Campanha “UEL na Luta contra o Racismo” completa um ano de atividades

Campanha “UEL na Luta contra o Racismo” completa um ano de atividades

Saldo é de avanços e ampliação de ações articuladas com o poder público municipal, na avaliação da administração.

Esta quinta-feira (21) é marcada como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi instituída pela ONU em 1960, na África do Sul, quando 20 mil negros protestavam contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular. Neste dia, há 1 ano, era lançada a campanha oficial “UEL na Luta Contra o Racismo”, uma campanha colegiada e que conta com um Grupo de Trabalho composto por lideranças da comunidade negra, indígena, membros da administração da UEL e Prefeitura Municipal de Londrina (PML), por meio da Secretaria Municipal de Educação. Também engrossam as fileiras da campanha estudantes, servidores e docentes da Universidade.

A professora Marleide Perrude, do Departamento de Educação (Ceca) e atual coordenadora do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (Neab), está à frente da coordenação da campanha. Marleide destaca o trabalho conjunto do GT, que inclui encontros mensais com os vários representantes para pensar as ações e mobilizar a comunidade acadêmica e não acadêmica a partir de quatro eixos centrais: o reconhecimento da existência do racismo como ponto principal; dar visibilidade para as ações de enfrentamento e superação do racismo; formação de uma comunidade antirracista que envolve os processos educativos; e denúncia de atitudes racistas e o fortalecimento dos canais de denúncia.

Ela argumenta que a luta antirracista envolve como ponto de partida reconhecer a existência do racismo. É justamente onde está neste momento, avalia, “num processo de reconhecimento”. Além da continuidade das ações a partir dos quatro eixos propostos, Marleide afiram que o GT e seus diferentes participantes já estabeleceram uma agenda bastante diversificada para 2024, com ações pontuais da Universidade e que também envolvem a comunidade. Entre essas ações, estão a formação e ampliação do diálogo com os colegiados; novas ações de acolhida aos ingressantes da Universidade e ações de fortalecimento das discussões em torno do concurso público para docentes e servidores, considerando a questão das cotas para profissionais negros e indígenas.

Equipe em entrevista à Rádio UEL. Campanha chega ao primeiro aniversário com resultados expressivos de engajamento da comunidade universitária (Foto: Rádio UEL).

O professor Wagner Roberto do Amaral, docente do departamento de serviço social da UEL, representa a Comissão Universidade Para os Indígenas (Cuia). Ele ressalta a vocação vanguardista da UEL e relembra que o movimento conjunto para retirar o racismo da invisibilidade começa no início dos anos 2000, com o ingresso de indígenas e com a implantação do sistema de cotas para negros, até culminar com o trabalho de articulação com o poder público municipal nos dias atuais. Amaral afirma que a ação do GT revela dois aspectos fundamentais: a importância da articulação institucional e a educação das relações étnico-raciais.

“Fomos descobrindo com o tempo que na UEL, dada a experiência com as cotas raciais e do ingresso diferenciado dos indígenas, fomos constituindo grupos de pesquisadores, docentes e servidores envolvidos nessas temáticas e o GT atual é resultado da articulação dessas forças… uma articulação institucional, e por isso sistêmica, permanente, porque assim como o racismo é teimoso, estruturante, a ação tem que ser permanente, independente das gestões. E nós temos um acolhimento desta gestão, da gestão anterior, mas a tarefa é que o grupo permaneça, apesar de todas as contradições que nós vamos encontrando pelo caminho”.

Wagner Roberto do Amaral, da Cuia.

A professora Maria de Fátima Beraldo, da Rede Municipal e egressa da Universidade, representa na campanha o Conselho da Promoção da Igualdade Racial, o movimento negro e atualmente é gestora de Política da Igualdade Racial do município. Beraldo coloca em evidência o protagonismo do trabalho em rede. “Há muito o movimento negro vem demandando uma resposta sobre o porquê não estarmos nos espaços educacionais, por que a população negra sofre com todo o tipo de violência… então, a cidade de Londrina, por meio da Prefeitura e da Universidade, vem buscando dar essa resposta. É um desafio. Para combater o racismo é preciso muita coragem, muita vontade política e, principalmente, o reconhecimento de humanidade no outro”, reflete.

O Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec) da UEL também integra o GT e, neste momento, colabora com o eixo que trata da formação permanente. A professora Angela Maria de Sousa Lima, do Departamento de Ciências Sociais (CLCH) e atual diretora do Sebec, pontua que o processo formativo é um grande passo.

“Essa formação é feita, sobretudo, pelas pessoas que ainda sofrem discriminação. São populações historicamente excluídas nesse país e na Universidade não é diferente. Então, reconhecê-las, ouvi-las, fazer a formação permanente tendo essas pessoas como lideranças, tê-las nos movimentos como intelectuais, escrevendo, pesquisando, mostrando outro rumo de fazer universidade, é um passo importantíssimo nesse trabalho em rede que também se articula com o trabalho do Sebec de acolhimento e enfrentamento às diversas dimensões de violência”, encerra a professora.

TV UEL

A coordenadora do Neab, Marleide Perrude, também falou à TV UEL sobre o aniversário da campanha. Em entrevista, ela fez um balanço da campanha e comentou sobre as expectativas para o ano de 2024. Confira na íntegra:

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