músicos-irmãos” ficaram separados.

A segunda é a família dos músicos. Mais do que colegas de trabalho, partilham a alegria de “disseminar a música orquestral popular e clássica”. “É um privilégio poder participar da Osuel e ter aprendido tanto com tantos maestros e músicos convidados. Tocamos com diversos artistas e isso nos enriqueceu muito. Emocionamos as pessoas e as enriquecemos também. Cada solista, cada grupo com quem interagimos, cada nova música, nos faz experimentarmos um pensamento novo, uma nova proposta do ser.”

*Estagiária de Jornalismo na Rádio UEL FM.

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