Projeto realiza monitoramento da cigarrinha-do-milho

Projeto realiza monitoramento da cigarrinha-do-milho

Coordenado pelo professor Maurício Ursi Ventura, o projeto foi contemplado com a Bolsa CNPq e realiza o monitoramento da cigarrinha-do-milho.

O professor Maurício Ursi Ventura, do Departamento de Agronomia, foi contemplado com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para dar segmento em sua pesquisa de monitoramento e controle da cigarrinha-do-milho, inseto que transmite doenças capazes de comprometer a produção de grãos em todo o país.

O projeto reúne estudantes de graduação, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado, além de parcerias com algumas instituições, como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Os pesquisadores também mantêm contato com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade de São Paulo (USP) e a Embrapa. 

Segundo a pesquisadora Julianna Ruediger, que recebe a bolsa da Fundação Araucária e está desenvolvendo seu Doutorado, a pesquisa tem duas frentes principais: o desenvolvimento de armadilhas luminosas mais eficientes para a captura e monitoramento do inseto e o estudo de substâncias vegetais capazes de induzir resistência nas plantas.

O professor Maurício Ursi explica que o principal objetivo do projeto é auxiliar na diminuição da aplicação de agrotóxicos. “Na parte de agricultura convencional, a gente tenta ir trazendo princípios de sustentabilidade. Por exemplo, quando você tem um monitoramento bem feito, a gente consegue às vezes diminuir 50%, 60%, 70% das aplicações de inseticida na lavoura. Dentro do convencional. E o monitoramento é muito pouco utilizado”, conta o professor.

Cigarrinha-do-milho na plantação de estudos de monitoramento na Estufa Agrícola
(Fotos: Arquivo do projeto)
As armadilhas de luz

A primeira linha de pesquisa testou armadilhas luminosas de diferentes formas por mais de cinco anos para concluir qual era melhor para atrair a cigarrinha-do-milho e capturá-la. Julianna Ruediger explica que foi necessário utilizar mais de 20 lâmpadas diferentes em uma estufa.  

“Eu testei lá no campo pra ver qual pegava mais a cigarrinha e que não pegava um inimigo natural, que são os insetos benéficos que vão consumir a cigarrinha e outras pragas, porque eu quero pegar só o que é ruim, e o que é bom, eu quero deixar lá. Eu já fiz todos esses testes, já testei alguns protótipos de armadilha também, porque não só a forma de atração, mas o formato dessa armadilha vai ser importante também. Para o inseto ser atraído pela luz, chegar nessa armadilha, ser capturado e permanecer lá pra depois eu conseguir ver qual a quantidade. Eu já testei tanto a lâmpada quanto esses protótipos nesses cinco anos”, conta a pesquisadora. 

Em um ano de experimento em campo, as armadilhas de luz chegaram a capturar até 80 vezes mais insetos do que os modelos convencionais, de cor amarela, comumente usados pelos produtores. “A gente viu que, em um ano, ela pegou 69 vezes a mais. Em outro ano, pegou 80 vezes a mais. Então, ela é bem mais eficiente. Minha pesquisa é mais nessa linha, de capturar esses animaizinhos que podem ser prejudiciais às lavouras”, comenta Julianna.

Com esse monitoramento, os pesquisadores conseguem mapear quando as cigarrinhas-do-milho estarão lá para utilizar o inseticida no momento certo, isso auxilia o produtor a diminuir a aplicação de agrotóxicos.

“Igual quando a gente tá doente, quando a gente faz exame de sangue. Eu vou fazer exame de sangue pra ver qual é o nível da minha infecção. Se eu vou tomar só um remédio, se eu vou ficar internado. Ou se eu vou tomar um suquinho, uma água, repouso e vou sarar. É isso que vai acontecer com o produtor. Ele precisa saber se vai aplicar o veneno, se ainda vai esperar, ou se não precisa fazer nada. A armadilha vai servir pra isso. A linha de pesquisa do professor é sempre nessa de comportamento de inseto, que é entender o que o inseto gosta”, finaliza a pesquisadora.

Trabalhos decorrentes do Projeto de Pesquisa e que foram apresentados em eventos externos.
Substâncias naturais e controle biológico

A outra frente de pesquisa analisa substâncias vegetais com a capacidade de induzir resistência em plantas. O pesquisador Eder Málaga Carrilho, bolsista CAPES e doutorando, explica que, a partir disso, verifica como os insetos se alimentam e a associação dessas substâncias com alguns microrganismos que são patogênicos para o animal.

“Eu trabalho tanto com a parte de comportamento alimentar, quanto com a área de controle biológico. Nesta área, por revisão de literatura e por pesquisas, a gente viu que tem alguns produtos, de origem vegetal, que podem servir como bioestimulantes e, ao mesmo tempo, atuar como indutores de resistência à planta”, conta Eder Carrilho.

Ele explica ainda que as substâncias, dentro das plantas, sinalizam alguns mecanismos que impedem ou dificultam o inseto a se alimentar daquele cereal. Durante a pesquisa, o pesquisador percebeu que a associação de produtos de origem vegetal, bioestimulantes, possui efeitos positivos na parte de controle e podem ser caracterizados como indutores de resistência, com os microrganismos aumentando a mortalidade dos insetos. 

Carrilho conta que, dentro dessa linha, a pesquisa também estuda o comportamento alimentar. “Eu estou verificando agora no meu Doutorado, que quando você faz aplicação, tanto via tratamento de semente, quanto na junção do tratamento de semente com foliar, diminui o tanto que esse inseto se alimenta. Então, ainda segue a mesma área de comportamento, só que não na parte de atração, mas na área de saber quanto o inseto se alimenta, como ele se alimenta. Isso está relacionado com a transmissão dos patógenos para a cultura. Então, também vai contribuir na área do controle”, conclui o pesquisador.

Coordenado pelo professor Maurício Ursi Ventura, o projeto foi contemplado com a Bolsa CNPq e realiza o monitoramento da cigarrinha-do-milho.
O professor Maurício Ursi, a estudante de graduação Giovana Garcia Gomes, os doutorandos Julianna Ruediger e Éder Malaga Carrilho
Sustentabilidade e impacto social

O trabalho também dialoga diretamente com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ao envolver segurança alimentar, combate à fome, uso racional de recursos naturais e proteção ambiental. De acordo com os pesquisadores, o uso de ferramentas de monitoramento pode diminuir custos de produção e aumentar a qualidade do milho produzido.

Coordenado pelo professor Maurício Ursi Ventura, o projeto foi contemplado com a Bolsa CNPq e realiza o monitoramento da cigarrinha-do-milho.

*Estagiária de jornalismo na Coordenadoria de Comunicação Social.

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