Referência no movimento negro, Yá Mukumby recebe título honoris causa in memorian

Referência no movimento negro, Yá Mukumby recebe título honoris causa in memorian

Líder religiosa e política contribuiu para a implantação das cotas raciais na UEL, em 2005. Ela recebeu o título por meio do filho.

Em uma cerimônia que reuniu lideranças do movimento negro, autoridades e convidados, o Conselho Universitário da UEL homenageou uma das maiores referências da população negra de Londrina, dona Vilma Santos de Oliveira, Yá Mukumby. Falecida em 2013 e com uma trajetória dedicada à luta pelas ações afirmativas, dentre elas as cotas raciais, implantadas em 2005, Yá Mukumby recebeu o título de Doutora Honoris Causa in memorian por meio do filho, Victor Jubiaba dos Santos.

A cerimômia foi realizada na última sexta-feira (18), no Cine Teatro Ouro Verde, misturando o protoloco do cerimonial utilizado em reuniões do Conselho Universitário com apresentações de artistas locais, muitos dos quais tiveram a oportunidade de conviver com dona Vilma. Conhecida como Yá Mukumby, ela foi uma defensora para que a juventude negra tivesse acesso à Universidade pública. Atuou em diversas esferas sociais, presidiu o Conselho Municipal da Comunidade Negra, integrou o Conselho Municipal para a Promoção da Igualdade Racial. Foi ainda vice-presidente do Movimento Negro de Londrina e membro da Comissão de Homologação de Cotas para Negros da UEL.

A homenagem à dona Vilma foi realizada no mês da Consciência Negra, quando a Universidade organizou uma programação interagindo com a campanha institucional “UEL na luta contra o racismo”. O título Honoris Causa in memorian foi aprovado pela Resolução nº087/2022, em outubro passado. Segundo a reitora da UEL, professora Marta Favaro, a homenagem representa uma oportunidade de reflexão sobre a necessidade de fortalecer as ações afirmativas no Ensino Superior. “O tempo permite rever nossas ações. Ainda temos uma dívida grande, mas estamos aprendendo a partir de todo o trabalho desenvolvido por dona Vilma”, ressaltou Marta.

Confira as fotos do evento:

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História

Ela afirmou que o título também valoriza a causa de combate à exclusão da população negra. A reitora lembrou que dona Vilma construiu história na UEL participando de palestras, ações políticas e formativas e ainda integrando a Comissão de Homologação de Cotas Raciais, ligada à Pró-reitoria de Graduação (Prograd). De acordo com a reitora, a obra de dona Vilma ajudou a construir uma UEL mais inclusiva e diversa. “A mudança acontece quando afetamos outras pessoas. Precisamos fortalecer a nossa capacidade de olhar. A Universidade é um espaço de formação”, definiu a reitora.

Segundo a professora Marleide Rodrigues da Silva Perrude, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), a homenagem à Dona Vilma e a programação do Mês da Consciência Negra expressam o reconhecimento da Universidade a uma personalidade que atuou dentro e fora da instituição. Durante sua fala, a coordenadora lembrou o legado da homenageada e enalteceu que, mesmo sem formação acadêmica, ela tinha forte atuação dentro da UEL, sempre em defesa das ações afirmativas.

“Se hoje temos uma Universidade diversa é porque dona Vilma lutou ao lado de várias lideranças. É uma história de resistência por um mundo mais plural, sempre acreditando que os pretos pudessem estar nas salas de aula de uma Universidade”, afirmou.

Participaram da cerimônia de entrega do título o vice-reitor da UEL, professor Airton Petris, o vice-prefeito de Londrina, João Mendonça; a vereadora Lenir de Assis, o presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial, Wellisson Vieira Aguar e a gestora de  Promoção da Igualdade Racial, Fátima Beraldo, além dos membros do Conselho Universitário e da comunidade da UEL.

Veja a matéria da TV UEL sobre a homenagem:

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